terça-feira, 27 de julho de 2010

Nos Estados Unidos, fé é prioridade de poucos

Embora os Estados Unidos sejam conhecidos mundialmente como sendo um país religioso, poucos Americanos dizem que a fé é a prioridade principal de suas vidas.

Aproximadamente 90 por cento dos Americanos, de acordo com o CIA World Factbook, se identificam com a religião. Porém, apenas 12 por cento dos Americanos adultos dizem que a fé é a prioridade principal de suas vidas, de acordo com um novo estudo apresentado segunda-feira pelo Grupo Barna.

Aproximadamente três quartos da população Norte-americana é Cristã.

“A distância é grande entre aqueles que se auto descrevem afiliados ao Cristianismo e os que declaram a fé sua mais alta prioridade,” comentou David Kinnaman, presidente do Grupo Barna, em um comunicado. "Quando se trata de por que a religião americana parece tão meramente superficial, este defasamento entre o que as pessoas chamam a si mesmos e o que priorizar seja talvez o mais revelador."


Os 12 por cento que dizem que a fé é a maior prioridade em sua vida foi acima de nove por cento em 2008, mas abaixo de 16 por cento em 2006.


Olhando para a demografia da fé cristã, os evangélicos são os mais propensos a dizer que a fé é a maior prioridade na vida (39 por cento), enquanto os católicos são os menos prováveis (quatro por cento), de acordo com o estudo do Barna.


Notadamente, o estudo destaca que a porcentagem de católicos que dizem que a fé é a prioridade em sua vida é apenas ligeiramente superior que a dos adultos "sem Igreja" (dois por cento).


Aproximadamente um em cinco protestantes (18 por cento) e fiéis (18 por cento) - cuja freqüência de comparecimento à igreja não foi definido - dizem que a fé é a maior prioridade em sua vida.


O estudo Barna, realizado de 27 janeiro a 2 de fevereiro, utilizando uma amostra aleatória de 1.006 adultos americanos, buscou-se identificar a forma como a problemática da economia tem impactado as prioridades dos Norte-americanos.


De longe, a mais alta prioridade para os Norte-americanos é a família. Quarenta e cinco por cento dos Norte-americanos dizem que sua família é o aspecto mais importante em sua vida.


A segunda prioridade mais importante é a saúde / lazer / estilo de vida equilibrado (20 por cento), seguido pela riqueza / profissão / ganhar dinheiro / sucesso / finanças (17 por cento), e da fé (12 por cento).


Em termos de mudança de prioridade - um possível efeito da economia - o estudo do Barna descobriu que nos últimos dois anos, a percentagem de Norte-americanos que dizem que as finanças são a sua prioridade máxima aumentou de 12 por cento em 2008 para 17 por cento em 2010.


Também, mais Norte-americanos agora dizem que a saúde e o estilo de vida equilibrado (20 por cento versus 15 por cento) ou a fé (12 por cento versus 9 por cento) é sua prioridade principal comparado aos dois anos anteriores.


Curiosamente, há uma queda no número de Norte-americanos que dizem que família é sua prioridade máxima (45 por cento versus 52 por cento). No entanto, a família continua a ser a prioridade mais importante, para os Norte-americanos.


"A sabedoria popular diz que quando a economia declina, as pessoas se concentram mais no que é "básico," como a família e fé," comentou Kinnaman, que dirigiu o estudo. "Esta pesquisa põe o pensamento em questão, ou nos leva a refletir que a economia não tem sido ruim o suficiente para causar uma significativa re-priorização da família e da fé."


Ele também observou que a fé é "a mais volátil" das prioridades no estudo Barna. A fé é a única prioridade que caiu a partir de 2006, depois cresceu "sugerindo a incerteza sobre a interação entre fé e finanças."


"As pessoas não estão se voltando para outros - como membros da família ou de Deus - em face dos ensaios econômicos," disse Kinnaman. "Em vez disso, eles estão se concentrando cada vez mais sobre si mesmos, tentando resolver seus problemas sendo mais "equilibrados" ou simplesmente “trabalhando mais duro."


"[A] economia revelou Norte-americanos com fixação pelo individualismo e suas ilusões de ser auto-suficientes," acrescentou.


O grupo Barna, um grupo de pesquisa e investigação focado nas tendências culturais e religiosas, planeja divulgar um relatório mais aprofundado sobre o impacto da economia sobre a crença religiosa e comportamental.




Fonte: Christian Post

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Das heresias no “louvor”

Robinson Cavalcanti



Cristo Genérico é entoado em todas Igrejas

Vamos fazer um exercício de honestidade intelectual e espiritual? Selecione 100 das mais populares músicas, “gospel” ou “não-gospel”, cantadas nas igrejas das mais diversas denominações protestantes. As mais populares pérolas da nossa Corinhologia.

Fez a Lista? Muito bem! Agora observe quantas delas um muçulmano não teria problema em cantá-las. Achou várias, não é? Agora veja quantas um judeu se sentiria à vontade entoando. São muitas, não é verdade? Continue com os espíritas kardecistas. Se o eixo das musicas é uma ode à Divindade (Deus, Pai, Senhor, Javé) e a recepção de bênçãos para quem canta, há muito de teísmo, de unitarismo, e os seguidores daquelas religiões não-cristãs não veriam problemas em seu canto, na realidade pan-religioso, mas que transmite muita “energia”, “luz”, “paz”.

Continue com a lista na mão, e procure aqueles em que há a palavra Jesus. Agora pense em nossos “parentes distantes” religiosos, das seitas para-cristãs: Mórmons, Testemunhas de Jeová, os da Ciência Cristã, ou os sincréticos como os do Santo Daime. Eles ficariam à vontade cantando essas músicas de um “Cristo genérico”? Numa boa. Ou seja, como o negócio é alimentar o subjetivo com sentimentos positivos, promover catarse e, até, transe, não há conteúdo doutrinário, com os pilares conceituais do Cristianismo bíblico, apostólico, ortodoxo.

Por outro lado, aquelas músicas que falam de Jesus Cristo, cantadas nas igrejas protestantes, são adotadas, tranquilamente, por católicos romanos ou orientais, porque nelas não há nada de especificamente reformado.

Se não há musicas específicas para o Calendário Cristão (Advento, Natal, Quaresma, etc.), fica difícil harmonizá-las com os temas dos sermões, exatamente porque elas se destinam ao sentir e não ao pensar.

A rejeição aos Hinos históricos não se dá porque eles têm melodias “antiquadas”, mas porque eles são teologia cantada, o que é uma chatice… Ninguém está a fim de refletir, mas de curtir! Como uma igreja é a sua teologia, e é o que ela canta, estamos numa pior.

Mas, os pastores não estão nem aí, pois não querem contrariar a freguesia, nem atingir o que traz resultados. Enquanto isso, uma música recente, que fala em Zaqueu, era tocada em radiola de ficha no “Bar do Zé”, alternada com clássicos de Reginaldo Rossi, enquanto a galera prosseguia em seus exercícios lúdico-erótico-etílicos.

Canta meu povo!



terça-feira, 20 de julho de 2010

Apple: a nova religião?


Skye Jethani, no Huffington Post



Finalmente multidões de fiéis fora das Apple Stores em todo o mundo poderão colocar as mãos no seu mais recente objeto de devoção: o iPhone 4. O público deu uma primeira olhada oficial no aparelho algumas semanas atrás, quando Steve Jobs desceu de seu santo monte digital com o telefone novo nas mãos. Relatos já circularam com manifestações espontâneas de fãs da Apple, e vimos imagens em vídeo dos consumidores reagindo com ataques de euforia e como eles lutaram por sua nova aquisição.



O frenesi criado toda vez que a Apple lança um novo produto destaca um fenômeno crescente, mas pouco percebido: o poder das marcas de consumo suplantarem as religiões tradicionais na vida das pessoas. Muitos cristãos acreditam que a maior ameaça para a igreja hoje é pós-modernidade. Outros dizem que é o relativismo. Alguns acreditam que o inimigo é o humanismo secular. Há quem afirme que é o Islã. Não concordo com tudo isso. Na minha opinião, o maior desafio da igreja contemporânea é o consumismo. Não me refiro ao consumo. Não é errado consumir coisas. De fato, fomos projetados para consumir se queremos sobreviver. O ser humano que não consome é o que já parou de respirar. Neste caso é ele que agora está sendo consumido.



O consumismo que me preocupa é aquele que já se tornou uma cosmovisão. Ele gera os pressupostos incontestável de nossas vidas, e quando cruza com a fé, nossas idéias sobre culto, missão, comunidade, crença, e até Deus são profundamente alteradas. Estes são os assuntos que abordo em meu livro, The Divine Commodity (A Mercadoria Divina, editora Zondervan, 2009).



Um aspecto do consumismo particularmente poderoso é o que chamamos de branding. (Acrescente a ele a comoditização e a alienação e você terá a trindade nada santa do consumismo.) Douglas Atkins, autor de O Culto às Marcas: Quando os clientes se tornam verdadeiros adeptos, diz: “As marcas são a nova religião … Eles alimentam nossa metafísica moderna, impregnando o mundo com significado … As marcas funcionam como sistemas de significado completos”.



Sem dúvida uma das marcas mais poderosas nos EUA hoje é a Apple, e novas pesquisas mostraram que a Apple de fato conseguiu ter o mesmo impacto sobre o cérebro humano que a religião.



Martin Lindstrom é o autor de A Lógica do Consumo . Ele diz: “Apple é (como temos provado usando a neurociência) … uma religião. Não só isso – é uma religião baseada em suas comunidades. Sem as suas comunidades de base, a Apple iria morrer – ele já está enfrentando uma pressão forte ao ver sua marca simplesmente tornar-se demasiadamente ampla (e perder) a magia. O que está segurando tudo são as centenas, talvez milhares de comunidades em todo o mundo espalhando a paixão e a criação de mitos.



Acrescentando evidências de que a Apple é realmente uma religião, o psicólogo David Levine, que se identifica como fãs dos Mac, diz:



Para muitas pessoas, acho que [a comunidade Mac] tem um sentido religioso. Para um grande número de pessoas que não sente-se confortável com a religião, ela aferece um sentido de comunidade e um patrimônio comum. Acho que os usuários de Mac têm uma maneira comum de pensar, uma modo de fazer as coisas uma determinada mentalidade. As pessoas dizem que são budistas ou católicos. Nós dizemos que somos usuários de Mac, e isso significa que temos valores semelhantes.



Para saber mais sobre o poder religioso (quase de seita) da Apple, sugiro a leitura deste artigo na “Wired” que detalha as características messiânicas de Steve Jobs. Há também um documentário sobre o assunto chamado “Macheads”. No seu trailer (aqui), o filme declara: “É mais do que um computador, é um modo de vida”.



O poder de formação de identidade gerada por marcas como a Apple faz com que o ato de comprar tenha uma importância enorme numa cultura de consumo. Como Benjamin Barber escreve: “Se a marca pode influenciar ou até mesmo estabelecer a identidade, para descobrir ‘quem é’, a pessoa deverá decidir onde (e o que) irá comprar.” Isso pode explicar porque fazer compras hoje é a atividade de lazer número um para os americanos. À medida que passeamos no shopping ou ficamos na fila de uma Apple Store, não estamos apenas procurando um mp3 player, um computador ou um telefone – estamos olhando para nós mesmos. As compras ocupam um papel na sociedade que antes pertencia apenas à religião: o poder de dar significado e de construir uma identidade. “Comprar”, Pete Ward observa, “é a busca por algo além de nós “, e esse desejo “indica uma inclinação espiritual em muitas das atividades cotidianas de consumo.”



