quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A Plano de Deus para a Agenda Gay

Por John MacArthur





John MacArhtur, autor de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master’s College and Seminary e do ministério “Grace to You”; John e sua esposa Patrícia têm quatro filhos e quatorze netos.





Se você tem visto os títulos de manchetes de jornais nos últimos anos, talvez tenha observado o incrível aumento do interesse por afirmar a homossexualidade. Quer esteja no âmago de um escândalo religioso, de corrupção política, de legislação radical e da redefinição do casamento, o interesse homossexual tem caracterizado a América. Isso é uma indicação do sucesso da agenda gay. Mas, infelizmente, quando as pessoas se recusam a reconhecer a pecaminosidade do homossexualismo — chamando o mal bem e o bem, mal (Is 5.20), elas o fazem em prejuízo de muitas almas e, talvez, de si mesmas.



Como você deve reagir ao sucesso da agenda gay? Deve aceitar a tendência recente em direção à tolerância? Ou ficar ao lado daqueles que excluem os homossexuais e condenam com veemência o pecado? A Bíblia nos exorta a um equilíbrio entre o que as pessoas consideram duas reações opostas — condenação e compaixão. De fato, essas duas atitudes juntas são elementos essenciais do amor bíblico, do qual os homossexuais necessitam desesperadamente. Os defensores do homossexualismo têm sido notavelmente eficazes em promover suas interpretações distorcidas de passagens da Bíblia. Quando você pergunta a um homossexual o que a Bíblia diz a respeito da homossexualidade — e muitos deles o sabem — percebe que eles absorveram um interpretação que não é somente distorcida, mas também completamente irracional. Os argumentos a favor dos homossexuais extraídos da Bíblia são nuvens de fumaça — à medida que nos aproximamos deles, vemos com clareza o que está por trás.



Deus condena a homossexualidade, e isto é muito evidente. Ele se opõe à homossexualidade em todas as épocas. Na época dos patriarcas (Gn 19.1-28) Na época da Lei de Moisés (Lv 18.22; 20.13) Na época dos Profetas (Ez 16.46-50) Na época do Novo Testamento (Rm 1.18-27; 1 Co 6.9-10; Jd 70-8) Por que Deus condena a homossexualidade? Porque ela transtorna o plano fundamental de Deus para as relações humanas — um plano que retrata o relacionamento entre um homem e uma mulher (Gn 2.18-25; Mt 19.4-6; Ef 5.22-33). Então, por que as interpretações homossexuais das Escrituras têm sido tão bem-sucedidas em persuadir inúmeras pessoas? A resposta é simples: as pessoas se deixam convencer. Visto que a Bíblia é tão clara a respeito deste assunto, os pecadores têm resistido à razão e aceitado o erro, a fim de acalmarem a consciência que os acusa (Rm 2.14-16). Conforme disse Jesus: “Os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más” (Jo 3.19-20). Se você é um crente, não deve comprometer o que a Bíblia diz a respeito da homossexualidade — jamais.



Não importa o quanto você deseja ser compassivo para os homossexuais, o seu primeiro amor é ao Senhor e à exaltação da justiça dEle. Os homossexuais se mantêm em rebeldia desafiante contra a vontade de seu Criador, que, desde o princípio, “os fez homem e mulher” (Mt 19.4). Não se deixe intimidar pelos defensores do homossexualismo e por sua argumentação fútil — os argumentos deles não têm conteúdo. Os homossexuais e os que defendem esse pecado estão comprometidos fundamentalmente em transtornar a soberania de Cristo neste mundo. Mas a rebelião deles é inútil, visto que o Espírito Santo afirma: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus” (1 Co 6.9-10; cf. Gl 5.19-21). Então, qual a resposta de Deus à agenda homossexual? O julgamento certo e final. Afirmar qualquer outra coisa, além disso, é adulterar a verdade de Deus e enganar aqueles que estão em perigo. Quando você interage com homossexuais e seus simpatizantes, tem de afirmar a condenação bíblica.



Você não está procurando lançar condenação sobre os homossexuais, está tentando trazer convicção, de modo que eles se convertam do pecado e recebam a esperança da salvação para todos nós, pecadores. E isso acontece por meio da fé no Senhor Jesus Cristo. Os homossexuais precisam de salvação. Não precisam de cura — o homossexualismo não é uma doença. Eles não carecem de terapia — o homossexualismo não é uma condição psicológica. Os homossexuais precisam de perdão, porque a homossexualidade é um pecado.

Não sei como aconteceu, mas algumas décadas atrás alguém rotulou os homossexuais com o incorreto vocábulo “gay”. Gay, no inglês, significava uma pessoa feliz, mas posso assegurar-lhe: os homossexuais não são pessoas felizes. Eles procuram felicidade seguindo prazeres destrutivos. Esta é a razão por que Romanos 1.26 chama o desejo homossexual de “paixão infame”. É uma concupiscência que destrói o corpo, corrompe os relacionamentos e traz sofrimento perpétuo à alma — e o seu fim é a morte (Rm 7.5). Os homossexuais estão experimentando o juízo de Deus (Rm 1.24, 26, 28) e, por isso, são infelizes — muito, muito infelizes. 1 Coríntios 6 é bem claro a respeito das conseqüências eternas que sobrevirão àqueles que praticam a homossexualidade — mas existem boas-novas. Não importa o tipo de pecado, quer seja homossexualidade, quer seja outra prática, Deus oferece perdão, salvação e esperança da vida eterna àqueles que se arrependem e aceitam o evangelho. Depois de identificar os homossexuais como pessoas que não “herdarão o reino de Deus”, Paulo disse: “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.11). O plano de Deus para muitos homossexuais é a salvação. Nos dias de Paulo, havia ex-homossexuais na igreja de Corinto, assim como, em nossos dias, existem muitos ex-homossexuais em minha igreja e em igrejas fiéis ao redor do mundo. Eles ainda lutam contra a tentação homossexual? Com certeza. Que crente não luta contra os pecados de sua vida anterior? Até o grande apóstolo Paulo reconheceu essa luta (Rm 7.14- 25). No entanto, ex-homossexuais assentam-se nos bancos de igrejas bíblicas em todo o mundo e louvam o Senhor, ao lado de ex-fornicadores, ex-idólatras, ex-adúlteros, ex-ladrões, ex-avarentos, ex-beberrões, ex-injuriadores e ex-defraudadores. Lembrem-se: alguns de vocês eram assim.



Qual deve ser a nossa resposta à agenda homossexual? Oferecer-lhe uma resposta bíblica — confrontála com a verdade das Escrituras, que condena a homossexualidade e promete castigo eterno para todos os que a praticam. Qual deve ser a nossa resposta ao homossexual? Oferecerlhe uma resposta bíblica — confrontá-lo com a verdade das Escrituras, que o condena como pecador e lhe mostra a esperança da salvação, por meio do arrependimento e da fé em Jesus Cristo. Permaneçam fiéis ao Senhor, quando reagirem à homossexualidade, honrando a Palavra de Deus e deixando com Ele os resultados.

 
fonte: editora fiel
http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=223
 

A Utilidade das Escrituras

Por Wayne Mack



A palavra salvação é utilizada em vários sentidos na Bíblia. Com freqüência, salvação é empregada no sentido restrito de ser salvo da penalidade de nosso pecado e de nossa alienação para com Deus (Cl 1.21-23). Todavia, existe um sentido mais amplo em que as Escrituras utilizam este vocábulo. A palavra salvação, derivada do vocábulo grego soteria, inclui a idéia de tornar inteiro, completo ou sadio. Na salvação, Deus não somente nos livra da penalidade de nosso pecado (ou seja, de nossa alienação para com Ele) — o inferno. Deus também quer nos salvar da corrupção de nosso pecado, ou seja, Ele quer nos transformar tanto em nosso interior quanto em nosso exterior. Deus quer mudar nossa condição interna, bem como nossa posição legal diante dEle mesmo — nossa condição e nossa posição, nosso estado e nossa postura.



Nas palavras do apóstolo Paulo, encontradas em outra passagem bíblica, na salvação Deus nos conforma à imagem de Cristo (Rm 8.29; 2 Co 3.18). O propósito de Deus na salvação é tornar-nos perfeitos em Cristo (Cl 1.28). Deus tenciona agir dessa maneira em nós, a fim de que “cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4.15). Afirmando de outra maneira, podemos dizer que “tão grande salvação” (Hb 2.3) inclui a santificação (ser tornado santo em nosso coração e em nossa conduta) e a justificação (ser declarado justo em nossa posição diante do Deus santo, por meio da justiça de Cristo). Do ponto de vista de Deus, a salvação inclui ser feito semelhante a Cristo e ser declarado legalmente justo em Cristo.



Esta é a maneira como o vocábulo salvação foi utilizado em 1 Timóteo 4.16, onde Paulo fala a respeito de assegurar a salvação de Timóteo e dos membros da igreja de Éfeso. Com certeza, Paulo não estava, nesta passagem bíblica, questionando se Timóteo ou outros crentes estavam em um relacionamento correto com Deus, se eles já haviam sido justificados, se os seus pecados haviam sido perdoados. Paulo estava falando sobre salvação no sentido de crescer mais e mais na semelhança de Cris- to; esta semelhança é o objetivo de Deus em nos justificar.



