segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O LADO DURO DA LIDERANÇA PASTORAL



Por: Vlademir Hernandes

Se examinarmos cuidadosamente a vida dos líderes da Bíblia, principalmente as dificuldades que tiveram e os obstáculos que enfrentaram ao longo do seu ministério, nós, pastores da atualidade, poderemos entender melhor muitos dos problemas pelos quais já passamos. E até prognosticar realisticamente os obstáculos que ainda poderão se manifestar.



Testes



A liderança pastoral tem um lado duro, que coloca à prova muitas virtudes da fé cristã, como a perseverança, a paciência, o domínio próprio, a cordialidade, a confiança no Senhor e o amor às pessoas. Esta constatação deveria também influenciar nas decisões que os aspirantes ao ministério precisam tomar quanto a manter ou não suas convicções quanto a se tornar pastores. Liderar a igreja de Cristo envolve a necessidade de superação constante de obstáculos, assim como a necessidade de suportar com longanimidade os constantes sofrimentos impostos nas mais variadas esferas dessa experiência. Esta realidade é inerente à grandiosidade da tarefa e à desesperada oposição do inimigo, já derrotado, mas temporariamente ativo e aplicado a infringir derrotas aos homens de Deus, chamados para pastorear sua igreja - que prevalecerá contra as portas do inferno. Para suportar esse lado duro, o pastor precisa desenvolver uma “pele grossa” que resiste às inúmeras fontes que podem ferir (até mortalmente) os mais sensíveis e melindrosos, que logo se perceberão inaptos para o ministério, tamanha a dor que sentem. Reflitamos em algumas experiências de líderes da Bíblia:



Ataques



Quando Paulo escreve aos Coríntios, notamos que se defende de críticas injustas que recebia ali. Em 1 Coríntios 9.1-2. se aplica a defender sua autoridade apostólica, não aceita por alguns crentes carnais daquela igreja. Em 2 Coríntios 10.8-11 se defende da acusação de ser duro por carta, mas frouxo pessoalmente. Críticas são como pedras lançadas contra o pastor, visando machucá-lo quando atiradas diretamente, ou visando machucar a sua imagem quando desferidas nas fofocas e maledicências das ovelhas menos maduras. Algumas críticas terão fundamento, outras não. Algumas serão feitas para ferir outras ferirão mesmo que esta não tenha sido a intenção de quem a fez. Precisamos aprender a lidar com elas. Algumas serão proveitosas e fomentarão crescimento, outras deverão ser tratadas como pecado. As medidas bíblicas contra elas deverão ser tomadas corajosamente, mas com o espírito de brandura típico dos maduros na fé (Gálatas 3.1). Já outras colocarão nosso ego à prova e desqualificarão rapidamente aqueles que não admitem, por orgulho próprio, que sejam atacados, contrariados ou mesmo rejeitados.



Reclamações



Igualmente tão desafiador quanto enfrentar críticas pessoais, quem desempenha a liderança pastoral também tem que tratar com as murmurações. Moisés experimentou essa dura realidade. Em Êxodo 15.24, 16.2, 17.3, Números 16.41 estão alguns relatos do povo murmurando contra Moisés e Arão. Em Números 21.5 vemos o povo murmurando contra o próprio Senhor, que os castiga com serpentes para que se arrependam de sua postura. O pastor sempre encontrará pessoas reclamando de alguma coisa, descontentes com alguma situação, preferindo que as coisas sejam diferentes do que são. A murmuração é uma manifestação de carnalidade, e muitas vezes vem de pessoas sobre as quais nutríamos uma expectativa de mais maturidade e tolerância. Isso causa em nós frustração e, eventualmente, dor por ter que tratar com elas.



Perseguições



E por mencionar manifestações de carnalidade, há de se lembrar que existem outras situações em que os mais carnais lançam comentários contundentes para machucar os pastores. Lamentavelmente, tem-se avolumado os casos de pastores injustamente perseguidos e até destituídos dos seus ministérios sem receber nenhum respaldo. Às vezes, porque (1) discordaram de algum membro ou líder influente, ou (2) ameaçaram a hegemonia ditatorial de alguma família que quer exercer primazia, ou porque (3) combateram alguma prática pecaminosa, fazendo com que alguns se sentissem ameaçados e vulneráveis.



Há muitos “Diótrefes” por aí perseguindo injustamente homens de Deus, tal como aquele de 3 João, que boicotava os missionários que vinham de longe para pregar o Evangelho, não lhes dando acolhida e proibindo o restante da igreja de os receberem. Ele “gostava de exercer a primazia” e não dividia sua posição de honra com ninguém.



Neemias foi caluniado, como vemos em Neemias 6.6. Pessoas queriam causar-lhe mal (Neemias 6.2). Até subornaram profetas para lhe falar mentiras em nome de Deus, para prejudicá-lo.(Neemias 6.10-14). Não é difícil entender que um pastor íntegro e comprometido com a Palavra de Deus torna-se facilmente uma ameaça em igrejas corrompidas pela carnalidade. Receber oposição covarde e agressiva nesse cenário não é um fato surpreendente. A Palavra de Deus nos avisa, em 2 Timóteo 3.12 que todos que quiserem viver piedosamente serão perseguidos. No caso dos pastores piedosos, às vezes a perseguição vem de dentro da sua própria igreja.


fonte: http://www.creio.com.br/2008/lideranca01.asp?noticia=274