Uma pergunta que faço em Divine Commodity é: Se as marcas tornaram-se religiões, o oposto também é verdade? Religiões têm sido reduzidos a simples marcas? Acredito que há evidência disso. Pesquisadores como Barna, Gallop, e outros estão descobrindo que é cada vez mais difícil diferenciar os comportamentos e valores dos que se dizem cristãos a dos não-cristãos, com uma exceção: o que eles compram. As vendas de produtos religiosos nos Estados Unidos atingem quase US $ 7 bilhões anuais. Isso é um monte de camisetas, bonés, cuecas e até bebidas energéticas. Um líder de igreja me disse que tem ligado o “merchandising” com o nosso novo entendimento da conversão: “Conversão nos EUA parece querer dizer que nós trocamos algumas das compras que fazíamos no Wal-Mart ou Blockbuster e passamos fazê-las na livraria cristã do bairro. Levamos nossa falta de controle nas compras para ‘lojas de Deus’, onde compramos equipamentos de escritório em nome de Jesus “.



O que isso significa para o futuro da Igreja? Eu escuto muito nas rádios cristãs e vejo um monte de livros cristãos lutando contra o pós-modernismo, o relativismo e o secularismo. Mas se as pessoas, incluindo cristãos, estão construindo suas identidades e suas vidas em torno de marcas como a Apple, a igreja está lutando a batalha errada? E, talvez o mais preocupante: estamos contribuindo inconscientemente para o problema, incentivando os cristãos a construirem e expressarem sua identidade através de mercadorias com a “marca Cristo”, ao invés vez de caráteres transformados que reflitam os valores do próprio Cristo?



Só uma dúvida: Apple é a religião, Jobs o Messias… então Bill Gates seria o diabo? Nesse caso, o Windows de fato é um inferno?



http://www.pavablog.com/2010/06/30/apple-a-nova-religiao/

Ter uma teologia correta não significa que você conhece a Deus


É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico ir para o céu. É ainda mais fácil um elefante passar por essa agulha que uma pessoa com a teologia correta não ficar arrogante. Quantas pessoas você conhece que leram um livro de João Calvino e jogaram o livro como quem faz uma cesta no basquete, para depois fazer uma dancinha, como se tivessem algum mérito naquilo?



Cinco anos depois de lançar o meu terceiro livro, Searching for God Knows What (inédito no Brasil), o editor veio até mim e perguntou se poderia fazer uma nova edição do livro. O livro vendeu muito bem durante todos esses anos, e queriam dar a ele uma “segunda vida”. Como escritor, fiquei animado com a idéia. Antes de Um Milhão de Quilômetros, aquele era o livro que mais me orgulhava, por isso concordei em trocarmos a capa e decidi escrever algum material extra.



Os dois principais componentes acrescentados ao livro é uma nova introdução, na qual defendo que a teologia correta não tem nenhum poder redentor, pois o poder redentor só vem através de um relacionamento com Jesus. Eu explico por que a teologia correta tornou-se um falso ídolo, e quando é usada como uma “chupeta” para nos acalmar e nos fazer sentir bem ao invés de redimidos, gera arrogância, tornando-se uma isca para a personalidade ofensiva e controladora. Muitos líderes cristãos desmerecem outros pastores e pensadores, em nome da teologia correta. Isto é perturbador, gerando algo que confunde as pessoas e as impede de verem a Cristo.



O segundo acréscimo ao livro é uma teoria da personalidade que eu escrevi e coloquei no capítulo final. Eu a chamo de Teoria do Gênesis. Ela explica, creio eu, como nossa personalidade se desenvolve baseada na descrição da queda do homem, em Gênesis 2 e 3. Estou esperando para testar esta teoria ouvindo a opinião de alguma universidade cristã. A semente dessa teoria está na reedição do meu livro. Enfim, reproduzo aqui um pouco da nova introdução. É só uma parte, mas vai lhe dar uma idéia do que o livro trata. Espero que gostem dos acréscimos. Muito obrigado.

Da introdução de Searching for God Knows What :



…. durante uma noite escura da alma, comecei a perceber que a salvação acontece através de uma interação misteriosa, indefinível e relacional com Jesus, na qual nos tornamos um com ele. Percebi que a conversão cristã está mais próxima do ato de se apaixonar por alguém do que a compreensão de uma série de conceitos ou idéias. Não quero dizer que não existem idéias verdadeiras, mas preciso lembrar que há algo mais, algo além. Existem idéias verdadeiras envolvidas no casamento e no sexo, mas casamento e sexo também envolvem algo mais, e esse algo mais é misterioso.



Se temos uma personalidade controladora, em que gostamos de conferir as coisas fazendo listas, isso será algo extremamente difícil para nós compreendermos e aceitarmos. Na verdade, Deus não nos deu nenhum controle sobre este “sistema” de relacionamento. Levar alguém a conhecer Jesus não é o mesmo que apresentá-lo a idéias, mas sim a uma divindade pessoal, que vive e interage. Evangelismo, então, parece mais com alguém que vai a um encontro arranjado, às cegas. Deus faz o trabalho, apenas falamos aos outros um pouco sobre ele e onde podem encontrá-lo.



Você pode ter ficado chateado. Talvez ache que estou dizendo que a verdade deve ser jogada fora, que a teologia não importa. Mas não é isso que estou tentando dizer. Apenas pretendo ilustrar que nossa tendência de procurar definir Deus com uma teologia matemática tornou-se um falso deus, ao invés de ser uma seta que aponta para o Deus verdadeiro. A teologia pode tornar-se um ídolo, mas é mais útil como guard rail em uma estrada para o verdadeiro Deus. Teologia é algo muito importante, mas não é Deus; e saber fatos sobre Deus não é o mesmo que conhecer a Deus. Deixe-me dar um exemplo extremo de como isso se tornou algo ruim no Ocidente.



Na época em que estava pensando sobre essas coisas (eu partilho isso no livro, por isso perdoem a repetição), dava aulas no Canadá. Meus alunos eram do primeiro ano da faculdade, e todos haviam crescido na igreja. O nome da matéria era “O Evangelho e a Cultura”. Comecei a aula fazendo uma experiência. Disse à classe que iria compartilhar o evangelho de Jesus, mas deixaria algo de fora. Eu queria que eles descobrissem o que eu tinha “esquecido”. Falei primeiro sobre o pecado e como somos criaturas caídas. Contei algumas histórias e usei algumas ilustrações. Falei sobre o arrependimento, novamente usei algumas histórias. Então falei sobre o perdão de Deus e sobre o céu. Demorei algum tempo fazendo isso. Quando finalmente parei, pedi que a classe dissesse o que eu havia deixado de fora. Depois de 20 minutos ou mais de discussão, nenhum aluno percebeu que eu tinha deixado Jesus de fora. Nenhum! Acredito que eu poderia repetir o mesmo experimento em qualquer sala de aula cristã na América do Norte.



O que comecei a entender, naquela época, é que a conversão cristã é relacional. Não é mais teológica ou intelectual do que um casamento é teológico ou intelectual. Em outras palavras, uma criança poderia tornar-se cristã se tiver um encontro misterioso com Jesus, uma pessoa simples pode se tornar cristã se tiver um encontro misterioso com Cristo, e até mesmo um muçulmano ou budista poderia se tornar cristão se tivesse um encontro relacional misterioso com Cristo. Esta é a única conclusão que eu poderia chegar e que corresponde à realidade em que vivemos, a complexidade das Escrituras, e o convite misterioso que nos é oferecida por Jesus.



Escuto as massas dizendo: “Mas não! Uma pessoa não pode crer em vários deuses e ser cristã.” Deixe-me responder com algumas perguntas:

Uma pessoa pode ter uma teologia ruim e ser cristã?

Sua teologia já foi correta, e você realmente era um cristão antes?

Sua teologia pode explicar tudo, então você não tem mais motivos para estudar, e se não explica, você é um cristão?



Se você acredita que a teologia de alguém precisa estar correta para que ela se qualifique à conversão cristã, então você está dizendo que uma pessoa, em parte, pode conhecer a Deus porque ele tem as idéias corretas. Mas eu respeitosamente discordo. Eu acho que a teologia correta é importante? Com certeza, mas não acredito que isso tenha um poder para converter maior que o endereço de um consultório médico tem o poder de curar.



Um amigo rebateu meu argumento, enfaticamente, dizendo que a menos que uma pessoa entenda e concorde com a idéia teológica da depravação total, não poderia ser um cristão. Perguntei ao meu amigo quando ele aprendeu sobre isso. Ele respondeu que foi no seu segundo ano no seminário. Perguntei-lhe, então, quando ele tinha se tornado um cristão, respondeu-me que quando estava na terceira série do ensino fundamental. Seu raciocínio era, obviamente, louco, mas não acho que ele é o único que pensa assim. Creio que Deus quer nos envolver e transformar pela Sua Palavra. Isso significa que alguém de outra fé que encontra Jesus poderia apenas corrigir a sua ideologia? Talvez. O que estou dizendo, porém, é que Deus não exclui alguém de sua graça salvadora porque eles não têm uma lista de idéias teológicas corretas. Para aqueles de nós que os julgamos e condenamos, é preciso pensar: por que estamos nos opondo quando o Deus que amamos e servimos é tão inflexível sobre nos relacionamento com eles do mesmo modo que Ele tem se relaciona conosco?



Você poderia me fazer um favor e ler este livro? Você estaria disposto a aumentar e expandir sua compreensão de Deus e como Ele opera? Se a sua compreensão do cristianismo é relativamente conservadora, pode surpreendê-lo o fato de nossa teologia ser muito semelhante. Mas aviso que vou continuar a retirar o poder e a beleza dos fatos a respeito de Deus e atribuir ambas apenas ao próprio Deus. Isso vai incomodá-lo na mesma medida que a teologia correta for o seu falso deus. Você ficará revoltado em seu íntimo, porque aquilo em que você tem colocado a sua segurança (ou seja, sua capacidade de defender as idéias corretas) será ameaçado. Mas não se engane, não estou atacando a teologia correta, estou simplesmente fazendo a teologia ser uma janela e não uma parede.



Nesta viagem você poderá passar pela mesma noite escura da alma que eu passei. Mas do outro lado, eu lhe asseguro, está Cristo, e você vai amá-lo pelo que Ele fez. Você ficará coberto de sangue da batalha, de joelhos diante d’Ele, sabendo que Ele é toda a esperança que você tinha, e esperamos, em um momento maravilhoso de liberdade, entender que ele sempre é a esperança que você precisa.



Fonte: blog do Donald Miller



Tradução: Jarbas Aragão

http://www.pavablog.com/2010/05/28/ter-a-teologia-correta-nao-significa-que-voce-conhece-a-deus/

NOVE REGRAS PARA UM CASAMENTO FELIZ

Silmar Coelho lista comportamentos para se viver a dois



A revista Uma publicou um artigo do doutor Silmar Coelho nesta edição de janeiro. O texto "9 Regras Para Um Casamento Feliz", como o próprio título sugere, dá dicas de como manter um matrimônio saudável, sobrevivendo às crises e o tempo. Com uma linguagem simples, o autor mostra que não é impossível alcançar o tão sonhado "felizes para sempre".