Na salvação, Deus não está apenas interessado em nos salvar da condenação do inferno; tampouco Ele está somente preocupado em nos levar ao céu. Além destes propósitos da salvação, Deus também quer nos mudar em nosso íntimo, de modo que nossos pensamentos, afeições, desejos, sentimentos, atitudes, aspirações e todos os aspectos de nosso ser tornem-se semelhantes a Cristo. Deus tenciona que nossa vida, tal como a de nosso Senhor Jesus Cristo, seja cheia com o fruto do Espírito — amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gl 5.22,23). Isto é salvação em seu sentido mais completo. E esta é a razão por que ser tornado sábio para a salvação é um aspecto tão importante, proveitoso e crítico em resolver tanto os problemas da vida presente quanto os problemas referentes à eternidade.



Que instrumentos Deus utiliza neste processo interno de transformação, neste sentido mais amplo da salvação? O mesmo instrumento que Ele utiliza para nos tornar sábios para a salvação no sentido de mudar nosso relacionamento para com Ele. Deus utiliza as Escrituras para nos mudar em nosso íntimo e nos transformar à imagem de Cristo. “Todos nós... contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados,

de glória em glória, na sua própria imagem” (2 Co 3.18). “Santifica-os [torna-os santos e justos em seu coração e em sua conduta] na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5.25,26).



Muitos anos atrás, Thomas Chisholm expressou, nas seguintes palavras, aquilo que deve ser o clamor do coração de todo crente: “Oh! Que eu seja semelhante a Ti, bendito Redentor! Este é o meu anelo e a minha oração constante! Ó Jesus, eu renunciarei, com alegria, todos os tesouros desta vida, a fim de vestir-me de tua perfeita semelhança. Oh! Que eu seja semelhante a Ti, cheio de compaixão, amor, perdão, ternura e bondade, ajudando o desamparado, confortando os desanimados, procurando encontrar os pecadores errantes! Oh! Que eu seja semelhante a Ti! Enquanto eu estou clamando, derrama o teu Espírito; enche-me com teu amor, faze de mim um templo adequado para a tua habitação. Prepara-me para a vida e para a habitação celestial. Oh! Que eu seja semelhante a Ti, bendito Redentor, puro como Tu és! Vem em tua amabilidade, em tua plenitude, estampa a tua própria imagem no mais íntimo de meu coração”.



O constante clamor do coração de todo crente deveria ser: “Senhor Jesus, eu quero ser semelhante a Ti. Por favor, age em mim, transformando-me, mudando meu ser e fazendo-me semelhante a Ti”. Eu afirmo que essas palavras deveriam constituir nosso anelo e nossa oração permanentes. E esta é a boa notícia: à medida que nos tornarmos mais semelhantes a Cristo e que tal semelhança se torne mais real em nosso viver, desfrutaremos do maior bem que uma pessoa pode experimentar. A coisa mais benéfica e proveitosa que pode acontecer é alguém tornar-se crescentemente mais semelhante a Cristo, à maneira bíblica; e isso é descrito pelo poema de Thomas Chisholm. Imagine com o que a nossa vida pareceria, o que aconteceria em nossos relacionamentos com as outras pessoas e em nossas famílias; com o que seriam semelhantes nossas igrejas e qual seria o nosso impacto no mundo, se fôssemos mais semelhantes a Cristo.



Pense sobre o impacto que nós, os crentes, causaríamos em favor da causa de Cristo, se, à semelhança dEle, fôssemos cheios de compaixão, amor, ternura e bondade; se, à semelhança dEle, fôssemos mais dedicados em ajudar os desamparados, confortar os desanimados e procurar os errantes. Que maravilha! Isso é algo pelo que temos de nos sentir estimulados e anelar muito! A boa notícia é que tornar-se semelhante a Cristo não é uma idéia impraticável. Para todos nós que temos experimentado a salvação no sentido de justificação dos pecados, experimentar a salvação no sentido de crescer mais e mais na semelhança de Cristo é algo que pode constituir nossa experiência contínua aqui e agora. Nós podemos mudar! Podemos ser diferentes! Podemos resolver nossos problemas relacionados ao pecado! Podemos nos tornar mais semelhantes a Jesus! Como? Por meio do estudo regular, diligente, fiel, sério e fervoroso da Palavra de Deus; é a única maneira pela qual essa semelhança pode acontecer. E ser mais semelhante a Cristo pode acontecer porque as Escrituras, inspiradas por Deus, são úteis para nos tornar sábios para a salvação nos dois sentidos discutidos neste artigo.


fonte: editora fiel
http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=102

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A importância da Hermenêutica Bíblica

Parte 1

Augustus Nicodemus

Palestra proferida no Seminário Teológico do Betel Brasileiro na ocasião do lançamento da obra: A Espiral Hermenêutica (Edições Vida Nova).



Começarei falando da necessidade da hermenêutica bíblica. Como Osborne em seu livro A Espiral Hermenêutica, eu acredito sim que o propósito da hermenêutica é nos levar finalmente à pregação da Palavra de Deus. Contudo, antes de pregarmos, precisamos interpretar as Escrituras. Não é simplesmente abrir a Bíblia e dizer o que ela está dizendo. Nem todo mundo se apercebe do fato de que a leitura de qualquer texto sempre envolve um processo de interpretação. Ou seja, não é possível compreender um texto, qualquer que seja, sem que haja antes um processo interpretativo ― quer esse texto seja um jornal, quer seja a Revista Veja, quer seja a Bíblia. A leitura sempre envolverá um processo de interpretação ― ainda que esse processo seja inconsciente e nem sempre as pessoas estejam alertas para o fato de que um processo de compreensão está em andamento. A Bíblia é um texto. Ela é a Palavra de Deus, mas ela é um texto. Como tal, ela não foge a essa regra.



Cada vez que abrimos a Bíblia e a lemos procurando entender a mensagem de Deus para anunciá-la em nossa pregação, nos engajamos em um processo de interpretação, de maneira consciente ou não. Como Palavra de Deus, a Bíblia deve ser lida como nenhum outro livro, já que ela é única. Não há outra Palavra de Deus. No entanto, como ela foi escrita por seres humanos, deve ser interpretada como qualquer outro livro. Nesse sentido, a Bíblia se sujeita a regras gerais da hermenêutica e da interpretação, que fazem parte daquilo que é lógico e tem sentido dentro da nossa realidade. Ou seja, quando nós refletimos no fato de que a Bíblia é um texto ― sujeita a regras gerais de interpretação ―, temos um texto que está distante de nós por causa da sua idade, das línguas originais, do diferente contexto cultural. Tudo isso faz com que a leitura da Bíblia requeira um esforço consciente de interpretação. É diferente, por exemplo, de você pegar a Revista Veja ou Estadão e ler. Quando você se aproxima da Bíblia, está se aproximando de um texto antiquíssimo que foi produzido em outro contexto e em línguas, que não são faladas atualmente. Além disso, foi escrito para responder a perguntas que nem sempre são as mesmas perguntas de hoje. Daí a necessidade de interpretação de todo um processo consciente de hermenêutica.



Dessa forma, desejo falar desse fenômeno que nós chamamos de distanciamento, a partir de duas perspectivas. Primeiro, a Bíblia como um texto, como um livro, não caiu pronta do céu — embora se pensasse assim em determinada época. Ela foi escrita por pessoas diferentes, em épocas diferentes, línguas e lugares distintos. Por isso, é um texto distante de nós. Aqui é que entra o que os teóricos da hermenêutica chamam de distanciamento. No caso da Bíblia, esse distanciamento aparece em algumas áreas.



O primeiro distanciamento é o temporal. A Bíblia está distante de nós há muitos séculos. Seguindo a postura do cânon tradicional, o último livro foi escrito por volta do final do século I da Era Cristã. Para os liberais, o último livro teria sido escrito no século II, mas normalmente a data que se atribui é a do final do século I ― o que, portanto, nos separa temporalmente da Bíblia cerca de 2 milênios. Assim, não devemos pensar que um livro de 2000 anos pode ser lido como quem lê a Revista Época, em que a última edição saiu no sábado passado. Há esse fenômeno do distanciamento temporal, que precisa ser levado em consideração.



Em segundo lugar, há um distanciamento contextual. Os livros da Bíblia foram escritos para atender a determinadas situações. Várias delas já se perderam no passado. Por exemplo, o uso do véu não é um problema nosso aqui no Brasil. O ataque do próprio gnosticismo nas igrejas da Ásia Menor, o contexto de invasão do profeta Habacuque, o propósito de Marcos, a antipatia dos judeus para com os ninivitas na época de Jonas, todas essas situações distintas produziram a literatura que depois se tornou canonizada, e que nós chamamos de Escritura. Várias dessas situações nos são estranhas, não existem hoje. Dessa forma, além de ser um livro que foi escrito há 2000 anos, foi um livro escrito para atender a determinados problemas que não são os mesmos enfrentados hoje.



Em terceiro lugar, há o distanciamento cultural. O mundo que os escritores da Bíblia viveram não existe mais. Ele está em um passado distante, com suas características, sua cosmovisão, seus costumes, tradições e crenças. Nós vivemos hoje em um Brasil de tradição ocidental, influência europeia, americana e uma série de outras influências de um mundo completamente estranho àquele em que viveram os autores do Antigo Testamento e do Novo Testamento.

Em quarto lugar, temos o distanciamento linguístico. As línguas em que a Bíblia foi escrita também não mais existem. Já não se fala mais o hebraico bíblico, o grego koiné ― mesmo nos países onde a Bíblia foi escrita. Então, essas línguas já não são mais faladas ou conhecidas, a não ser através de estudo.