Aprenda com um especialista em relacionamentos como sobreviver ás crises no casamento, e alcançar o tão sonhado "Felizes para sempre"!


O cotidiano agitado das pessoas, aliado á grande facilidade de obter o divórcio (segundo dados de uma pesquisa, a cada quatro casamentos, ao menos um acaba em divórcio), tem diminuído a duração das uniões matrimoniais. Hoje, o tempo médio de duração dos casamentos brasileiros é de apenas cinco anos, três vezes menor do que era há dez anos. Para se ter uma casamento pleno, as crises são necessárias, já que são elas que vão servir como termômetro para o casal medir a quantas anda o relacionamento. Um relacionamento que dá certo é um edifício que tem que ser construído todos os dias. A seguir, acompanhe os nove passos para você ter um casamento feliz!

1- Nunca se endivide. Tudo o que é barato, por mais barato que seja, se você não precisa, é caro!

2- Não deixe acabar o diálogo no namoro, o casal conversa por horas no portão ou pelo telefone. Recupere este hábito sempre, e nunca responda com monossílabos como "Sim", "Não", "É", "Tô", "Vou"etc.

3- Não deixe acabar o romantismo. Não basta acender a fogueira, tem de colocar lenha para o fogo continuar a arder!

4- Não se esqueça de datas especiais, e não se canse de dizer Ëu te Amo".

5- Tenha uma vida sexual ativa.

6- Deixe claro que família está sempre em primeiro lugar na sua vida.

7- Aprenda a perdoar. Não exija a perfeição - Que você não tem - no parceiro.

8- Não trabalhe demais. Tire, pelo menos, um dia de folga por semana. Faça "Breaks"a cada três meses. Lembre-se de que o diabo não tira férias, mas vive no inferno.

9- Cultive a espiritualidade!


http://www.creio.com.br/2008/vida01.asp?noticia=234

Lições para a vida cristã e para a vida

Saiba quais são as lições para a vida cristã e para a vida





Vejamos o compromisso que o apóstolo Paulo nos enuncia (Filipenses 4.6-7)



Finalmente, irmãos,

tudo o que for verdadeiro,

tudo o que for nobre (honesto)

tudo o que for correto (justo)

tudo o que for puro,

tudo o que for amável,

tudo o que for de boa fama,

se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas.

Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim.

E o Deus da paz estará com vocês.

(Filipenses 4.6-7)



Não precisamos detalhar estes compromissos, porque eles são suficientemente claros.



1. TUDO O QUE FOR VERDADEIRO - O nosso compromisso é com a verdade, não com a mentira.



A melhor palavra para a verdade é transparência. A verdade é o que parece e parece o que é. É por isto que a mentira tem o diabo com pai (João 8.44).

A verdade tem a ver com a fala, que tem a ver com a língua, seu principal instrumento. Uma palavra verdadeira, mesmo que dura, constrói; uma palavra mentirosa, mesmo que leve, destrói. É conhecido o caso do deputado federal Ibsen Pinheiro. Em 1993, no auge de sua carreira e por causa de interesses escusos, ele foi acusado por uma CPI de ter movimentado um milhão de dólares em suas contas e acabou cassado. Onze anos depois, com o deputado no ostracismo, o repórter que "descobriu" a movimentação financeira reconheceu que errara e que a movimentação fora de mil dólares.

Como vai o seu compromisso com a verdade? Como vai o seu padrão? Em que altura está a régua do seu compromisso com a verdade?



2. TUDO O QUE FOR HONESTO - O nosso compromisso é com a honestidade, não com a corrupção. Uma pessoa honesta é uma pessoa efetivamente nobre, com um comportamento que merece ser reverenciado, pelo respeito que produz, talvez porque seja algo difícil.

Se a verdade comporta algo de subjetivo, a honestidade ou nobreza ou reverência é algo bastante objetivo. Se o seu filho encontra algo no chão e leva para casa, e você lhe diz que "achado não é roubado" e permite que fique com o que encontrou, você está claramente dizendo que ele pode transformar em seu o que não é seu. Honesto é o comportamento em que não há engano ou fraude.

Às vezes nos comportamos como os contemporâneos de Malaquias. O profeta perguntava se era possível ao homem roubar a Deus, respondendo que roubamos a Deus quando não lhe devolvemos os dízimos e as ofertas (Malaquias 3.8). Somos desonestos com Deus quando, em lugar de viver uma vida cheia de misericórdia, preferimos apenas lhe apresentar sacrifícios, até mesmo financeiros. Deus quer um relacionamento com Ele, mais do que os holocaustos (Oséias 6.6).

Como vai o seu compromisso com a honestidade? Tem sido fiel no pouco? Será fiel quando tiver muito? Como vai o seu padrão? Em que altura está a régua do seu compromisso com a honestidade?







3. TUDO O QUE FOR JUSTO - O nosso compromisso é com a justiça, não com a injustiça. Disse-me alguém certa vez que, de tanto conviver num meio corrompido, que já não sabe mais o que é certo ou errado. A conduta reta não depende da circunstância, nem da sua consequência. Se acho que algo se torna bom porque vai me ajudar, estou fora do padrão bíblico; se acho que algo se torna ruim porque vai me prejudicar, estou também fora do padrão divino.

Na minha vida, como empregado ou como patrão ou como colega, o juízo tem corrido como um rio e a justiça tem sido como um rio perene? (Amos 5.24)

Como vai o seu compromisso com a justiça? Como vai o seu padrão? Em que altura está a régua do seu compromisso com a justiça?



4. TUDO O QUE FOR PURO - O nosso compromisso é com a pureza, não com a imoralidade. Nossos pensamentos, nossas ações, nossas intenções, nossas palavras, nossas intenções precisam ser puras. É por isto que Jesus disse que o que contamina a sociedade em que vivemos não é o que entra na boca do homem, mas o que sai dela (Marcos 7.15). Prova disso é que só a pornografia infantil pela internet movimenta cinco bilhões de dólares por não. A pureza é o território da intenção. A fidelidade conjugal, por exemplo, para ser real, precisa ser primeiro virtual, na mente, no coração.

Como vai o seu compromisso com a pureza? Como vai o seu padrão? Em que altura está a régua do seu compromisso com a pureza?



5. TUDO O QUE FOR AMÁVEL - O nosso compromisso é com a amabilidade, não com a grosseria, mesmo que em nome da verdade ou da honestidade ou da justiça. Ser amável é tomar ações que inspirem amor e afeto em que as recebe. Ninguém deve ter prazer em ganhar o "troféu limão", mas em ser agradável.

A simpatia é uma virtude a ser buscada. Sorrir é um verbo que convida. Ser amável é ter prazer em receber, em deixar os outros à vontade. Ser amável é ter uma palavra agradável, temperada com o sal da esperança (Colossenses 4.6), conveniente, produtora de vida e alegria. Eu me lembro de um tempo quando as pessoas escreviam cartas. No Seminário, o irmão Roberto Gertner era o carteiro. Nós o aguardávamos na praça; ele podia nos trazer um envelope e dentro poderiam vir palavras doces ou quem sabe um cheque. O diálogo com ele era sempre o mesmo:

-- Tem carta pra mim?

Se não tivesse, ele respondia, invariavelmente:

-- Hoje, não; amanhã, quem sabe.

Amabilidade tem a ver com beleza, com beleza estética, como uma sinfonia de Bethoven, ou com beleza moral, como a resistência pacífica de Gandhi ou de Martin Luther King Jr.

Como vai o seu compromisso com a cortesia? Como vai o seu padrão? Em que altura está a régua do seu compromisso com a simpatia?



6. TUDO O QUE FOR DE BOA FAMA - O nosso compromisso é com a fama, mas com a boa fama. Devemos viver de modo a que os outros produzam bons relatórios a nosso respeito. Nossas ações devem provocar bons comentários.

Fui ao trabalho de um irmão querido aqui na igreja e disse que era seu amigo. A pergunta, para identificá-lo, foi: :” Ah, você conhece Fulano, aquele que é cristão?”

É bom ser famoso, mas não qualquer fama. O compositor Chico Buarque chama de idiotice a frenética busca pela fama, que começou nos anos 90, segundo o músico. Para ele, muita gente no Brasil "anda cercada de guarda-costas, sobretudo os famosos, porque ter guarda-costas te torna ainda mais famoso". Idiotice cresce perigosamente no Brasil, diz Chico Buarque. Disponível em <http://www.estadão.com.br/divirtase/música/noticias/2005/jun/27/49.htm>.

É impressionante: as pessoas sabem que a fama é vaidade e desaparece como a fumaça produzida por gelo seco, mas assim mesmo querem ser famosos.

Como vai o seu compromisso com a boa fama? Como vai o seu padrão? Em que altura está a régua do seu compromisso com a verdade?



Todas estas práticas não são práticas para a vida dita espiritual, mas para a vida. Devemos ser verdadeiros, honestos e justos na igreja e, principalmente, fora dela. Devemos ser puros sozinhos e quando estamos em grupo. Devemos ser amáveis com amigos e estranhos. Devemos viver de modo a que nos achem parecidos com Jesus Cristo.

Estas práticas começam no desejo e continuam com as ações aprendidas, recebidas, ouvidas e vistas pela pregação do Evangelho. O padrão dos cristãos precisam estar acima dos que não aceitaram o Evangelho.

Estas são práticas para a vida inteira, como ações contínuas e repetidas, com repercussões no futuro. Devemos, portanto, manter nossas mentes nas boas coisas que Deus nos deu no plano horizontal, como família, saúde e trabalho, ao mesmo tempo em que pensamos em valores superiores, como justiça, justificação e perdão.



O RESULTADO

E, agora, chegamos ao clímax. Diz o apóstolo Paulo que, se desejarmos viver na verdade, na honestidade, na justiça, na pureza, na simpatia e na boa fama, Deus, que é de paz, estará conosco.

Voltemos ao texto de Gálatas: “Não se deixem enganar; de Deus não se zomba [ou: Deus não se deixa escarnecer]; pois o que o homem semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá a destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna" (Gálatas 6.7-8).

Se plantamos verdade, honestidade, justiça, pureza, simpatia e boa fama, colheremos paz.

Existe um esperanca infinita onde houver arrependimento.

Queremos paz? As instruções de Deus estão-nos dadas.

À prática, irmãos.

http://www.creio.com.br/2008/mensagens01.asp?noticia=530

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Decidi parar de perguntar "qual é a vontade de Deus para minha vida?"

Sem perguntas -


Decidi parar de perguntar "qual é a vontade de Deus para minha vida?". Não é uma decisão simples. Certamente existe uma vontade ou um propósito específico de Deus para cada pessoa, mas descobrir esta vontade sem perguntar sobre ela é, na verdade, a forma saudável de se encontrar o caminho da vida e na vida. Porque as respostas vão aparecendo através da própria caminhada, no dia-a-dia, sem a necessidade esquizofrênica da pergunta ou de saber, antes do tempo, a resposta.



Quando aprende-se a andar em confiança Nele as respostas surgem de onde menos esperamos, todo dia, às vezes vêm através de um sonho, às vezes através de um anjo sussurrando coisas nos nossos ouvidos e pensamentos, outras vezes é a manhã ou a noite que trazem naturalmente as respostas que desejamos receber. Até crianças podem ser portadoras de uma palavra sábia do Criador de todas as coisas para você e eu. Existem vezes que o silêncio já responde tudo, como aconteceu com o profeta Elias quando estava deprimido, com medo e sozinho dentro de uma caverna. Existem vezes, também, onde o próprio Espírito de Deus fala poderosa e fortemente ao nosso coração e entendimento, mas quem escolhe a forma de falar e, principalmente, quando falar, é Ele.



Minha oração ultimamente tem sido mais ou menos assim: "Deus permita que eu não seja apático ao extremo para não perceber que é hora de agir e, também, jamais me deixe ser suficientemente impulsivo para fazer qualquer coisa antes da hora e do modo errado." Tenho esperado o "é agora!" de Deus e tento andar nisso sem perder o norte da vida, sem perder tempo e sem antecipar a saída da borboleta do casulo. Não fico sentado, esperando a banda passar ou algo cair do céu, mas também não fico jogando a rede ansiosa e desesperadamente a noite toda sem pegar um peixe sequer. Tenho absoluta certeza de que quando for a hora Ele vai ordenar "lança a rede ao mar!". Encontrar este equilíbrio entre o nosso agir e, principalmente, o agir de Deus é uma busca que frutifica paz e esperança concreta cada vez mais no meu coração e é o que tenho percebido na caminhada de tantos outros amigos que aprenderam ou estão aprendendo este jeito de viver pela fé.



Quando voltei a morar em Friburgo, a cidade onde nasci e cresci, depois de ter passado mais de dez anos morando no Rio, estudando, trabalhando e pastoreando, redescobri uma trilha quase deserta em um bosque aqui perto da casa onde estou morando atualmente. É uma trilha muito bonita, cheia de árvores, longe do barulho dos carros e do ritmo frenético da cidade "grande". Tenho andado nela muitas vezes para orar, conversar com Deus e ouví-lo, às vezes me falando usando um passarinho ou no frio gostoso de andar descalço na terra úmida.



Hoje, especialmente, eu terminei meu trabalho e resolvi fazer uma caminhada depois do almoço porque o clima estava gostoso para caminhar e o coração pediu. Foi revigorante, reafirmei algumas direções diante do Senhor, apresentei alguns projetos e desejos do meu coração enquanto andava por lá. Tenho certeza que o Senhor estava caminhando comigo ali. A ansiedade às vezes bate à porta, mas tem sido um verdadeiro exercício de fé a dissipação de pensamentos que tentam reativar coisas que já foram entregues a Deus. O melhor de tudo é que Ele coloca muita paz e fé no meu coração nestes momentos e eu ganho, cada vez mais, plena convicção que o meu redentor vive.



Quando tudo parece perdido Ele me trás à memória exemplos de confiança dos nossos irmãos do passado, como o profeta Habacuque quando disse: "Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação".



Eu tenho absoluta convicção que Ele não vai perder nossos sonhos de vista, nem vai permitir que o tempo passe sem sentido para cada coraçãozinho que O busca, às vezes, sem saber. Há cura e vigor Dele para nossas vidas, existem propósitos Dele em relação a nós que já foram selados e que nada neste mundo ou no porvir poderá separar-nos deste grande e infinito amor que o Pai Eterno alimenta em relação a você e eu. Somos alvo irremediável, incansável e irrevogável do carinho e zelo do Senhor.



Pode até ser que não venhamos a ver muitas das nossas perguntas respondidas da forma como queremos, mas Deus vai respondê-las muitas vezes usando o caminho natural proposto aos nossos pés e coração.



Esta é a hora de aprendermos a parar de perguntar "qual é?" e apenas andarmos confiantemente sabendo que a resposta sempre vem, de um jeito ou de outro. Quando Deus quer falar não precisa-se perguntar ou "permitir", não é preciso ritual específico ou qualquer sacrifício, Ele simplesmente o faz. Creia!











O Deus que fala, até quando se cala, te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente.











Pablo Massolar







Nota importante: Jesus ensinou a dar de graça o que recebemos de graça. Se esta mensagem, de alguma forma, lhe fez bem, então provavelmente ela poderá fazer bem para outras pessoas que você conheça. Gostaria de sugerir, se não for constrangimento para você, que compartilhasse e encaminhasse este e-mail para o seu círculo de amigos e conhecidos. Fazendo isto você potencializa, em muito, o alcance da Palavra que já fez tanto bem aos nossos corações.



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A “advocracia” batista


Pr. Edvar Gimenes de Oliveira



Há uns dois anos, durante uma reunião do Conselho Geral da Convenção Batista Brasileira, no Rio de Janeiro, diante de uma situação jurídica, comentei rindo com dois advogados, líderes destacados da denominação, sentados à minha frente, que escreveria um texto sobre a “advocracia batista”. Um deles, brincando, respondeu: “não mexe com a gente”. Demorou, mas escrevi!





A “advocracia” batista





A democracia batista, nesses 400 anos, já venceu a “patriarcracia”, a “sacerdotecracia”, a “apostolocracia”, a “gerontocracia”, a “episcocracia”, a “poimencracia” e agora, ao que algumas evidências indicam, terá que lutar contra a “advocracia". Não por causa da legítima e saudável necessidade de orientação técnico-jurídica, em face da complexidade da relação entre nossas decisões políticas e suas possíveis implicações jurídicas, mas pelo oportunismo político inerente a todos, porém exagerado e antiético em alguns.





É que alguns, quando não querem cumprir a vontade soberana do povo batista reunido em Assembléia, usam do artifício do parecer jurídico, geralmente fornecido por advogados por eles nomeados para advogar causas do seu interesse em vez de esclarecer imparcialmente.





Como as atas das reuniões de alguns órgãos, para serem aprovadas, precisam de parecer de comissão jurídica, quando um assunto contrário aos seus interesses é aprovado, eis que uma nova oportunidade de debate surge, com pareceres que deturpam o deliberado.





Pastor e advogado





O problema se agrava quando dirigentes, além de pastor e bacharel em direito, são também narcisistas. Nessa condição, ele proclama sua lucidez superior, sua divina e inquestionável autoridade para interpretar “a lei maior”, a Bíblia, acima de qualquer outro simples mortal, usa toda a influência psico-política que a função pastoral exerce e maximiza sua portabilidade da carteira de filiado à OAB para proferir sentenças, sim, sentenças, não pareceres, em relação a tudo.





Diante disso, que enfiem o rabo entre as pernas todos os seus “interlocutores”, se não quiserem correr o risco de serem lançados na fogueira da marginalização (via difamação), bem ao estilo da Santa Inquisição, ou, no bom “advoguês”, se não quiserem “ser processados” – ameaça antiga para amedrontar gente empobrecida e ignorante, usada por dominadores de cultura coronelista.









A necessidade de assessoria jurídica





Não que seja errado contar com uma assessoria jurídica, nem que a colaboração dos irmãos da área do direito seja dispensável. Pelo contrário, a contribuição de bons advogado, especialmente honestos, verdadeiros, crentes sérios e não mero clientes de banco (de igreja) é essencial em nossas Assembléias. O que não podemos deixar continuar acontecendo é a absolutização de pareceres de indivíduos ou grupos de advogados, sob a alegação de que se trata de “parecer técnico” (leia-se sentença), como se isso significasse, necessariamente, neutralidade política.





Neutralidade política?





Neutralidade política é uma posição que não existe. Nem mesmo nas sentenças da magistratura existe neutralidade política. Todas as nossas palavras, sejam manifestas através de linguajar técnico ou popular, produzem efeitos e, portanto, a elas subjaz interesse político, mesmo que seja o de ficar omisso. Omissão e neutralidade são igualmente posicionamentos políticos.





O sentido verbal da advocacia





Advogar – em seu sentido verbal - não é prerrogativa de bacharéis da área do direito, seja ele atuante na iniciativa privada, seja ele funcionário público pago com dinheiro do nosso trabalho. Advogar é uma possibilidade inerente a todos os seres humanos. Todos nós fomos dotados da capacidade de defender nossos interesses. O que se pode discutir é se estamos devidamente qualificados para advogar todas as causas e se estamos socialmente autorizados, através das leis, para o seu exercício nos tribunais do Poder Judiciário.





Qualificação para advogar





Em relação à qualificação, claro é que isso depende do tempo investido por cada um no estudo das leis. Destaco no estudo, porque encontramos pessoas com diploma de Bacharel em Direito que, além de não ter sido estudioso na faculdade, não mais investiu em leitura depois de receber o diploma, a carteira da OAB ou ser aprovado num concurso para ser funcionário público do Poder Judiciário.





Por outro lado, há pessoas que nunca foram ao banco da faculdade de direito, mas, como autodidatas, estudam séria e profundamente os assuntos do seu interesse; nunca entrou numa faculdade de direito, não tem carteira da OAB, mas defendem seus direitos como ninguém. É o caso de Jesus em relação aos pecadores, na linguagem didatica usada por João (I Jo. 2.1).





Autorização para advogar





Quanto à autorização para advogar nos tribunais, esta é uma matéria definida pela lei de cada país. Há causas que não exigem presença de profissional do direito e que o próprio interessado, se julgar-se capaz, pode preparar a defesa de seus interesses. Há outras que o cidadão sequer pode comparecer à presença do juiz se não estiver acompanhado de um profissional do direito, devidamente habilitado na forma da lei.





Destaque-se ainda que a exigência de advogado definida em lei é fruto, como toda legislação, tanto de estudos sérios e profundos em defesa do interesse democrático da cidadania, quanto de lobbies profissionais em defesa de interesses corporativos e até casuísticos.





Fóruns do Poder Judiciário e Assembléias Batistas





Se há exigência da presença de advogados na maioria dos fóruns do Poder Judiciário, o mesmo não ocorre nas assembléias democráticas dos batistas. Nas assembléias, cada membro-mensageiro é advogado e a sentença é proferida pelo voto da maioria dos presentes. Assim, a razão para contarmos com o auxílio de advogados em nossas assembléias visa tão somente estarmos cientes do cumprimento ou não das leis do país e não sermos subjugados por advogados, alguns dos quais a desonestidade é visível, conquanto membros de igrejas.





Sentenças da Assembléia e Sentenças do Poder Judiciário





Parecer de assessoria jurídica sempre será parecer. Cabe ao plenário dar a sentença, pelo voto de aprovação ou rejeição ao parecer, podendo orientar-se ou não por ele. Se o assunto for controvertido e a sentença do plenário ao parecer provocar prejuízos claros de qualquer natureza – seja à instituição, seja aos interesses particulares dos integrantes -, que se busque recuperar o prejuízo através de sentença do Poder Judiciário, na forma da lei. Afinal, não pregamos, nós batistas, corroborando com Paulo, que a autoridade – inclusive a do Poder Judiciário – foi instituída por Deus (Rom. 13.1,5) e está a serviço de Deus (Rom. 13.6)?





O que não pode continuar acontecendo é a soberania das assembléias estarem subordinadas à interpretação que um advogado ou mesmo um grupo deles, dá aos textos da lei. Sim, falo de interpretação porque, na maioria dos casos, chama-se de “parecer jurídico” uma mera interpretação de texto. Não existe interpretação técnica desvinculada de algum tipo de posicionamento político, explicito ou implícito, objetivo ou subjetivo.





Prerrogativa de interpretação de textos





Interpretação de texto também não é prerrogativa de bacharéis em direito. Pressupõe-se que todos que passam pelos bancos de uma escola são ensinados a interpretar textos desde quando são ensinados a ler, até porque toda leitura, sem exceção, é uma interpretação. Além disso, diversas outras atividades profissionais – além das do Direito - exigem especialidade em interpretação de textos, inclusive o pastorado.