Em quinto lugar, nós temos o distanciamento autorial. Nós devemos ainda reconhecer que teríamos uma compreensão mais exata da mensagem se os autores da Bíblia estivessem vivos. Eu, por exemplo, gostaria de pegar o celular e ligar para Pedro e perguntar para ele o que ele quis dizer quando afirma que Jesus foi pregar aos espíritos em prisão, ou ligar para Paulo e perguntar o que ele quis dizer quando ele fala dos que se batizam pelos mortos, ou ainda o que Mateus quis dizer quando registrou a frase em que Jesus afirma que não cessariam de percorrer todas as cidades de Israel antes que viesse o Filho do homem. Eu gostaria de pegar o celular ou mandar um e-mail para os autores da Bíblia e tirar algumas dúvidas. Isso não é possível a não ser que você seja espírita e faça uma sessão de invocação de mortos.



Portanto, esse distanciamento faz com que os pregadores, antes de qualquer coisa, sejam hermeneutas. Eles têm que ser intérpretes. Eles têm que estar conscientes de que estão transmitindo o sentido de um texto antiquíssimo e distante de nós em uma realidade completamente diferente. É nesse ambiente que nós afirmamos que interpretar é tentar transpor o distanciamento em suas várias formas de chegar ao sentido original do texto ― à intenção do autor ― com o objetivo de transmitir o significado para os dias de hoje. É aqui que reside a tarefa hermenêutica.



Por outro lado, a Bíblia também é um livro divino, e esse fato faz com que também o fenômeno do distanciamento apareça. Por exemplo, o distanciamento natural: a distância entre Deus — o autor último das Escrituras — e nós é imensa. Ele é Senhor, o criador de todas as coisas no céu e na terra. Nós somos suas criaturas imitadas, finitas. A nossa condição de seres humanos impõe limites à nossa capacidade de entender e compreender as coisas de Deus, ainda que reveladas em linguagem humana. Existe um distanciamento natural entre nós e o texto bíblico pelo fato de que ele é a Palavra de Deus, é a revelação de Deus. Ele é “totalmente outro”, a alteridade de Deus. A diferença entre Deus e nós faz com que a sua revelação careça de estudo, de aproximação da maneira certa.



Além do distanciamento natural existe o distanciamento espiritual, porque somos criaturas pecadoras, caídas, e o pecado impõe limites ainda maiores à nossa capacidade de interpretação da Bíblia. É o que nós chamamos de limitações epistemológicas. O pecado afetou não somente a nossa vontade, não somente os nossos desejos, a nossa capacidade de decidir, mas também afetou a nossa capacidade de compreender as coisas de Deus. Isso explica a grande diferença de interpretação que existe entre crentes verdadeiros que estão salvos pela graça de Deus em Cristo Jesus, mas simplesmente não conseguem concordar na interpretação de determinadas passagens.



Há também o distanciamento moral, que é a distância existente entre seres pecadores e egoístas, e a pura e santa Palavra de Deus que nós pretendemos entender e pregar. Essa corrupção acabou introduzindo à interpretação da Bíblia motivações incompatíveis com ela. Por exemplo, a Bíblia já foi usada para: justificar a escravidão; provar que os judeus deveriam ser perseguidos; provar que os judeus deveriam ser defendidos; provar que os protestantes brancos são uma raça superior; executar bruxas; impedir o casamento de padres; justificar o aborto; justificar a eutanásia; justificar e promover os relacionamentos homossexuais; proibir a transfusão de sangue. O catálogo é imenso do que tem sido usado como motivação de agendas diversas e variadas.



Tudo isso evidencia que não é tão simples assim o que a maioria das pessoas pensa sobre “como” pregar a Bíblia.



Articulista

 
Augustus Nicodemus

É paraibano e pastor presbiteriano. É bacharel em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (Recife), mestre em Novo Testamento pela Universidade Reformada de Potchefstroom (África do Sul) e doutor em Interpretação Bíblica pelo Westminster Theological Seminary (EUA), com estudos no Seminário Reformado de Kampen (Holanda). Foi professor e diretor do Seminário Presbiteriano do Norte (1985-1991), professor de exegese do Seminário JMC em São Paulo, professor de Novo Testamento do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (1995-2001), pastor da Primeira Igreja Presbiteriana do Recife (1989-1991) e pastor da Igreja Evangélica Suiça de São Paulo (1995-2001). Atualmente é chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro. É autor de vários livros, entre eles O que você precisa saber sobre batalha espiritual (CEP), O culto espíritual (CEP), A Bíblia e Sua Familia (CEP) e A Bíblia e Seus Intérpretes (CEP). É casado com Minka Schalkwijk e tem quatro filhos Hendrika, Samuel, David e Anna.

Fonte: http://www.vidanova.com.br/teologiadet.asp?IDTEO=153

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A TERRA PROMETIDA: DISCURSOS, PRÁTICAS E IMAGENS DA PRESENÇA DOS BATISTAS BRASILEIROS NA AMAZÔNIA (1970-1980)

Caros leitores, segue abaixo um trabalho de dissertação da CATARINA MARIA COSTA DOS SANTOS sobre a presença dos batistas na Amazonia.



Resumo:

Nesta dissertação, são analisados, sob a ótica da História Social, discursos,  imagens e práticas da presença batista na Amazónia, nos anos de 1970 a 1980, a partir das  notícias de O Jornal Batista e de outras fontes impressas e orais. Demonstra-se no presente  estudo que a ação missionária deste grupo religioso na década de 70 se beneficiou com as  ações do governo federal voltadas para a Amazónia, buscando conquistar e se expandir para  as áreas da nova colonização, a saber, as cidades, agrovilas e ruropólis criadas no entorno da  rodovia Transamazônica. Destaca-se também a relação de alteridade dos batistas com outros  grupos religiosos, no contexto da ditadura, sobre o quais se afirma terem apoiado os governos  militares e disputado com os batistas a ocupação da Amazónia.
 
 
 
Veja esta Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade

Federal do Pará, no link abaixo:

http://www.ufpa.br/pphist/images/dissertacoes/2006_Catarina_Maria.pdf

Tentando ser pastor

por Edvar Gimenes de Oliveira:



Desde que me senti vocacionado para o pastorado tenho tentado ser pastor.



Tenho tentado não permitir que a figura de executivo de empresa

religiosa ou de artista de show da fé encarnem minha personalidade ou

determine o perfil das atividades pastorais.



Tenho tentado não deixar que a paranóia pelo aumento de frequentadores

nos cultos ou das receitas financeiras, sacrifiquem a fidelidade a

valores universais do Reino de Deus, como amor, justiça, graça,

misericórdia, verdade, liberdade, honestidade...



Tenho tentado olhar as pessoas como gente e não como cifrões e

estimular a igreja a gerenciar seus recursos financeiros com

transparência, austeridade e democracia, visando alcançar objetivos

estabelecidos à luz de ensinos e exemplos de Jesus.



Tenho tentado ser fiél a princípios bíblicos que perduram no tempo e

espaço, distinguindo-os daqueles que retratam a cultura de uma época.



Tenho tentado ensinar a Bíblia reflexivamente e não reprodutoramente,

estudando demoradamente, com interessados, textos que possam ajudá-los

a construir um estilo de vida saudável para si e coletivamente.



Tenho tentado não valorizar ou discutir picuinhas doutrinárias,

responsáveis por partidarismo político religioso, geradas por líderes

egocêntricos e dominadores travestidos de falsa espiritualidade.



Tenho tentado ser eticamente liberal, naquilo que, acredito, devemos

ser liberais; conservador, naquilo que, acredito, devemos ser

conservadores, sem me preocupar em me enquadrar num rótulo que possa

agradar este ou aquele segmento da igreja, das estruturas religiosas

ou da sociedade em geral.



Tenho tentado ser honesto na exposição de meus pensamentos,

compartilhando a forma como entendo os acontecimentos da vida sem

buscar aplausos de platéias, sejam elas quais forem.



Tenho tentado tratar com respeito o direito que todos temos de

construir e preservar nossas próprias opiniões. No que depende do meu

espaço de influência, tenho defendido o direito de discordarmos e

expressarmos nossos pontos-de-vista, mesmo diferentes dos do grupo

transitoriamente dominante.



Tenho tentado priorizar o ser verdadeiro, muito mais do que o ser

político ou popularmente marqueteiro.



Tenho tentado divulgar, através da imprensa, idéias que possam sem ser

úteis ao povo e não instrumentos de propaganda de um segmento

religioso. Faço isso na crença de que Deus não está interessado no bem

estar somente de pessoas filiadas a partidos religiosos, conhecidos

por uma infinidade de nomes – marcas - eclesiásticos. "Deus amou o

mundo...", portanto, não somente os frequentadores de igreja.



Tenho tentado ser um pastor disponível.



Tenho tentado me relacionar bem com todos, não fugindo de

divergências, discussões, às vezes calorosas e necessárias, sem,

entretanto, guardar mágoas ou amarguras que bloqueiem os não menos

calorosos e necessários momentos de afeto.



Tenho tentado ser transparente, não blefar, nem usar de meias

verdades. Quando preciso dizer sim, tento dizer sim; quando não, não.



Tenho tentado não fugir de adotar medidas dolorosas, quando uma

omissão colocaria em risco o bem-estar de um grupo maior de pessoas.



Tenho tentado compatibilizar interesses individuais com os

institucionais, pois, embora o indivíduo valha mais do que a

instituição, sem instituições a vida individual murcharia.



Tenho consciência de ter pecado muitas vezes na caminhada ministerial.

Nem sempre acertei o alvo, nas minhas tentativas. Nem sempre pude

prever e muito menos evitar, efeitos colaterais dolorosos que não

gostaria que tivessem ocorridos em certas tentativas de acerto.



Meus pecados, entretanto, não têm sido por falta de tentativas

sinceras e bem intencionadas, nem, muito menos, por má-fé. Por isso,

continuarei tentando, não desistirei de ser pastor.



Espero que aqueles que me cercam, compreendam e ajudem-me no

cumprimento da minha vocação. E, como eu tenho tentado ser pastor,

continuem eles, também, tentando ser verdadeiras ovelhas de Jesus

Cristo.



Fonte: http://www.coisasdavidadoego.blogger.com.br/

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A teologia de Avatar






Christian Gillis



O sucesso de “Avatar” foi bilionário. Os efeitos visuais do filme de J. Cameron são mesmo incríveis -- assisti em 3D. A mensagem central é alinhada ao que tem sido considerado politicamente correto pelo paradigma socialoide, tanto antropológica como ecologicamente. Milhares de povos têm sido de fato destruídos ao longo da história por causa da ganância império-colonialista, que passa como um rolo compressor por cima de terras, casas, referências culturais, corpos e o que mais for preciso em nome do lucro. Tangencialmente somos informados que a Terra já teria seu habitat destruído -- e agora vemos os homens (machos brancos) exportando para os limites da galáxia a cultura de exploração destrutiva, garantida por tropas militares (mercenários sem bandeira, mas que se comunicam no idioma do mercado...), enquanto os frágeis (mulher e deficiente físico) salvam o mundo imaginado no espaço. Uma projeção na telona das angústias e anseios da humanidade.



Então, a mensagem de preservação de povos, culturas e o meio ambiente é bacana e necessária. Porém chamo a atenção para a teologia (o discurso sobre o deus, o divino, a deidade) que é sedimentada na mente dos expectadores "almiabertos" (boquiabertos). Não é questão de demonizar a produção e não assistir ao filme, mas de saber os corantes e conservantes que o compõem e aos quais somos expostos (e que não são informados na embalagem) e que, em alguns casos, colateralmente, poderão redundar nalgum câncer espiritual.






Cito a Wikipédia, por ser uma referência popular: "Avatar é uma manifestação corporal de um ser imortal, segundo a religião hindu, por vezes até do Ser Supremo. Deriva do sânscrito ‘Avatāra’, que significa ‘descida’, normalmente denotando uma (religião), encarnações de Vishnu (tais como Krishna), que muitos hinduístas reverenciam como divindade... Qualquer espírito que ocupe um corpo de carne, representando assim uma manifestação divina na Terra...” Quando essa forma impersonalizada de Deus transcende daquela dimensão elevada para o plano material do mundo, ele -- ou ela -- é conhecido então como a encarnação ou Avatara... Em uma concepção mais abrangente, a encarnação poderia ser descrita como o corpo de carne. Mas essa concepção seria talvez errada, conquanto tais formas divinas não se tornam reais seres de carne e osso, ou assumem corpos materiais. Uma alma comum assume corpos materiais de carne e osso, mas no caso dessa manifestação divina, seu corpo e sua alma transcendem a matéria e, embora apareçam como impersonalizações, aquele corpo também pertence a sua essência espiritual... Essa palavra “Avatar” se tornou popular entre os meios de comunicação e informática devido às figuras que são criadas à imagem e semelhança do usuário, permitindo sua "impersonalização" no interior das máquinas e telas de computador... Tal criação assemelha-se a um avatar por ser uma transcendência da imagem da pessoa, que ganha um corpo virtual, desde os anos 80, quando o nome foi usado pela primeira vez em um jogo de computador... Mas a primeira concepção de avatar vem primariamente dos textos hindus, que citam Krishna como o oitavo avatar -- ou encarnação -- de Vishnu, a quem muitos hindus adoravam como um Deus”.






Não há como ignorar o componente teológico envolvido no filme. Primeiro, pelo nome do filme em si (a orientalização do Ocidente é uma tendência que vem crescendo desde meados do século 20), assim como por um linguajar que faz referência e remete ao hinduísmo. Segundo, pela ideia de espírito / mente de um ser "transmigrar" para outro corpo (em “Avatar”, paralelamente, num mesmo tempo e espaço; no hinduísmo, sucessivamente, noutro tempo e forma de vida). Terceiro, e principalmente, pela noção panteísta de divindade, ou seja, um poder divino embutido na natureza, visualizado e adorado em forma de árvore especial, com a qual é possível estabelecer contato e comunicação (é pessoal), que elege seres para tarefas salvíficas, que mantém aquele mundo em equilíbrio, que move os elementos (animais, por exemplo) que compõem aquele cosmos, que toma a vida (decide quem continua a viver), que realiza o milagre de transferir efetivamente uma alma de um corpo para outro. Quarto, pela semelhança sonora entre o nome da divindade (Eiwa) com Jeová. Seria a tentativa de alguma redefinição do Deus revelado por Jesus, segundo a Escritura? (A tendência atual não é ateísmo, mas uma forma religiosa natural, mais palatável que o Deus bíblico.) Ainda há outros aspectos, mas esses bastam para mostrar o ponto: “Avatar” está cheio de elementos teológicos, no caso, panteístas.






O contraste com o Deus da Bíblia é enorme, pois ele é o Deus Eterno, Criador, o Deus Soberano no universo (não limitado a uma lua do cosmos), o Deus que é espírito puro, o Deus Pai de Jesus Cristo (chamado por alguns hindus modernos de um avatar...), o Deus que ama e salva a sua criação entrando na história e assumindo a cruz para resgatá-la.



Sem paranoia, mas vigiando (levando em conta que J. Cameron patrocinou um documentário que questiona a ressurreição de Jesus), o que a cultura contemporânea vem sedimentando em nossa alma? Quais serão os efeitos espirituais reais que tal cosmovisão terá sobre a mente de milhões de consumidores desse tipo de cultura?



Pessoalmente, não gostaria de viver em sociedades como as que a teologia hindu pariu (idealizada pela novela “Caminho das Índias”). É claro, portanto, que há uma relação direta entre a teologia e o modo de vida, entre uma teologia idólatra e um modo de vida igualmente reduzido, entre uma concepção panteísta da divindade e uma espiritualidade esvaziada da cruz.



Não vivemos sem cultura. Alimentamo-nos constantemente dela. Esse artigo tem por objetivo despertar a atenção para as expressões culturais que ingerimos. A ideia é provocar reflexão e reação. Gostaria muito de saber quais foram as suas impressões sobre o filme, de ouvir sua ressonância, ainda mais que o diretor já anunciou a continuação de “Avatar” em mais um ou dois filmes.





• Christian Gillis é casado com Juliana e pai de 3 garotos. Pastor da Igreja Batista da Redenção por 20 anos, é envolvido com ministérios relacionados a missões, reflexão e juventude.



Fonte: http://www.ultimato.com.br/?pg=show_conteudo&util=1&categoria=3®istro=1231

Tratar pessoas como vazias e Deus como distante, é indigno das pessoas; é indigno de Deus

CULTO BANCÁRIO*





por João Pedro









Não resta dúvidas que a liderança da igreja, nos últimos anos, tomou para si a responsabilidade de oferecer um local, um ambiente e uma arquitetura de culto que seja agradável para os visitantes e membros da igreja. Diferentemente de alguns séculos atrás onde o líder eclesiástico tinha que implorar aos fiéis que não fizessem suas necessidades no próprio banco da igreja, mas, que pelo menos o fizessem no chão, hoje, a iluminação, ventilação, temperatura, música, estacionamento, recepção, informação e mensagem têm sido pensados em função de oferecer o melhor para as pessoas.



Em um mundo urbano e industrializado, a vida religiosa ficou espremida a um dia da semana, e, nesse dia, as atividades propriamente religiosas ficaram restritas a poucas horas. Isso, considerando-se uma igreja normal, pois há outra tendência de transformar o ambiente de trabalho como o local do culto também. Em tempos de pessoas sem tempo, trabalha-se oito horas por dia; 4 ou 5 horas por dia são dedicadas à escola. Dependendo da frequencia à igreja, 2 ou 4 horas semanais. Sendo pouco o tempo das pessoas, é preciso elaborar um culto que seja atraente para as pessoas. Ainda mais, quando se sabe que há muitas outras igrejas que concorrem e disputam as mesmas pessoas, inclusive aquelas que já participam da igreja de onde se é líder.



Nesse tipo de engenharia do culto por causa do tempo, parece que há um padrão a ser observado: tende-se a pensar que nada de espiritual acontece entre um domingo e outro. Dessa forma, o culto dominical tem que acontecer de tudo, ser completo em si mesmo. Pressupõe-se a necessidade de se oferecer aos fiéis aquilo que eles precisam. A quantidade, substancialidade e a variedade dos “nutrientes” desse culto são meticulosamente preparados pelos nutricionistas espirituais de plantão, os “neodespenseiros dos mistérios de Deus”.