Precisamos, portanto, entender melhor o conceito “interpretação de texto” tanto quanto “parecer jurídico”, “parecer técnico”, “manipulação política”, pois todos estão relacionados ao exercício da advocacia e é direcionado para um objetivo que interessa ou, no mínimo, salta inconscientemente, como um ato falho, aos olhos de quem dá o parecer.





Consideração final





Já identifiquei 5 magistrados e uma infinidade de advogados na igreja à qual sirvo como pastor. Já trabalhei em mais de uma dezena de comissões de reforma de Estatuto ou Regimento Interno, de igrejas ou instituições batistas, ao lado de excelentes advogados. A alguns deles devoto uma admiração imensa, seja pela competência técnico-profissional, seja pelo caráter, pela maneira respeitosa, amorosa, sem empáfia, como tratam seus semelhantes. Esses compreenderão e certamente se aliarão ao espírito deste texto: o de coibir aqueles que estão transformando nossa democracia em “advocracia”; que, escondendo-se atrás de um diploma ou carteira da OAB, semeiam a usurpação, tratam nossa gente como feudos de ignorantes, destruindo um dos principais pilares das instituições batistas que é a soberania democrática de suas assembléias.



http://blogdoedvar.blogspot.com/2010/07/advocracia-batista.html

A VERDADEIRA OBRA DO ESPÍRITO SANTO

(Capítulo 2 do livro de Jonathan Edwards)



Um Resumo

Araúna dos Santos



Tendo por base o capítulo 4 da primeira epístola de João, o famoso pregador norte-americano Jonathan Edwards elaborou uma exposição sobre os sinais bíblicos que indicam a presença ou a ausência do Espírito de Deus numa pessoa, movimento ou igreja. A seguir estão as cinco características básicas de uma obra realizada sob a direção e o dominio do Espírito Santo, e não por força e manipulação de lideranças puramente humanas. É bom que se reflita sobre o que Jonathan escreveu, com base bíblica, para que nos situemos corretamente neste tempo de muitos modismos pentecostais, sem autenticidade escriturística. Leiamos o apóstolo João, através de Jonathan Edwards:



1 – “Quando a operação é tal que engrandece a estima das pessoas por aquele Jesus que nasceu da Virgem Maria e foi crucificado fora dos portões de Jerusalém, parecendo confirmar e estabelecer ainda mais na mente humana a verdade declarada pelo Evangelho de que Ele é o Filho de Deus e o Salvador dos homens, isto, sem dúvida, comprova que tal obra é do Espírito de Deus. (I João 4.2-3). Portanto, se o Espírito que age em meio a um povo é claramente percebido como aquele que realiza uma obra que convence as pessoas acerca de Cristo e as conduz a Ele – para confirmar em suas mentes a crença na história do Cristo que veio em carne e que Ele é o Filho de Deus, enviado pelo Senhor para salvar os pecadores, o único Salvador, esse é o Espírito de Cristo. E mais ainda, se esse Espírito parece gerar nas pessoas pensamentos sobre Cristo superiores, mais honrosos, do que elas costumavam ter, fazendo com que se voltem para Ele – tudo isso, sem dúvida, é sinal de que este é o Espírito verdadeiro e certo, por mais incapazes que sejamos de determinar se, para serem salvífícas, a convicção e a emoção sentidas pelas pessoas devem ter determinadas forma ou grau. Contudo, as palavras do apóstolo são notáveis. A pessoa a respeito de quem o Espírito dá testemunho e por quem Ele engrandece a estima dos homens deve ser aquele Jesus que veio em carne e não algum outro Cristo místico ou fantástico, como Seu substituto.”



2 – “Se o espírito que opera agir contra os interesses do reino de satanás, que consiste em promover e estabelecer o pecado, acalentando as concupiscências mundanas dos homens, então teremos aí uma evidência segura de que tal Espírito é verdadeiro e não falso. Este sinal nos é dado em I João 4.4-5. Com base nas palavras de João podemos determinar com segurança qual é o espírito que está agindo, de acordo com tais procedimentos: se diminui o apego dos homens aos prazeres, benefícios e honras do mundo; se arranca de seus corações a procura ambiciosa dessas coisas; se os envolve em uma profunda solicitude pela condição futura e pela felicidade eterna revelada no Evangelho, levando-os a uma busca zelosa do reino de Deus e Sua justiça; se os convence a respeito da terrível natureza do pecado, da culpa que ele provoca e da desgraça a que expõe as pessoas – esse só pode ser o Espírito de Deus.”

“A influência do Espírito de Deus é manifesta com maior abundância, se o coração das pessoas é desviado do mundo, libertado dos objetos de suas ambiçõese arrancado de suas ocupações mundanas pela pecepção da excelência das coisas divinas e por se apegar às alegrias espirituais de outro mundo, as quais estão prometidas no Evangelho.”



3 – “O espírito que opera gerando nos homens uma profunda consideração pelas Sagradas Escrituras, firmando-os ainda mais na verdade e divindade da Palavra do Senhor, certamente é o Espírito de Deus. Esta regra nos é dada pelo apóstolo em I João .4. 6 O diabo jamais tentaria criar nas pessoas qualquer estima pela Palavra divina, concedida por Deus para ser a grande e permanente regra de orientação de Sua igreja em todos os assuntos religiosos e em tudo o que se refere às almas dos homens, ao longo de todas as eras. O diabo sempre demonstrou rancor e ódio mortais por aquele livro sagrado, a Bíblia. Ele tem feito tudo o que pode para extinguir essa luz e dela desviar os homens. Ele sabe que esta é a luz pela qual seu império de trevas será destruido.” Podemos estar certos de que ele jamais tentará aumentar a estima ou o amor das pessoas pelas Escrituras. Em consequência, é comum vermos alguns fanáticos depreciando esta regra escrita, estabelecendo acima dela a luz interior de “revelações” ou alguma outra norma.”



4 – “Outra regra para discernimos os espíritos pode ser inferida a partir das formas de tratamento dado aos inimigos nas ultimas palavras de I João 4.-6 “. . . o espírito da verdade e o espírito do erro”. Elas revelam os caráteres opostos do Espírito de Deus e dos outros espíritos que falsificam suas obras. Portanto, se ao observarmos a maneira de agir de um espírito vemos que ele opera como espírito de verdade, levando pessoas à verdade e convencendo-as de coisas verdadeiras, então, podemos concluir com segurança que esse é o Espírito certo e verdadeiro. Se notamos que o espírito em operação aumenta nas pessoas a consciência de que Deus é o Senhor, e que nos tira das trevas e nos traz para a luz e nos livra do engano, por convencer-nos da verdade (mediante Sua Palavra revelada). Esse é Espírito Santo de Deus”.



5 – “Se o espírito que está em ação por meio de um povo opera como espírito de amor a Deus e ao homem, temos aí um sinal de que este é o Espírito de Deus. O apóstolo João enfatiza este sinal do versículo 6 até o fim do capítulo: “Amados, amemo-nos uns aos outros porque ao amor procede de Deus ; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” , etc. Ele menciona o amor como sinal por meio do qual identificamos quem tem o espírito verdadeiro. Isto se torna especialmente claro nos versículos 12 e 13.

“A característica mais evidente do verdadeiro amor divino sobrenatural – distinguindo-o das imitações que surgem de uma auto-estima natural – é que nele brilha a virtude cristã da humildade, qualidade que, mais do que todas as outras, renuncia, degrada e aniquila a palavra auto. O amor cristão é um amor humilde: “O amor é paciente, é benigno, amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal...” (I Co 13: 4-5). Quando vemos em alguém um amor acompanhado do reconhecimento de sua própria insignificância, sordidez, fraqueza e total insuficiência; esses são sinais claros da operação do Espírito de Deus.”



Do livro: A Verdadeira Obra do Espírito – Sinais de Autenticidade (Edições Vida Nova)

Vale a pena ler e refletir neste tempo de confusão doutrinária.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS:





1 – Desde o seu início, nas terras da Palestina, o Evangelho de Cristo tem experimentado deturpações e desvios de sua mensagem original. O ensino de Jesus, o Cristo, tem convivido com interpretações humanas destituídas de validade lógica e acuracia espiritual, quando o texto bíblico não é trabalhado segundo principios fundamentais de correta exegese e hermenêutica, sob a iluminação do Espírito Santo, cujo ministério é nos “ensinar toda a verdade” -João 14 a 16.. No contexto da própria revelação bíblica, especialmente do Novo Testamento, são inúmeras as referencias a desvios doutrinários fortemente refutados pela autoridade apostólica. Legalismo, Gnosticismo, Agnosticismo, Escatologia, Cristologia e mesmo Pneumatologia (Doutrina do Espírito Santo) são temas de desvios da doutrina de Cristo e dos Apóstolos muito cedo verificados e prontamente refutados e corrigidos pelos escritores bíblicos.



3 – Através de vinte séculos de história, o cristianismo de homens, socialmente manifesto, tem enfrentado heresias discordantes da pureza do Evangelho de Cristo. Pedro, o apóstolo chegou a afirmar que as cartas de Paulo “contêm algumas coisas difíceis de se entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (II Pd 3.16). É preciso ter mente crítica para analisar, com sólido conhecimento bíblico, as novidades que vão aparecendo no cenário religioso e evangélico, a fim de não se envolver, igualmente, em erros de interpretação e desvios doutrinários.



4 – Em nossos dias, convivemos, especialmente, com a heresia pentecostal divisionista. O adjetivo em si, aplicado à igreja de Cristo, já representa um desconhecimento de seu significado, origem e aplicação. O substantivo Pentecoste e seu adjetivo cognato se ligam à história de Israel e às experiências religiosas desse povo especial de Deus, separado para um propósito especifico e realizado. Leia sobre a instituição do Dia de Pentecoste em Levítico 23, que discorre sobre as Festas Sagrados dos israelitas. ordenadas na Lei de Moisés. Uma Igreja Evangélica Pentecostal é um a contradição de termos. Um não pode se aplicar ao outro. Um exclui o outro. Se é igreja de Cristo não pode ser pentecostal. Se é pentecostal,não pode ser igreja de Cristo.



5 – O relato de ATOS 2 , que esclarece sobre o momento da realização da promessa de Deus (Joel 2..28) reafirmada por Jesus Cristo (Atos 1.8, Lc 24..49), deve ter seu foco no cumprimento da promessa de Deus e não no Dia de Pentecoste. Aquele dia de festa se repete até hoje na experiência religiosa de Israel. Mas a promessa do ministério pleno do Espírito Santo já se cumpriu, desde que Jesus Cristo foi glorificado (João 6.37-39). Essa a razão por que não se espera “novo Pentecoste” no sentido de derramamento do Espírito. O Espírito já está entre nós. O Espírito já está em nós que confessamos a Cristo como Salvador, Senhor e Mestre. A experiência do Espírito, com o falar em línguas estrangeiras, sem as ter aprendido, conforme aconteceu em Jerusalém nos dias apostólico, não se repete mais. A promessa já se cumpriu e foi confirmada. O Espírito já se tornou disponível para toda carne. O que era restrito a algumas pessoas, entre os israelitas, antes da glorificação de Cristo, agora está estendido a todos: SER CHEIO DO ESPÍRITO.

fonte:
http://vigiai.net/news.php?readmore=3627

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Um estudo sobre as ''Obras da Lei'' em Gálatas

A nova perspectiva sobre Paulo: um estudo sobre as ''Obras da Lei'' em Gálatas


Augustus Nicodemus

RESUMO

Este artigo* versa sobre a maneira como Paulo tem sido interpretado em sua relação com a lei de Moisés desde a época da Reforma até o presente. O autor se detém particularmente na interpretação mais recente adiantada por estudiosos de renome, de que a igreja tem entendido erroneamente essa relação e que o judaísmo do primeiro século não era legalista, mas uma religião da graça. Paulo nunca teria combatido as obras da lei porque eram legalismo, mas sim por serem identificadores culturais de Israel, o que estabelecia uma distinção entre judeus e gentios. O autor examina as pretensões da chamada “nova perspectiva sobre Paulo” a partir do livro de Gálatas, detendo-se no exame da expressão “obras da lei”. Ele conclui que exegeticamente a “nova perspectiva” não pode apoiar-se nessa carta de Paulo e que a visão tradicional de que o apóstolo combate a salvação pelas obras da lei é a que melhor explica os textos em exame.