Essa lógica, porém, é alienante. Em primeiro lugar, porque o culto passou a ser uma peça de estilo estético (roupas, músicas, logística). Confunde, ilusoriamente necessidade com agradabilidade, fome e necessidade. Um culto para ser agradável não precisa ser superficial, precisa ser compreensível, somente isso. Em segundo lugar, as pessoas são tratadas como assistentes, expectadoras, passivas, clientes, consumidoras. Dá-se a elas aquilo que pressupõe-se o que elas precisam. Em terceiro lugar, considera-se que as pessoas chegam vazias para o culto, e que o naquele período do culto, numa espécie de culto bancário, serve para reabastecer o emocional, social e espiritual das pessoas. Como aviões abastecidos em pleno vôo, as pessoas vêm, veem, abastecem-se e saem.



A pressuposição de que as pessoas estão vazias é reforçada pela forma que o culto é planejado e feito. De certa forma, essa pressuposição da liderança faz com que as pessoas sejam entendidas como não tendo nada a oferecer, somente receber. No culto bancário oferece-se um produto ao cliente e espera que o mesmo pague – em dízimos e ofertas – pelo produto que recebeu e consumiu. A pessoa vem e recebe um depósito. Chega vazia e sai cheia. Essa lógica está errada porque (também) trata o culto como algo a ser consumido, de fora para dentro e não algo que se vive, de dentro para fora.



Mas, diferentemente do que a Bíblia apresenta e das pesquisas recentes, essa pressuposição se mostra mais uma vez equivocada. Como exemplo, mostra-se (1Co 14.26). Nessa passagem, o apóstolo Paulo tratou de um problema no culto coríntio. O “problema” ali não era que os crentes vinham vazios para o culto, mas o contrário, chegavam cheios. “Que fazer, irmãos”, pergunta o apóstolo, “quando vocês se reúnem, um tem... outro tem... este tem... aquele outro tem... seja tudo feito para edificação”. O “problema” coríntio não era do culto bancário, onde a liderança depositava na cabeça do crente os produtos que, pressupunha-se, eles precisavam.



Em Corinto (e nas outras igrejas neotestamentárias) o culto era realizado no sistema “uns aos outros”. Os irmãos, em diversas ocasiões, são convidados a orar pelos apóstolos; igrejas foram desafiadas a chamarem a atenção dos seus líderes, a ajudarem os líderes nos seus ministérios. O culto bancário é feito no sistema “um aos outros”. Quer dizer, o líder sabe e ensina, tem algo a oferecer e dá aos fiéis; o culto não sabe e aprende. O líder está cheio e enche; o crente está vazio e é enchido. O culto, por isso mesmo, depende da performance da liderança e por ela é julgado. Planeja-se o culto para que as pessoas tenham experiência de Deus naquelas poucas horas de domingo. As pessoas saem com a sensação de que os líderes estão cheios e dividem suas experiências de Deus com as pessoas ali no culto. Em Corinto o problema era administrar o compartilhamento coletivo, pois todos os crentes chegavam cheios. Difícil era gerenciar um culto como esse, onde todos têm algo a dar, a contribuir e compartilhar.



A experiência coríntia segue o mesmo padrão de todo o relato bíblico. Ainda que o mundo urbano e estressante tenham empurrado a vida, a vivência e a experiência espiritual para apenas um dia, Deus não se limitou a um dia somente. É fácil mostrar essa afirmativa. Ao examinar-se o relato bíblico, vê-se que Deus se encontrou com Moisés no horário e ambiente de trabalho; com Abrão foi a mesma coisa: Deus veio ao seu encontro na hora mais quente do dia, enquanto ele estava em baixo de uma árvore. Gideão estava trabalhando no trigo da família dentro de uma caverna. A Jacó, ele se manifestou durante a noite, no deserto. A mãe se Sansão estava cuidando das tarefas da casa. Deus falou com Labão enquanto perseguia seu genro. Deus falou com Cornélio durante a noite, em sonhos, na sua casa. Ele se revelou à mulher de Pilatos em sonhos, em casa (Cornélio e a mulher de Pilatos nem mesmo crentes eram). Deus falou com Paulo em um navio; se revelou a ele em uma prisão. Jesus apareceu aos discípulos no mar, enquanto pescavam, enquanto ainda era escuro.



Recentemente, autores como Dana Zohar (Inteligência espiritual), Nash & McLennan (Igreja aos domingos, trabalho às segundas) têm demonstrado, através de pesquisas, que o padrão bíblico de Deus aparecer aos homens em dias e horários diferentes do dia normal consagrado ao culto tem-se provado com as mesmas características. Pesquisas recentes têm relatado que 7 em cada 10 pessoas tiveram experiência de transcendência, de Deus, em “dias normais”, em casa, na escola ou em horário de trabalho.



Ora, se o padrão atual é o mesmo padrão bíblico como já ficou demonstrado, então os coríntios, então seria o caso de os cultos levarem em consideração que as pessoas, contrariamente do que se pensa e é praticado, que os crentes chegam com experiências pessoais de Deus, e essas experiencias elas tiveram durante a semana, nos dias “normais”. Nada de chegarem vazias. Na verdade, as pessoas chegam cheias e deveriam sair transbordando. Foi assim que o apóstolo descreveu a experiência de ser cheio do Espírito. Ele não pressupunha esse enchimento como algo que acontece no período do culto, mas algo que acontece no dia a dia, na vida normal.



Esse princípio bíblico deveria modificar a visão que os líderes têm das pessoas. Também deveria mudar a estrutura do culto. O culto seria, então, um espaço democrático, um local para se dividir a experiência comum de todos, não um momento performático de alguém; o culto seria mais a prática de uns aos outros, que aparece mais de 50 vezes no Novo Testamento, não, “um aos outros”. Culto é mutualidade, multidirecionalidade, interatividade.



As pessoas poderiam (e deveriam) ser estimuladas a ajustar o “dial” espiritual para perceberem os momentos Deus durante a semana, e, nos cultos, seriam incentivadas a dividir com seus irmãos. Essa experiência do compartilhamento foi descrita pelo salmista Asafe (Salmo 78): “O que ouvimos e aprendemos... o que nos contaram nossos pais, contaremos aos nosso filhos... à vindoura geração”. O resultado dessa mutualidade espiritual resultaria que as pessoas colocariam sua confiança em Deus. O salmista Davi afirmou que, ao compartilhar seus “momentos Deus”, muitos veriam, ouviriam e confiariam no Senhor. O apóstolo João afirmou que o compartilhar as coisas que ele se ouviu e viu traria uma comunhão perfeita entre as pessoas.



As pessoas não estão, necessariamente, vazias em igrejas cheias. Também não é verdade que as pessoas não chegam vazias para saírem cheias dos cultos, ainda que a tendência seja que se considere que as pessoas sejam como recipientes vazios em igrejas cheias. É preciso mudar a cabeça da liderança no preparo do culto. É preciso mudar a concepção que a liderança tem das pessoas em relação ao seu dia a dia e durante o culto. Uma letra do Cantor Cristão já afirmava essa verdade: “Conta as bênçãos, conta quantas são”.



Tratar as pessoas como vazias é diminuir a importância delas. Mas, principalmente, é colocar Deus em uma camisa de força, em um leito de Procusto. Dessa forma, Deus não seria mais o Deus do tempo, mas um demiurgo que se ajusta a duas horas semanais e que se recusou a revelar quando e onde quisesse durante a semana aos seus filhos. Tratar pessoas como vazias e Deus como distante, é indigno das pessoas; é indigno de Deus.



*Este texto foi pensado originalmente para os alunos do STBSB: Culto cristão e Música e Teologia, da profa. Westh Ney.

Fonte: http://www.vigiai.net/news.php?readmore=1135

Uma breve história do protestantismo: De Martinho Lutero a Edir Macedo


André R. Fonseca



Desde que Cristo deixou fisicamente os apóstolos, a igreja teve que lidar com diversos problemas nos primeiros séculos: discordância em relação às suas doutrinas, perseguições, disputas pelo poder, etc. Após a conversão de Constantino ao Cristianismo, em 312, as perseguições deixaram de ser um problema. Concílios como o de Nicéia (325), foram organizados para estabelecer pontos doutrinários que viriam a se tornar dogmas cristãos aceitos até os dias de hoje. A escolha do bispo de Roma para governar a igreja, tendo primazia sobre os demais, deu coesão a igreja e até mesmo ao decadente império romano, após sua conquista pelos bárbaros. Com o tempo o poder papal ia crescendo. O Papa Bonifácio VIII, num discurso em 1303 comparou os poderes político (representado pelo rei) e religioso (representado pelo papa) com o sol e a lua [1]. Assim como a lua recebe sua luz do sol, o imperador também deveria receber seu poder do Papa. Na visão de Bonifácio VIII a submissão de todos (inclusive o rei) ao Sumo Pontífice seria necessária para a salvação de toda a criatura.



No final da idade média alguns pontos doutrinários ainda não estavam muito claros. A doutrina da salvação da alma, por exemplo, era uma questão que dividia os teólogos, por causa disso muitos pregadores mal intencionados abusavam do povo com a venda de indulgências. O mais famoso deles chamava-se João Tetzel.



Como a igreja acreditava possuir méritos excedentes de Cristo e dos santos (conhecidos de “tesouros da igreja”), achava que poderia utilizá-los para conceder indulgências, que era a supressão de uma penitência pública mediante o pagamento em dinheiro. Na penitência esperava-se o arrependimento do pecador, que precisava fazer uma reparação ou expiação por causa do castigo que o pecado acarretava. Segundo Edith Simon, a idéia de pagar pelo perdão com dinheiro foi derivada do conceito jurídico germânico, que substituía a punição corporal em decorrência de um crime pelo pagamento em dinheiro[2]. Para Marie-Therese Quinson a chamada “penitência tarifada” teve início no século VII[3].



As indulgências não eram bem vistas por humanistas como Erasmo de Roterdã, um intelectual muito à frente do seu tempo. Influenciado por eruditos como Erasmo, por reflexões pessoais de textos das Escrituras e por experiências paroquiais com fiéis que buscavam na penitência uma maneira de escapar do inferno, um proeminente frade Agostiniano chamado Martinho Lutero se impôs contra a venda de indulgências. No dia 31 de outubro de 1517 Lutero divulgou 95 teses que criticavam várias práticas que considerava enganosas no cristianismo popular. Estas teses foram o estopim para a Reforma Protestante. Após ler as teses de Lutero, o frade dominicano João Tetzel, exclamou: “Dentro de três semanas, farei esse herege ser lançado ao fogo”[4]. O máximo que conseguiu foi queimar suas teses.



Ao contrário do que muita gente pensa Lutero não quis dividir a igreja, mas reformá-la por dentro. Quando lemos suas famosas 95 teses, percebemos que imaginava que seriam acolhidas pelo Papa. Um outro erro comum é afirmar que Lutero pregou suas 95 teses no castelo de Wittenberg, quando na verdade não há provas seguras a respeito desse episódio. Segundo o historiador Martin Deher:



“Em 31 de outubro de 1517, Martim Luder enviou aos bispos aos quais devia obediência – Jerônimo Schultz de Bandesburgo, e Alberto, de Magdesburgo. Não há provas concretas de que as tenha afixado [as 95 teses] na porta da igreja do castelo de Wittenberg, como anualmente lembra o mundo protestante. As teses foram enviadas a colegas que a difundiram, dando-lhes divulgação maior do que a esperada por Lutero.” [5].



Além de Lutero, outros reformadores surgiram logo após a divulgação das 95 teses: Calvino (francês), Ulrich Zuínglio (Suíço) e o escocês João Knox. Na Inglaterra surgia a igreja anglicana, formada a partir do rompimento de Henrique VIII com a igreja de Roma.



O protestantismo se refere a todos os movimentos surgidos a partir das idéias da reforma, tais como o calvinismo, o anglicanismo e o luteranismo. O luteranismo se refere especificamente aos que adotaram a ortodoxia de Lutero. Houve muitas divergências entre os reformadores. No que diz respeito à ceia, por exemplo, Lutero e Zuínglio entraram em sério desacordo. Após uma tentativa de desfazer as diferenças, Lutero teria se recusado a fazer as pazes com o reformador suíço dizendo: “Não consentirei que o demônio me ensine coisa alguma em minha igreja”[6].



Da igreja anglicana surgiu um movimento chamado puritanismo, que pregava uma maior simplicidade do culto e dava maior valor à regeneração pessoal. Do movimento puritano e de grupos separatistas ingleses surgiram igrejas como a batista (no ano de 1606, em Gainsborough, Inglaterra) e a metodista (surgida de forma organizada em Bristol, em 1739).



Muitos vêem no metodismo a origem das igrejas pentecostais (1901), que enfatizam o recebimento de uma “segunda bênção”, o batismo com o Espírito Santo, cuja evidência é o falar em “línguas estranhas”[7]. O movimento pentecostal é conhecido como “segunda onda”. Outra característica do pentecostalismo é o milenarismo, que prega o retorno visível de Cristo a terra, governando os homens por um período literal de mil anos. No Brasil a maior e mais conhecida igreja pentecostal é a Assembléia de Deus.



O neopentecostalismo surge dentro do pentecostalismo e tem como características a ênfase na cura divina, prosperidade e nos rituais de exorcismo. Alguns estudiosos modernos se negam a ver o neopentecostalismo como tendo alguma relação com o pentecostalismo, denominando-o como pós-pentecostalismo[8]. Entre os neopentecostais é comum a vinculação entre o pagamento do dízimo e o recebimento de bênçãos. Nas palavras de Edir Macedo, por exemplo: “[o dízimo] É um compromisso que revela a fé prática. A de que Deus fica obrigado (grifo nosso) a esse compromisso com a pessoa que deu o dízimo...”[9].



Dentre as igrejas neopentecostais mais conhecidas estão a Universal do Reino de Deus (Rio, 1977), a Igreja Internacional da Graça de Deus (Rio, 1980), a Comunidade Sara Nossa Terra (Goiás, 1976) e a Igreja Renascer em cristo (São Paulo, 1986).



Após cerca de dois mil anos, o cristianismo ainda sobrevive, apesar de cada vez mais fragmentado. Um outro problema são os escândalos envolvendo líderes de igrejas cristãs, divulgados constantemente pela mídia. O último senso do IBGE, realizado no ano 2000, mostrou que o número dos “sem igreja”, ou seja, de pessoas que estão deixando de freqüentar regularmente uma igreja tem crescido vertiginosamente. São pessoas que querem se relacionar com Deus, mas que não conseguem vê-lo nas instituições religiosas. Diante desse quadro torna-se necessária uma reflexão feita a partir da própria história da igreja cristã, através da análise dos erros e acertos cometidos ao longo desses dois milênios. Criticar a igreja sem apresentar soluções não resolve o problema. Por outro lado, dizer que devemos nos calar diante dos escândalos envolvendo líderes religiosos é desconhecer o profetismo do Antigo Israel, que denunciava a plenos pulmões a injustiça, o roubo, a opressão e o luxo conquistado por reis e sacerdotes às custas dos pobres (Os 4,4; 5,1; Am 2,7; 4,1). É também desconhecer os elementos mais profundos da pregação de Jesus, fundamentados na convicção de que o Reino de Deus se opõe ao Reino da Injustiça. Uma igreja saudável se faz com diálogo, reflexão, oração e amor à obra de Deus.











Texto enviado por: Jones Mendonça, professor do Instituto Beritz





Fontes & Notas:



[1] GRINGS, D. Dadeus. História dialética do cristianismo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1994, p. 146

[2] SIMON, Edith. A reforma. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971, p.35.

[3] QUINSON, Marie-Therese. Dicionário cultural do cristianismo. São Paulo: Loyola, 1999, p. 160.

[4] SIMON, Edith. A reforma. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971, p.40.

[5] DEHER, Martin. A crise e a renovação da igreja no período da reforma. São Leopoldo: Sinodal, 1996, p. 26 (Coleção História da Igreja; v.3).

[6] SIMON, Edith. A reforma. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971, p.58.

[7] OLIVEIRA, Raimundo F. de. A Doutrina Pentecostal Hoje. Rio de Janeiro: CPAD, p.34.

[8] Siepierski, Paulo. 1997. Pós-pentecostalismo e Política no Brasil, Estudos Teológicos, ano 37, no. 1

[9] LEMOS, Christina; TAVOLARO, Douglas. O bispo: A História Revelada de Edir Macedo. Larousse, 2007. p.166.



Fonte: http://www.interdenominacional.com/estudos-biblicos/60-uma-breve-historia-do-protestantismo-de-martinho-lutero-a-edir-macedo.html

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Entre Blocos e Retiros

Por Hermes C. Fernandes





Uma parábola sobre o papel da igreja durante o Carnaval



Epêneto era o presbítero responsável pela igreja em Roma, desde que Priscila e Áquila tiveram que deixar a cidade em busca de novos campos missionários. Epêneto foi um dos primeiros a se converterem através do trabalho realizado por Paulo nessa cidade.



Aquela igreja era muito ativa, sempre aberta a acolher as pessoas. Quando havia algum cataclismo, fome ou guerra, os cristãos se mobilizavam para socorrer as vítimas. Por causa de seu envolvimento com a dor humana, ganhou a simpatia de todos, inclusive de funcionários do palácio de César.



Num belo dia, ouviu-se o clangor do clarim. Todos se reuniram para ouvir o que o mensageiro do império tinha para anunciar. Em duas semanas, o exército romano estaria chegando de uma campanha militar bem-sucedida. O próprio César o receberia com uma Parada Triunfal, que seria seguida de um feriado prolongado dedicado aos deuses Marte e Saturno, também conhecidos como Apolo e Baco, divindades da guerra e do vinho, respectivamente. Seria uma grande festa, regada a bebidas alcoólicas e todo tipo de luxúria. A população sairia às ruas para assistir ao desfile das tropas romanas, dando-lhes boas-vindas, e assistiriam à execução de milhares de prisioneiros. Ninguém trabalharia naqueles dias.



Epêneto ficou preocupado com a notícia. Qual deveria ser o papel da igreja durante essa festa pagã? Ainda inexperiente como líder, reuniu alguns dos mais antigos membros da igreja para discutir o que fazer.



Um deles, chamado Narciso, pediu a palavra e deu sua sugestão:



- Amados no Senhor, por que não aproveitamos o ensejo para promover um desfile paralelo, onde demonstraremos ao mundo a nossa força, revelando a todos nossa lealdade ao Rei dos reis, Jesus Cristo? Podemos até copiar algumas de suas canções, adaptando-as à nossa fé. Em vez de exibirmos prisioneiros, exibiremos testemunhos daqueles que foram salvos. Vamos montar nosso próprio bloco, quer dizer, nossa própria parada triunfal. Pode ser uma grande oportunidade evangelística.