PALAVRAS-CHAVE

Lei; Legalismo; Judaísmo; Judeus; Fariseus; Paulo; Obras da lei; Graça; Dunn; Sanders; Gálatas.

INTRODUÇÃO

Desde o seu início, o cristianismo debate-se com uma questão crucial: qual é exatamente a posição da lei de Moisés dentro da nova dispensação da graça? Não se trata de uma discussão teológica sem valor prático. Várias alternativas práticas dependem das respostas.1

O debate tem se concentrado historicamente nas cartas de Paulo aos Romanos e aos Gálatas, e mais recentemente na expressão “obras da lei” , que ocorre oito vezes nessas cartas: duas vezes em Romanos (3.20,28) e seis vezes em Gálatas (2.16, três vezes; 3.2,5; 3.10). Em todas essas ocorrências, a expressão ocupa posição central no contexto, e é usada com uma conotação negativa. Paulo emprega-a cinco vezes para negar que a justificação pode ser obtida por intermédio da lei (Rm 3.20,28; Gl 2.16). A expressão também é usada negativamente para se referir aos que estão debaixo da maldição da lei (Gl 3.10).



Não é de admirar, portanto, que dentro da interpretação tradicional do cristianismo histórico as “obras da lei” sempre tenham sido encaradas de forma negativa e entendidas como parte da polêmica de Paulo contra o sistema judaico de salvação por obras e méritos humanos. De acordo com essa interpretação, Paulo usa a expressão “obras da lei” para se referir aos atos de obediência à lei de Moisés realizados pelos judeus da sua época, com a intenção de obter méritos diante de Deus. Paulo rejeita as “obras da lei”, em primeiro lugar, porque nunca foi propósito de Deus que a lei servisse de caminho de salvação. Em segundo lugar, porque o homem é totalmente corrompido e fraco, devido ao pecado, e, portanto, incapaz de cumprir as exigências da lei. Assim, para Paulo, ninguém pode se justificar pelas “obras da lei” simplesmente porque ninguém é capaz de fazer tudo o que a lei exige.2

1. O SURGIMENTO DA “NOVA PERSPECTIVA SOBRE PAULO”

A interpretação tradicional que por muito tempo dominou a área de estudos paulinos começou a ser contestada recentemente, de forma séria, por vários estudiosos.

Veremos a seguir os estudiosos que mais se destacaram como responsáveis pelo surgimento e difusão da “nova perspectiva sobre Paulo”. É importante lembrar que essa não é uma recensão exaustiva da história do surgimento dessa ideia, mas um mapeamento dos seus principais atores.

1.1 E. P. Sanders

Depois dos artigos de Krister Stendhal e Werner Kümmel3, a obra que possivelmente mais tem contribuído para uma mudança de perspectiva sobre o judaísmo e Paulo é o livro de E. P. Sanders, Paul and Palestinian Judaism4. Partindo de suas pesquisas em material rabínico, Sanders argumenta que o judaísmo da Palestina na época de Jesus e Paulo não era uma religião legalista, preocupada em acumular méritos diante de Deus; antes, era uma religião baseada na graça de Deus revelada nas alianças com Israel, especialmente no Sinai.



Portanto, longe de ser legalista, o fariseu da época de Jesus e de Paulo já se considerava, por nascimento, dentro da graça e da aliança. Ele não praticava as “obras da lei” de forma legalista nem para justificar-se mas simplesmente para manter-se dentro do círculo da aliança. Sanders, então, conclui que o padrão religioso do judaísmo palestino não era “legalismo”, mas “nomismo pactual” (covenantal nomism). Partindo dessas premissas, Sanders afirma em outra obra sua que o assunto discutido em Gálatas “não é se as pessoas podem acumular méritos suficientes para ser absolvidas no juízo; antes, o que se discute é a base sobre a qual os gentios podem ser incluídos no povo de Deus”5.

A tese de Sanders, em que pese a sua influência e impacto, encontrou diversos oponentes e críticos que apontaram as suas diversas e óbvias fraquezas. Primeiro, a distinção que ele faz entre “ser justificado diante de Deus” (que para ele não era a preocupação nem de Paulo nem dos judeus nem de ninguém no século I) e “entrar no povo de Deus” permanece sem uma justificativa clara e sem uma explicação sobre em que essas duas coisas são diferentes.

Segundo, Sanders manipulou as informações recolhidas das fontes rabínicas, pois omitiu as evidências de que o judaísmo palestino era de fato legalista. Terceiro, ele pressupõe que o Judaísmo da Palestina era monolítico, isto é, uma religião cujos ramos e variantes tinham a mesma opinião sobre fé, obras e o pacto – algo que simplesmente não pode ser provado. Por fim, a tese de Sanders acaba pressupondo que esse autor sabe mais sobre o judaísmo do século I do que Jesus e Paulo6. Apesar de tudo, as ideias de Sanders continuam a influenciar até hoje a área de estudos paulinos.

1.2 James Dunn

Um outro autor que tem contribuído em muito para essa “nova perspectiva sobre Paulo” é James Dunn. A sua abordagem sociológica tem recebido vasta aceitação. Para ele, Paulo ataca as “obras da lei” não porque elas expressam algum desejo de alcançar mérito por parte dos judeus, mas porque entende que elas fazem uma distinção entre os judeus, o povo de Deus da antiga dispensação, e os gentios, a quem o evangelho está sendo oferecido. As “obras da lei”, que Paulo identifica como restritas à circuncisão, às leis sobre alimentos puros e impuros (kashrut) e aos dias especiais do calendário judaico, são emblemas que caracterizam o judaísmo e devem ser rejeitadas porque enfatizam a separação entre judeus e não-judeus, a qual Cristo veio abolir7.

Os trabalhos de Sanders e Dunn, entre outros, têm influenciado de forma decisiva o debate atual acerca da perspectiva de Paulo sobre a lei. Percebe-se uma mudança na abordagem de vários estudiosos na direção de uma percepção mais positiva e menos crítica do judaísmo, dos judeus e da lei8. Como consequência, Paulo tem sido visto de forma negativa, como detentor de uma perspectiva distorcida da religião dos seus pais,9 ou mesmo como mal-intencionado em sua maneira de caricaturar e de condenar o judaísmo.10 E o que é ainda mais sério, a polêmica de Paulo contra as “obras da lei” é lançada no vácuo, já que, segundo a “nova perspectiva”, ninguém no primeiro século estava dizendo que a salvação era por obras, muito menos os judeus. Como explicar, então, o ataque consistente de Paulo contra as “obras da lei”, especialmente em Gálatas? Segundo os exegetas da “nova perspectiva”, ou Paulo entendeu mal o judaísmo da sua época (Schoeps), ou então não estamos entendendo bem Paulo (Sanders, Dunn). Ele realmente nunca foi contra as “obras da lei” como um caminho falso de salvação, como Lutero e outros reformadores disseram, e suas críticas à lei, às “obras da lei” e ao judaísmo precisam ser interpretadas de maneira diferente da tradicional.

2. AS “OBRAS DA LEI” EM GÁLATAS

A carta chave de todo esse debate é Gálatas, e é nela que veremos se a tese da “nova perspectiva” pode ser substanciada exegeticamente. Na discussão que se segue, estaremos preocupados apenas com uma questão: Por que motivo Paulo rejeita as “obras da lei”? É porque elas fazem parte do sistema legalista do judaísmo da sua época, sendo incompatíveis com a salvação pela graça, mediante a fé em Cristo (interpretação tradicional)? Ou simplesmente porque fazem distinção entre judeus e gentios (nesse caso, a interpretação tradicional estaria precisando de revisão)? Em nossa pesquisa, estaremos interagindo especialmente com as ideias de James Dunn, considerando que elas têm alcançado proeminência entre as demais linhas da “nova perspectiva”.

2.1 A identidade dos oponentes de Paulo

O significado de “obras da lei” , em Gálatas está essencialmente ligado a algumas questões introdutórias sobre a carta, especialmente o propósito dos oponentes de Paulo na Galácia. Segundo Paulo, eles pregavam “outro evangelho” com a intenção de “perverter o evangelho de Cristo” (1.6,7). Aparentemente, esses pregadores estavam minando a autoridade de Paulo como apóstolo, com o objetivo de resgatar os gálatas de debaixo da sua influência e assim ganhar-lhes a atenção (4.17).

A identidade desses oponentes de Paulo tem sido bastante debatida.11 Aparentemente eles pertenciam à facção farisaica da igreja de Jerusalém, conhecida como “os da circuncisão” (οἱ ἐκ περιτομῆς, At 11.2) devido ao seu ensino enfático sobre a necessidade da circuncisão para a salvação dos gentios (At 11.3; 15.1-5; Gl 2.1-5,11-13; 6.12-13).12 A julgar pelo que Paulo menciona, eles haviam obtido algum sucesso (1.6), pois alguns dos gálatas já estavam guardando os dias santos do calendário judaico (4.9) e outros estavam prestes a se deixar circuncidar (5.2-3). Em resumo, eles estavam abandonando o evangelho pregado por Paulo e adotando um tipo de religião judaico-cristã com fortes tendências legalistas, que requeria as “obras da lei” em acréscimo à fé em Cristo (2.16; 3.10; 4.8-11; 5.2-3).

Alguns estudiosos têm sugerido que, exigindo essas coisas, os “judaizantes” estavam tratando apenas da questão de “como se tomar um herdeiro completo de Abraão” (3.29; 4.1-7,30) ou mesmo propondo um caminho mais excelente de perfeição cristã (3.1-5). Dunn tem mesmo avançado a hipótese de que, de acordo com 2.15-16a, o judaísmo do primeiro século sabia que a salvação era pela fé e não por obras da lei e, portanto, o que estava em jogo na Galácia não era a justificação.13 Entretanto, transparece da carta aos Gálatas que, para Paulo, o que estava prestes a ocorrer com os destinatários era uma questão de vida ou morte. Se eles se submetessem às exigências daqueles pregadores, estariam abandonando o verdadeiro evangelho, renegando a graça de Deus, anulando a obra de Cristo, colocando-se debaixo da maldição da lei e decaindo da graça. Pouca dúvida resta de que, para o apóstolo, o que estava sendo ameaçado era o próprio conceito de justificação. É esse o assunto que o preocupa, mesmo quando aborda a questão da herança de Abraão, incluindo a promessa do Espírito (3.6-9, 29; 3.26 com 4.5-7; 3.4; 3.1-2 com 4.6; Ef 1.13).