Epêneto, depois de algum tempo pensativo, respondeu: Caro Narciso, a idéia parece muito boa. Porém, quem ouviria nossa voz durante os momentos de folia? Nosso modesto bloco se perderia no meio de toda aquela devassidão. Ademais, a maioria das pessoas estará embriagada, incapaz de entender nossa mensagem. Também não estamos preocupados em dar uma demonstração de força. Jesus disse que nosso papel no mundo seria semelhante à de uma pitada de fermento, que de maneira discreta, sem chamar a atenção para si, vai levedando aos poucos toda a massa. Por isso, acho que sua idéia não é pertinente. Quem sabe em gerações futuras, haja quem a aproveite?



Levantou-se então Andrônico, que gozava de muito prestígio por ser parente de Paulo, e sugeriu:



- Amados, durante o Desfile Triunfal e as Saturnais, a situação espiritual da cidade ficará insuportável. Divindades pagãs serão invocadas, orgias serão promovidas em lugares públicos à luz do dia. Não convém que estejamos aqui durante essa festa da carne. A melhor coisa a fazer é nos retirarmos, buscarmos um refúgio fora da cidade, e aproveitamos esse tempo para nos congratularmos, sem nos expormos desnecessariamente às tentações da carne.



Todos acenaram com a cabeça, demonstrando terem gostado da idéia. Já que seria mesmo feriado, ninguém precisaria trabalhar. Um retiro parecia a melhor sugestão.



O velho presbítero ficou um tempo em silêncio, meditando. Todos estavam atônitos esperando sua palavra, quando mansamente respondeu:



- Irmãos, não nos esqueçamos de que somos o sal da terra e a luz do mundo. Se no momento de maior trevas nos retirarmos, o que será desta cidade? Por que a entregaríamos ao controle das hostes espirituais das trevas? Definitivamente, nosso lugar é aqui. Não Precisamos deexposição, como sugeriu nosso irmão Narciso, nem de fazer oposição à festa, retirando-nos da cidade, como sugeriu Andrônico. O que precisamos é estar à disposição para acolher aos necessitados, às vítimas da violência, aos desassistidos, aos marginalizados.

A propósito, não temos estado sempre disponíveis para atender as pessoas durante as tragédias que tem abatido o império? E o que seriam tais desfiles, senão tragédias morais e espirituais? Saiamos às ruas, mesmo sem participar da folia, e estendamo-los as mãos, em vez de apontar-lhes o dedo, oferecendo compaixão em vez de acusação, amor em vez de apatia. Que as casas que usamos para nos reunir estejam de portas abertas para receber quem quer que seja, e assim, revelaremos ao mundo Aquele a quem amamos e servimos. Afinal, o reino de Deus se manifesta sem alarde, sem confetes, sem barulho, mas perturbadoramente discreto.



Depois dessas sábias palavras, ninguém mais se atreveu a dar qualquer outra sugestão.





* Esta é apenas uma parábola que elaboramos para emitir nossa humilde opinião acerca do papel da igreja durante o período carnavalesco.



Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah



Fonte: http://uniaopresbiterianadeadolescentes.blogspot.com/

Quem são exatamente os evangélicos?

Michael Horton

Michael Horton obteve seu B.A pelo, Biola University; seu mestrado pelo Westminster Seminary California e seu Ph.D pela University of Coventry e Wycliffe Hall, Oxford. É presidente do White Horse Media, Professor de teologia e apologética no Westminster Theological Seminary na Califórnia, nos EUA e editor chefe da revista Modern Reformation. É autor de vinte livros, sendo que vários já foram publicados em português.



 


Parece que uma nova tempestade ou, pelo menos, um vendaval se formou recentemente ao redor do termo "evangélico". Um número crescente daqueles que identificam como evangélicos está compreendendo que nem todos crêem nas mesmas coisas, nem mesmo em relação às doutrinas essenciais. Em resposta a isso, alguns começaram a escrever manifestos que tentam reafirmar as características de uma identidade evangélica. Outros estão escrevendo livros e realizando conferências que têm como alvo recentralizar o movimento como um todo. Outros decidiram que é melhor descartar o termo e chamar a si mesmos de "pós-evangélicos".



Esse problema não é novo. Nunca foi fácil determinar quem são os evangélicos, porque o evangelicalismo sempre foi um movimento diversificado. Lutero queria que seus seguidores fossem chamados de "evangélicos", significando pessoas do evangelho (foram os seus inimigos que apelidaram seus seguidores de "luteranos"). O outro braço da Reforma também se alegrava em compartilhar da designação evangélica (os luteranos ortodoxos cunharam o termo "calvinistas" como um modo de fazerem distinção entre seu próprio ponto de vista e opiniões reformadas sobre a Ceia do Senhor). Depois, com o advento do pietismo e do avivalismo, o rótulo "evangélico" tomou muitas direções. Hoje o termo é uma designação tão ambígua que alguns historiadores julgam que a melhor definição é a de George Marsden: "Qualquer pessoa que gosta de Billy Graham".



No entanto, com um pouco de perspectiva histórica, não é difícil perceber porque essas tempestades, ou vendavais, são constantes: o evangelho está se tornando para sempre separado dos evangélicos; essa é a razão por que é tão difícil saber quem são os evangélicos.



PIETISMO E AVIVALISMO



O termo "evangélico" entrou em uso comum durante a Reforma como um esforço para esclarecer e proclamar o evangelho. Anglicanos, presbiterianos e, no Continente, os seguidores de Bucer, Calvino, Knox e Beza também gostavam do termo "reformado" porque o seu objetivo não era começar uma nova igreja ou denominação, e sim reformar a igreja histórica. Além disso, as igrejas luteranas e reformadas, apesar de suas importantes diferenças, mantiveram-se lado a lado em defender o evangelho de distorções, tanto de Roma como dos anabatistas.



O advento do pietismo e do avivalismo complicou as coisas. A princípio, o pietismo era um movimento de reforma dentro das igrejas luteranas e reformadas, estimulando uma conexão mais profunda entre a doutrina e a piedade. Por fim, o pietismo começou a se parecer cada vez mais com a espiritualidade anabatista. O avivalismo (inglês e americano) também empurrou o pietismo para longe de suas raízes reformadas.



Um preço crucial de admissão ao arraial evangélico durante o Primeiro Grande Avivamento era ser pró-avivamento. Muitos ministros luteranos e reformados eram ambivalentes quanto à própria idéia de esperar tempos de avivamento, suspeitando que ele abrigava uma opinião inferior do ministério regular da igreja. Mas no Segundo Grande Avivamento não houve questionamentos. O foco mudou de uma ênfase na obra salvadora de Deus, em Cristo, por meios dos instrumentos ordenados por Deus, para uma ênfase nas decisões e esforços humanos, por meio de métodos e "estímulos" pragmáticos. O principal personagem por trás do segundo avivamento, Charles G. Finney (1792-1875), até rejeitava a doutrina do pecado original, da expiação vicária, da justificação somente pela fé e o caráter sobrenatural do novo nascimento.



O Segundo Grande Avivamento, representado por Finney, criou um sistema de fé e prática adequado a uma nação autoconfiante. O evangelicalismo – ou seja, o protestantismo americano do final do século XVIII – foi um instrumento para inovações. Na doutrina, serviu à preferência da modernidade quanto a uma confiança na natureza e no progresso humanos. Na adoração, transformou o ministério centrado na Palavra e nas ordenanças em entretenimento e reforma social, criando o primeiro sistema de estrelas na cultura de celebridades. Na vida pública, confundiu o reino de Cristo com o reino deste mundo e imaginou que o reino de Cristo poderia ser tornado visível por meio de atividades sociais, morais e políticas dos santos. Havia pouco espaço para qualquer coisa imporante que fosse capaz de restringir o movimento, disciplinar suas celebridades empresariais ou questionar seus "avivamentos", à parte de sua freqüente publicidade de curta duração.



Em algum ponto ao longo do caminho, o evangelho se tornou separado da evangelização; a mensagem ficou subserviente aos métodos. A religião americana se tornou digna da caracterização de Dietrich Bonhoeffer: "Protestantismo sem Reforma".[i]



"Encontros extremos", comentou B. B. Warfield, no final do século XIX, a respeito dos pietistas conservadores e dos racionalistas liberais. "Os pietistas e os racionalistas têm caçado juntos, em duplas, e abrandado as suas contendas juntos. Eles podem diferir quanto a por que estimam a teologia um traste e por que não querem que um futuro ministro desperdice seu tempo em obtê-la. Um ama tanto a Deus, e o outro o amam tão pouco, que não se preocupa em conhecê-lo".[ii]



Herman Bavinck, o colega holandês de Warfield, observou: "Movimentos poderosos, como aqueles que o pietismo fez surgir na Alemanha e que o metodismo desencadeou na Inglaterra e na América, todos eles tinham em comum o fato de que mudaram o centro de gravidade do objeto da religião para o sujeito da religião. A teologia seguiu esse caminho nos sistemas produzidos por Kant, Schleiermacher e suas escolas".[iii] A ala erudita do pietismo protestante na América tendeu a ser assimilada pelo modernismo, enquanto a sua ala fundamentalista produziu uma colheita sempre nova de jovens cínicos e iludidos que achavam a outra uma mera opinião atraente. No entanto, modernistas como Harry Emerson Fosdick e fundamentalistas como Bob Jones podiam citar Finney e seu legado com afeição.