2.2 O sentido de “lei” em Gálatas

Esse ponto torna-se ainda mais claro quando observamos em que sentido Paulo usa a palavra “lei” , em sua argumentação contra a mensagem dos seus opositores. Na maioria das 30 vezes em que a usa em Gálatas, ele se refere à lei de Moisés e, dentre essas, 16 vezes a referência é claramente à lei de Moisés como um todo (2.16,19,21; 3.2,5,10,13,17-19; 4.21a; 5.3-4,18; 6.13) e quatro vezes à administração sinaítica do Antigo Testamento (3.23-25; 4.4; 5.14).14 É seguro concluir que Paulo usa o termo “lei” em Gálatas principalmente para referir-se ao corpo de regulamentos dados por Deus a Israel mediante Moisés no Sinai, e como tal ela é abordada pelo apóstolo nessa carta, não em sua função social e nacional como emblema do judaísmo, mas como o conjunto de requisitos legais de Deus em relação aos judeus, os quais os oponentes de Paulo queriam impor aos gentios. Notemos que Paulo menciona a lei apenas no que se refere à relação do homem com Deus (teológica), não quanto à identidade nacional de um povo (sociológica). Assim, é evidente pela forma como Paulo usa , que a expressão “obras da lei” refere-se às obras realizadas em obediência à lei com propósito salvífico.15

É possível que Dunn esteja certo ao afirmar que Paulo, em Gálatas 2.16, tem em mente apenas os preceitos da lei enfatizados pelos seus oponentes, não a lei como um todo. O que estaria em discussão era principalmente a circuncisão (2.3) e as leis cerimoniais de alimentos puros e impuros (2.12). Dunn observa corretamente, em minha opinião, que estes dois preceitos da lei, juntamente com a observância dos dias especiais do calendário judaico (principalmente o sábado), eram as principais características do judaísmo do período do segundo templo, os “emblemas” da religião judaica. Em outras palavras, se perguntassem a qualquer pessoa do primeiro século o que era um judeu, a resposta provavelmente incluiria a menção de todos ou de alguns desses elementos. Não é de admirar, portanto, que os adversários de Paulo estivessem insistindo nesses pontos em sua catequese dos crentes gentílicos da Galácia.

2.3 O sentido de “obras da lei”

Embora essa sugestão de Dunn seja atraente, é mais provável que Paulo esteja usando a expressão “obras da lei” num sentido mais amplo em 2.16, como uma conclusão generalizada. Longenecker, que prefere essa possibilidade, acha que Paulo usa “obras da lei” para sinalizar “todo o complexo legalista de ideias relacionadas com o adquirir do favor divino pelo acúmulo de méritos mediante a observância da Torá”16.

Essa interpretação mais ampla de “obras da lei” em 2.16 é confirmada em 3.10: “Todos quantos são das obras da lei estão debaixo de maldição, porque está escrito: ‘Maldito todo o que não permanece em todas as coisas escritas no livro da lei para fazê-las’”. Ser das “obras da lei” implica em cumprir toda a lei – e isto representa mais que os mandamentos sobre circuncisão, alimentos e dias santos.

Algumas versões na língua inglesa introduziram em 3.10 a palavra “confiam” antes de “obras da lei” (“malditos os que confiam nas obras da lei”), refletindo o sentido óbvio do pensamento de Paulo (NIV, RSV; ver também Phillips). Mas nem todos estão satisfeitos com essa interpretação. Dunn, de forma característica, entende que os que são das “obras da lei” não são necessariamente os legalistas, mas “todos os que restringem a graça e a promessa de Deus sob aspectos nacionalistas”.17 Outros, como Braswell, tomam a expressão num sentido bem mais amplo, como uma referência aos judeus em geral, visto que, para Paulo, eles eram o único povo debaixo da lei de Moisés.18 Essa ideia, entretanto, minimiza a força da expressão “todos quantos” , que aponta para os que são das “obras da lei” como um grupo específico, em contraste com os que são “da fé&rdquo , no v. 9. Portanto, a referência em 3.10 não pode ser aos judeus como um todo, mas aos que dentre eles confiavam numa observância legalista da lei como caminho para a vida.19

Podemos ainda apelar para outro argumento, que fortalece a interpretação tradicional. A citação de Paulo nesse versículo (3.10) é de Deuteronômio 27.26. Paulo segue aqui a Septuaginta, que adiciona ao texto hebraico original “todo o homem” e “todas” antes de “as coisas escritas no livro da lei”.20 Por que Paulo preferiu seguir a Septuaginta nessa citação e não o Texto Massorético? Provavelmente porque a Septuaginta, ao expandir o texto hebraico durante a tradução, dando-lhe uma ênfase mais universal e qualificando a lei como um conjunto de requisitos, serve melhor ao argumento do apóstolo a esta altura. A citação deliberada da Septuaginta, nesse contexto, é mais uma indicação de que, para Paulo, “os que são das obras da lei” eram os que confiavam na obediência à lei de Moisés como o caminho para obter o favor divino.

2.4 “Obras da lei” em contraste

Abordemos o assunto de outra perspectiva. Devido ao caráter polêmico da epístola, Paulo sempre contrasta a expressão “obras da lei” com outras expressões, o que indiretamente nos fornece indicações do seu significado para o apóstolo. Em 2.16, por exemplo, Paulo duas vezes coloca “obras da lei” em paralelismo antitético com “fé em Cristo Jesus” O sentido exato dessa expressão tem sido amplamente debatido em vista da sua sintaxe ambígua. Trata-se de um genitivo subjetivo ou objetivo? A maioria dos exegetas tem optado por um genitivo objetivo, “fé em Jesus Cristo”.21 Entretanto, reconhecemos que mesmo a tradução “fé de Cristo Jesus” não alteraria de forma significativa o argumento de Paulo, quando contrasta a expressão com “obras da lei”. A questão permanece a mesma: não é por praticar as obras requeridas pela lei que alguém é salvo, mas pela dependência de Deus e de Jesus Cristo como Salvador.

Tal contraste entre obras e fé, que também aparece em outros escritos de Paulo (ver Rm 2.20,28; 3.8,24; 4.5; 5.1; Ef 2.8-12; 3.2; Fp 3.9), em Gálatas faz parte do contraste maior que Paulo está fazendo entre a mensagem dos seus adversários e o evangelho genuíno que ele prega. Esse contraste é apresentado de várias formas: carne e Espírito (3.2,5; 5.18-25), Agar e Sara (4.21-31), a aliança feita mediante Moisés e a promessa feita a Abraão (3.15-22). Em todos esses casos, temos a impressão de que Paulo está estabelecendo claramente a diferença fundamental entre as duas mensagens: a tentativa de merecer a absolvição divina pela acumulação de méritos em contraste com a recepção simples dessa absolvição mediante a fé em Cristo Jesus. Como parte desse contraste abrangente, as “obras da lei” são entendidas como uma execução legalista dos requisitos da lei de Moisés.

Outra expressão usada por Paulo em contraste com “obras da lei” é “ouvir com fé duas vezes em 3.1-5). Nessa passagem, Paulo argumenta com os gálatas, com base na experiência dos mesmos no passado e no presente, que a recepção do Espírito e a sua atuação poderosa entre eles decorriam não das “obras da lei”, mas do “ouvir com fé” (3.2,5). A expressão ἐξ ἀκοῆς πίστεως também não é fácil de traduzir, porque mais uma vez temos um genitivo que pode ser tanto subjetivo quanto objetivo e duas palavras que podem comportar várias traduções diferentes (embora relacionadas), ἀκοῆς e πίστεως. Entretanto, independentemente da tradução adotada, o argumento de Paulo permanece invariável. Em última análise, o contraste entre “obras da lei” e “ouvir com fé”, conforme Hays afirma, estabelece ambas como alternativas mutuamente excludentes, que destacam a diferença e a justaposição entre a atividade humana e a atividade divina.22

Em 3.9-10, Paulo coloca “os que são das obras da lei” em correspondência antitética com os que são “da fé” . Essa passagem pertence ao argumento final de Paulo de que Abraão foi justificado pela fé e de que Deus prometeu abençoar todas as nações em sua descendência (3.6-8). Os que são (v. 9) são abençoados com o crente Abraão, ao passo que os que são ἐξ ἔργων νόμου são malditos pela lei. Se pudermos ler aqui o argumento de Paulo em 3.16-18, o contraste entre esses dois grupos toma-se mais claro.23 Os que são “da fé” são justificados como Abraão, sem as “obras da lei”. No caso de Abraão, a lei não havia sido dada ainda. O outro grupo, os das “obras da lei”, justificam-se pela lei de Moisés, que veio 430 anos após Abraão. O contraste é soteriológico. As “obras da lei” aqui, bem como em toda a carta, referem-se a obras realizadas em obediência à lei de Moisés com propósito meritório.

Praticar as “obras da lei” em 2.16 tem ainda um paralelo em 2.21, a “justiça mediante a lei”, que Paulo coloca em irreconciliável oposição aos efeitos da morte de Cristo. O contexto e a semelhança das duas expressões autorizam-nos a estabelecer o paralelo. O resultado é que praticar as “obras da lei”, por inferência, é incompatível com os propósitos da morte de Cristo. Para que a justaposição no v. 21 entre a morte de Cristo e a justiça mediante a lei seja válida, é necessário que esta última seja entendida como atividade humana, padronizada pela lei, desde que a morte de Cristo, como Paulo geralmente indica, é resultado da iniciativa e da atividade de Deus com o objetivo de salvar pecadores (Gl 4.4-5; Ef 1.7-8; Cl 1.19-20; Rm 3.25-26).

CONCLUSÃO

Esperamos que nossa rápida pesquisa tenha demonstrado que o ataque de Paulo às “obras da lei” em Gálatas faz parte da sua polêmica mais geral contra o sistema legalista e inadequado do judaísmo palestino como uma religião de méritos e em direta oposição ao evangelho da graça revelado em Cristo, conforme tradicionalmente se vem afirmando. Embora a ênfase de Dunn na função sociológica da lei nos desafie a ampliar nossa interpretação e incluir também este aspecto na polêmica de Paulo contra as “obras da lei” em Gálatas, sua tese fundamental, bem como muitas teses da “nova perspectiva” sobre o judaísmo e Paulo, não pode ser aceita senão mediante severas restrições e qualificações. Portanto, desde que não conseguimos ser convencidos por elas, resta-nos permanecer com a interpretação tradicional, que, mesmo parecendo antiquada e indefensável para muitos, continua refletindo mais exatamente a intenção de Paulo ao afirmar que a salvação é pela fé, sem as “obras da lei”.

A “nova perspectiva” sobre Paulo continua a influenciar grandemente os estudos paulinos. Inclusive estudiosos evangélicos têm abraçado alguns de seus postulados, embora não cheguem ao ponto de considerar Paulo como equivocado ou inconsistente. Partindo da nossa investigação acima, podemos oferecer uma crítica abordando pelo menos dois pontos.