A CORRENTE REFORMADA



Entretanto, a corrente reformada do evangelicalismo americano não havia se esgotado completamente. O Princeton Antigo foi uma fonte especialmente fecunda para renovação e defesa do legado do verdadeiro evangelicalismo. Luteranos como C. F. W. Walther, presbiterianos como Archibald Alexander, congregacionalistas como Timothy Dwight, episcopais como o bispo William White e batistas como Isaac Backus podiam reconhecer uma essência de convicções reformadas que tinham em comum contra a maré crescente de infidelidade. Muito proveito resultou (e ainda resulta) da cooperação evangélica no campo missionário, nos ministérios diaconais comuns e na erudição fiel.



Clérigos como Warfield e Hodge se consideravam evangélicos no sentido distintamente reformado e se esforçaram por trazer o protestantismo americano à harmonia com essa definição. Eles também eram firmemente comprometidos e envolvidos de modo pessoal com os amplos esforços missionários nos Estados Unidos e no exterior, e isso os colocava em constante comunhão e cooperação com outros evangélicos.



Apesar disso, Warfield começava a perceber que a tensão entre opiniões competidoras da identidade evangélica tornava mais difícil o permanecer como apoiador irrestrito da causa evangélica. Em 1920, certo número de evangélicos apresentou "um plano de união das igrejas evangélicas". Warfiel avaliou o "credo" desse plano, enquanto era estudado por presbiterianos, e observou que a nova confissão proposta "não contém nada que não seja crido pelos evangélicos", mas "não contém nada que não seja crido... pelos adeptos da Igreja de Roma". Ele escreveu:



Não há nada sobre a justificação pela fé neste credo. E isso significa que todos os ganhos obtidos naquele grande movimento religioso que chamamos de Reforma são lançados pela janela... Não há nada a respeito da expiação no sangue de Cristo neste credo. E isso significa que todo o ganho da longa busca medieval pela verdade é lançado sumariamente fora... Não há nada sobre o pecado e a graça neste credo... Não precisamos mais confessar nossos pecados; não precisamos reconhecer a existência de tal coisa. Precisamos crer no Espírito Santo somente como "guia e consolador" – os racionalistas não fazem o mesmo? E isso significa que todo o ganho que o mundo inteiro obteve dos intensos conflitos de Agostinho é lançado fora juntamente com as outras coisas... Também é verdade que os ganhos obtidos dos debates que ocuparam a primeira era da igreja cristã, por meio dos quais atingimos o entendimento das verdades fundamentais da Trindade e da deidade de Cristo, são lançados fora por este credo. Não há Trindade neste credo; não há deidade de Cristo – ou do Espírito Santo.[iv]



Se a justificação pela fé é o âmago do evangelho, Warfield questionou, como podem "os evangélicos" omiti-la de sua confissão de fé comum? Ele perguntou: "Este é o tipo de credo que o presbiterianismo do século XX acha suficiente como base para cooperação nas atividades evangelísticas? Então, ele pode prosseguir suas atividades evangelísticas sem o evangelho, pois este credo nega completamente o evangelho". De novo, o evangelho se separara dos evangélicos. "Comunhão é uma palavra excelente", concluiu Warfield, "e um grande dever. Mas a nossa comunhão, de acordo com Paulo, tem de ser no ‘progresso do evangelho’".[v]



O diagnóstico do cristianismo americano oferecido por Dietrich Bonhoeffer ("Protestantismo sem Reforma"), depois de sua viagem para preleções nos Estados Unidos, parece vindicado. Ele escreveu:



Deus não tem dado qualquer reforma ao cristianismo americano. Ele lhe deu fortes pregadores avivalistas, clérigos e teólogos, mas nenhuma reforma da igreja de Jesus Cristo por meio da Palavra de Deus... A teologia americana e a igreja americana como um todo não têm sido capazes de entender o significado do "cristicismo" pela Palavra de Deus e de tudo que isso significa. Eles não entendem que o "criticismo" de Deus toca até a religião, a cristandade da igreja e a santificação dos cristãos e que Deus fundou a sua igreja acima da religião e da ética... Na teologia americana, o cristianismo é essencialmente religião e ética... Por causa disso, a pessoa e a obra de Cristo foram, quanto à teologia, colocados em segundo plano e permanecem mal entendidos, porque não são reconhecidos como o único fundamento do juízo radical e do perdão radical".[vi]



ONDE ESTÁ O EVANGELICALISMO HOJE?



Hoje, alguns dos maus frutos do pietismo e do avivalismo subsistem. Muitos têm por certo que aqueles são muito interessados em doutrina são os que menos se interessam por alcançar o perdido (ou, como se diz hoje, "os sem-igreja"). Os evangélicos são freqüentemente desafiados a escolher entre tradicional e missional, dois campos que são descritos tipicamente como nada mais do que caricaturas. Os primeiros evangélicos se reuniam, simultaneamente, ao redor de manter o evangelho correto e de anunciá-lo, mas hoje a coalizão é definida, cada vez mais, por seu estilo ("contemporâneo" versus "tradicional"), sua política ("conservadorismo compassivo" ou a mais nova redescoberta de raízes progressistas avivalistas) e suas principais estrelas musicais, e não por suas convicções a respeito de Deus, da humanidade, da salvação, do propósito da história e do julgamento final.



Entendo que nem todos esses "credos" são hoje tão minimalísticos como aquele que Warfield avaliou. E o evangelicalismo americano não tem permanecido sem os seus defensores da fé. Em sua declaração de fé, a Associação Nacional de Evangélicos afirma a Trindade, a deidade de Cristo, "a morte vicária e expiatória, por meio do derramamento do sangue de Cristo", e a necessidade de renascimento espiritual. Contudo, ali não há nenhuma menção da justificação – o artigo sobre o qual uma igreja se mantém de pé ou cai –, e a única convicção concernente à igreja é a crença em "uma unidade espiritual de crentes no Senhor Jesus Cristo". O batismo e a Ceia do Senhor não são nem mencionados.



Ironicamente, a genuína fé evangélica se encontra com freqüência fora do movimento evangélico e dentro do evangelicalismo ela é contestada em muitas frentes. Tem se tornado cada vez mais comum os evangélicos questionarem a autoridade (e não menos a suficiência) da Escritura e as doutrinas básicas em torno das quais evangélicos de diferentes segmentos eram capazes de se unir. De acordo com cada grande pesquisa que tenho visto, a maioria dos evangélicos americanos desconhece muitas das verdades básicas do cristianismo. Em vez disso, há um amplo "deísmo moralista e terapêutico", como comprovou o sociólogo Christian Smith. O fato de que pessoas que crescem em igrejas evangélicas provavelmente – e, em alguns estudos, mais provavelmente – aceitarão esse tipo de espiritualidade amorfa, deixando de lado os credos cristãos, pode fazer você perguntar o que há de "evangélico" no "evangelicalismo". O evangelho abandonou os evangélicos?



Ao mesmo tempo, encontramos freqüentemente cativantes defesas do cristianismo histórico, incluindo as percepções da Reforma, procedentes daquelas que poderiam parecer as fontes mais improváveis.



UM PARQUE TRANQÜILO



Por tudo isso, ainda estou convencido de que há um lugar para sermos "evangélicos". Por quê? Em palavras simples, porque ainda temos o evangelho. Em minha opinião, o evangelicalismo serve melhor como um parque tranqüilo, à semelhança dos parques públicos no centro das cidades da antiga Nova Inglaterra, para todos os que afirmam este evangelho. É um lugar em que os cristãos de igrejas diferentes se encontram para discutir o que têm em comum, bem como as suas diferenças. Ajudam um ao outro a se manterem honestos.



Em sua fase presente, a igreja é um povo peregrino. Acho que a confissão reformada é o mais fiel resumo dos ensinos da Bíblia. Contudo, a minha fé é fortalecida por encontrar-me com cristãos de tradições diferentes que me desafiam a pensar mais profunda e completamente a respeito das ênfases que tenho perdido.



Esse lugar tranqüilo também provê uma área comum na qual os cristãos podem testemunhar aos não-cristãos a esperança que compartilham e um espaço comum no qual nossos vizinhos de determinada comunidade podem ser servidos pelo amor cristão. O perigo surge quando o parque se torna dominado por uma atmosfera quase pelagiana e, confiando em si mesmo, imagina que sua Grande Tenda é a catedral que reduz as igrejas ali estabelecidas a simples capel



[i] Dietrich Bonhoeffer, "Protestantism without Reformation", em No Rusty Swords: Letters, Lectures and Notes, 1928-1936, ed. Edwin H. Robertson, trad. Edwin H. Robertson e John Bowden (London: Collins, 1965), p. 92-118.



[ii] B. B. Warfield, "Our Seminary Curriculum", em Selected Shorter Writings of Benjamin B. Warfield – I, ed. John E. Meeter (Nutley, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1970), p. 371.



[iii] Herman Bavinck, Reformed Dogmatics: Vol. 3: Sin and Salvation in Christ, ed. John Bolt, trad. John Vriend (Grand Rapids: Baker Academic, 2006), p. 556.



[iv] B. B. Warfield, "In Behalf of Evangelical Religion", em Selected Shorter Writings of Benjamin B. Warfield – I, ed. John E. Meeter (Nutley, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1970), p. 386.



[v] Ibid., p. 387.



[vi] Dietrich Bonhoeffer, op. cit.




ATENÇÃO: Informamos aos amados leitores que o Dr. Michael Horton é convidado da Universidade Presbiteriana Mackenzie para ministrar como preletor no Congresso Internacional de Religião, Teologia e Igreja, que está agendado para acontecer entre os dias 01 a 03 de Março de 2010. Veja a programação completa do congresso no site: http://www.mackenzie.br/congresso_religiao.html






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