Primeiro, a “nova perspectiva” acaba atacando a autoridade das Escrituras. Na verdade, é uma “velha perspectiva” sobre as Escrituras. Ela acaba por presumir com relação ao Novo Testamento o mesmo ceticismo histórico que tem marcado os estudos críticos modernos. Ou seja, os escritos do Novo Testamento devem ser tratados como qualquer outro livro de religião, e seus escritores como os demais autores humanos. Admite-se a priori que poderiam ter cometido erros históricos, passado informações falsas e caído em frequentes contradições. Nem todos os que aceitam algumas das ideias da “nova perspectiva” são necessariamente liberais em sua maneira de tratar as Escrituras. Ao fim, porém, temos de escolher entre o quadro que elas nos dão do judaísmo e dos fariseus do século I e aquele reconstruído por Sanders e demais estudiosos que o seguem.

Segundo, a “nova perspectiva” deixa os opositores de Jesus e Paulo sem identificação. Embora o trabalho de demolição feito pelos críticos da “nova perspectiva” seja bem apresentado e desenvolvido, pouco ou nada tem sido erguido sobre as ruínas. A reconstrução que fazem de Jesus, de Paulo e do judaísmo daquela época acaba não convencendo ninguém a não ser os seus proponentes. Não há unanimidade entre eles, por sinal. James Dunn criticou duramente o Jesus reconstruído por Sanders.

ABSTRACT

This article deals with the Christian church’s understanding of Paul and his relation to the law of Moses, from the Reformation to the present. The author focuses at greater length on a recent understanding advanced by renowned scholars that the church has understood erroneously this relationship. First century Judaism was not a religion of works but of grace. Paul never attacked the works of the law because they were legalistic but because they were identifying markers of first century Judaism, thus establishing a distinction from the Gentile Christians. The author examines “works of the law” in the letter to the Galatians in order to verify the claims of the so called “new perspective on Paul”. He concludes from an exegetical point of view that the “new perspective” cannot be supported from Paul’s writing to the Galatians and also that the traditional view of historical Christianity, that Paul is struggling against salvation by works, is still the best explanation for his writings on the subject.

KEYWORDS

Law; Legalism; Judaism; Jews; Pharisees; Paul; Works of the law; Grace; Dunn; Sanders; Galatians.

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* O presente artigo é baseado no capítulo de sua autoria, LOPES, Augustus Nicodemus. Um Estudo sobre as Obras da Lei em Gálatas. In: PIERATT, Alan (org.). Chamados para servir: ensaios em homenagem a Russell P. Shedd. São Paulo: Vida Nova, 1994, p. 65-73.

1 Um exemplo bem próximo de um estudioso que partiu de detalhada análise exegética da Escritura para abordar a questão prática e urgente do legalismo dentro do evangelicalismo brasileiro é o Dr. Russell Shedd, em seu livro SHEDD, Russell P. Lei, graça e santificação. São Paulo: Vida Nova, 2000.

2 Essa interpretação tradicional, de certa forma, está representada no liberalismo luterano alemão. Rudolph Bultmann argumenta que Paulo fala de forma negativa sobre a lei e sobre as “obras da lei” porque ambas levam à autoconfiança e à justiça própria. Até os esforços para guardar a lei, segundo Bultmann, são pecaminosos em si mesmos. Ver BULTMANN, R. Theology of the New Testament. New York: Scribner’s, 1951, vol. 1, p. 262-267. Vários outros exegetas têm seguido Bultmann, como Käse- mann e Hubner. Veja a crítica de Thomas R. Schreiner a essa linha de pensamento em SCHREINER, Thomas R. Works of the Law in Paul. Novum Testamentum. 33:217-44, especialmente p. 238-421.

3 Krister Stendahl lançou a famosa tese de que a interpretação tradicional usa os óculos de Lutero para interpretar Paulo; ver STENDHAL, Krister. Paul among Jews and Gentiles. Augsburg: Fortress Press, 1976, p. 78-96. Para uma crítica penetrante das suas idéias, consulte SPY, John M. ‘Paul’s Robust Conscience’ Re-examined. New Testament Studies 31:161-188. Ver também KÜMMEL, Werner O. Römer 7 und das Bild des Menschen im Neuen Testament: Zwei Studien. In: Theologische Bucherei, vol. 53. Kaiser, 1974. Veja uma resenha dessa obra pelo próprio Stendhal em Sartryck 25:59-63. Kümmel questionou seriamente a interpretação tradicional de Romanos 7 como uma autobiografia de Paulo e também influenciou profundamente os estudos posteriores.

4 SANDERS, E. P. Paul and Palestinian Judaism: a comparison of patterns of religion. Augsburg/ London: Fortress Press/SCM, 1977. Veja porém um sumário das diferenças básicas entre a soteriologia judaica e o ensino de Paulo na avaliação do livro de Sanders por COOPER, Karl T. Paul and Rabbinic Soteriology. Westminster Theological Journal 44:123-39, especialmente p. 137.

5 SANDERS, E. P. Paul, the law and the Jewish people. Augsburg: Fortress, 1985, p. 18. Em português, ver SANDERS, E. P. Paulo, a lei e o povo judeu. São Paulo: Paulus, 1990. Para uma avaliação dessa obra, ver SCHREINER, Thomas R. Paul and Perfect Obedience of the Law: An Evaluation of the View of E. P. Sanders. Westminster Theological Journal, 47:245-78. Ver ainda as críticas de SILVA, Moisés. The Law and Christianity: Dunn’s New Synthesis. Westminster Theological Journal 53:339-53; SCHREINER, Works of the Law in Paul, p. 217-44; GUNDRY, R. H. Grace, Works and Staying Saved in Paul. Biblica 66:1-38.

6 Ver mais críticas do ponto de vista conservador em SILVA. The Law and Christianity: Dunn’s New Synthesis, p. 339-353; SCHREINER. Works of the Law in Paul, p. 217-44; GUNDRY. Grace, Works and Staying Saved in Paul, p.1-38.

7 DUNN, James D. G. The New Perspective on Paul. Bulletin of John Rylands Library 65:94- 122; Works of the Law and the Curse of the Law. New Testament Studies 31:523-42. Ver ainda DUNN, James D. G. (ed.). Paul and the Mosaic Law. Grand Rapids: Eerdmans, 2000; DUNN, James D. G. A teologia do apóstolo Paulo. São Paulo, Paulus, 2003.

8 Para um resumo dos avanços mais recentes ver MOO, Douglas. Paul and the Law in the Last Ten Years. Scottish Journal of Theology 40:287-307; SCHREINER, Works of the Law in Paul, p. 217- 44; BARCLAY, John M. O. Paul and the Law: Observations on some Recent Debates. Themelios 5:15; e Obeying the Truth: A Study of Paul’s Ethics in Galatians. In: RICHES, John (ed.). Studies of the New Testament and its world. London: T & T Clark, p. 1-6. Ver também o excelente trabalho de Martin McNamara sobre como a crítica evangélica tem abordado o judaísmo deste os tempos patrísticos: MAC- NAMARA, Martin. Palestinian Judaism and the New Testament. Delaware: Michael Glazier, 1983, p. 17-44.

9 Esse conceito é especialmente defendido pelo conhecido estudioso judeu do Novo Testamento H. J. Schoeps, o qual argumenta que Paulo basicamente se confundiu em sua avaliação do judaísmo de sua época. SCHOEPS, Hans-Joachim. Paul – the theology of the apostle in the light of Jewish religion history. London: Lutterworth, 1961, p. 65-77, 171-83, 213-17.

10 H. Räisänen representa essa posição. Ele acredita que a avaliação de Paulo sobre a lei é incon- sistente e contraditória. Ver RÄISÄNEN, H. Paul’s Theological Difficulties with the Law. In: Studia Bíblica III. LIVINGSTONE, E. A. (ed.). Journal of Studies for the Old Testament 1980, p. 301-320.

11 Ver a revisão da história da interpretação desse ponto até a década de 80 por BRINSMEAD, Bernard H. Galatians – Dialogical Response to Opponents. In: SBL Dissertation Series. BAND, W. (ed.), Scholars, 1982, p. 9-22.



12 Ver SCHOEPS, Paul – the theology of the apostle in the light of Jewish religion history, p. 65-77; 171-83; 213-17. Em minha opinião, esse proselitismo do partido farisaico da igreja de Jerusalém era exe- cutado sem apoio formal dos apóstolos Pedro e Tiago (ver At 15.7-20,24; 11.12-13). A declaração de Paulo de que alguns “da parte de Tiago” vieram a Antioquia (Gl 2.10-13) não é suficiente para estabelecer uma associação formal entre os judaizantes e Tiago e não tem recebido a mesma interpretação dos estudiosos.

13 DUNN, The New Perspective on Paul, p. 106.

14 Outras classificações têm sido sugeridas. Ver, por exemplo, MOO, Douglas. Law, “Works of the Law” and Legalism in Paul. Westminster Theological Journal 45:73-100. T. David Gordon afirma que o elemento unificador em todas essas ocorrências é o conceito da lei como “administração sinaítica”, que funciona como um amplo “guarda-chuva” para todos os subconceitos. Ver GORDON, T. David. A Note on paidagwgo.j in Gal. 3.24-25. New Testament Studies 35:150-54, e também GORDON, T. David. The Problem at Galatia. lnterpretation 41:32ss.

15 C. E. Cranfield sugere que Paulo usa “lei” no sentido de “legalismo”. Ver seu artigo CRANFIELD, C.E. St. Paul and the Law. Scottish Journal of Theology 17:43-68 e também FULLER, Daniel. Gospel and Law: Contrast or Continuum? The Hermeneutics of Dispensationalism and Covenant Theology. Grand Rapids: Eerdmans, 1980, p. 89-102.

16 LONGENECKER, Richard N. Galatians. In: Word Biblical Commentary. Dallas: Word Books, 1990, p. 86.

17 DUNN, Works of the law and the curse of the law, p. 536. Ver também DONALDSON, Terence. The Curse of the Law and the Inclusion of Gentiles: Gal 3:13-14. New Testament Studies 32:94-112.

18 BRASWELL, Joseph. The Blessing of Abraham Versus the Curse of the Law – Another Look at Gl 3.10-13. Westminster Theological Journal 53:73-91.

19 Este é também o pensamento de Longenecker. Ver Galatians, 116.

20 O texto hebraico reza taZhO -; hrA” Th; yrbE D. -I ta, ~yqyi -” al{ rva, ] rWra,’ “Maldito o que não confirmar as palavras desta lei”, enquanto que a LXX expandiu o sentido ao traduzir como Ἐπικατάρατος πα̂ς ἄνθρωπος, ὃς οὐκ ἐμμενει̂ ἐν πα̂σιν τοι̂ς λόγοις “Maldito todo homem que não permanecer em todas as palavras...”.

21 Para um resumo dos debates ocorridos à época do assunto, ver CAMPBELL, Douglas A. The Rhetoric of Righteousness in Romans 3.21-26. In: JSNT Supplement Series, JSOT,1992, 65:58-62. Ver também a interessante sugestão de HAYS, Richard B. The faith of Jesus Christ – an investigation of the narrative substructure of Galatians 3.1-14. In: SBl Dissertation Series Scholars, 1983, 56:142.

22 Veja The Faith of Jesus Christ, p. 147.

23 Para Hansen, o contraste em 3.1-4.11 pertence ao clímax do padrão quiástico da passagem. Ele pressupõe a sugestão de N. Dahl de que a carta aos Gálatas segue o padrão das cartas de repreensão e de solicitação, e também a tese de J. Bligh de que Gálatas é estruturada de acordo com um padrão quiástico (HANSEN, O. Walter. Abraham in Galatians – epistolary and rhetorical contexts. In: JSNT Supplement Series, JSOT, 1989, 29:17).



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