quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O muro caiu



Há vinte anos, em 9 de novembro de 1989, os alemães orientais derrubaram o muro de Berlim. Considerado um dos maiores símbolos da Guerra Fria, o muro deixou de existir. Libertando-se de quatro décadas de totalitarismo e enterrado para sempre a experiência comunista. A queda do muro de Berlim simbolizou o desmoronamento do comunismo na Europa Central e Oriental. Esta semana toda e Alemanha e o mundo comemoraram a queda do muro. Milhares de pessoas foram para frente do portão de Brandemburgo para festejarem os vinte anos do que era considerado o muro da vergonha.

Assim como em Berlim, no inicio da criação, não havia um muro em nossa relação com Deus, porém, por decisão própria, o homem resolveu desobedecer o limite estabelecido pelo Criador. “E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gn. 2.16,17) “...tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu” (Gn. 3.6). A partir desse momento um muro foi erguido. Deus não desejou isso. Foi o homem que decidiu erguê-lo, e teve que sofrer as terríveis conseqüências (uma tipificação desse muro é de Berlim): Vergonha, Medo, Fuga, Expulsão e Morte “Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.” (Gn. 3.7-10) e por fim, foram expulsos da presença (jardim do Éden) de Deus (Gn. 3.23,24). Uma enorme barreira foi construída (o pecado) “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.” (Rm. 3.23)

O pecado condenou para sempre toda raça humana. Contudo, Deus anunciou desde aquele momento que o pecado (o muro que nos separa e nos condena) seria resolvido quando viesse da mulher (Jesus) aquele que viria para “ferir a cabeça da serpente” (Gn. 3.15). Como cita João: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (1Jo.3.8). Com a morte de Jesus na cruz a parede que separava o homem de Deus caiu. Havia um símbolo desta separação no templo. O véu, que separava o lugar santo, onde o somente o Sumo sacerdote poderia entrar, do santo dos santos onde estava a arca e onde Deus se manifestava entre os querubins. Ele foi rasgado “Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo” (Mt. 27.51). Do alto a baixo, significa que não foi obra humana, e sim divina. O próprio Deus agiu retirando a muro que nos separava dele. O apóstolo Paulo declara: " que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões” (2Co. 5.19). Esta separação é provida pela morte de Jesus Cristo.

Numa história que foi contada por um teólogo suíço, Karl Bart. Em uma de suas pregações Karl Bart falou de um grupo de soldados japoneses que em 1965, 20 anos depois de terminada a Segunda Guerra Mundial, estavam escondidos numa ilha do Pacífico e não sabiam que a guerra havia terminado. Fugiam de todo contato com as pessoas, não tinham mais armas, não queriam se render, “um japonês não se rende”, mas também não podiam vencer a guerra, então ficavam escondidos no meio do mato. A noite entravam em alguma aldeia, roubavam alguma galinha, um porco, ovos, para se alimentar, o pessoal dessas aldeias começou a descobrir que havia alguma coisa errada. Panfletos foram lançados em dialetos que eles pudessem entender, na língua japonesa, dizendo que a guerra havia terminado, mas eles não se renderam pensando que fosse um truque dos aliados, até que uma noite, um deles que foi saquear uma granja foi preso.

Então levaram-no para a aldeia e mostraram que a guerra havia terminado, que agora, essas coisas pós-guerra, Japão e Estados Unidos eram aliados, que não havia mais motivo para continuar escondido. Ele então voltou para o grupo e o grupo, que a 20 anos vivia escondido nas matas de uma ilhota do Pacífico voltou para a civilização. E como só no Japão isso acontece, eles foram recebidos como heróis.
Aí disse o teólogo Karl Bart: “povo muito estranho este vivendo numa guerra que havia terminado 20 anos antes, mas muito mais estranho é o homem que insiste em viver em guerra com Deus, mais de dois mil anos depois de Jesus Cristo ter conseguido o armistício na cruz do Calvário”.

Ainda hoje, muito mais estranha é a pessoa que insiste em viver sem paz com Deus mais de dois mil anos depois que Jesus Cristo nos ofereceu a paz na cruz do Calvário. Muito mais estranho é o homem e a mulher que vivem separados e desamparados, depois que Jesus Cristo resolveu esta questão. Não é preciso mais viver distante de Deus. Não é mais preciso viver sem ele e não é preciso mais a sensação de separação. Deus nos recebe e nos aceita como somos, na pessoa de Cristo. Sim, o muro caiu! Mas, será que para você este muro tenha caído? Sabe aquela sensação de estamos fora do lugar. Esta compreensão de que nós não estamos vivendo como deveríamos viver e no fundo qualquer pessoa, se tiver um pouco de honestidade consigo mesmo há de reconhecer que a sua vida fica abaixo do que ela poderia viver, seja honesto com você mesmo. A vida que você vive é tudo o que você poderia viver? Você se sente encontrado, ajustado, realizado no mundo? Sabe que está vivendo como Deus gostaria que você vivesse? Sente-se completo? Pode dizer, está tudo bem realmente comigo?

Você pode viver bem com Deus, você pode ter paz com Deus, você pode experimentar a certeza de que Deus o aceita, você pode ser amparado por ele, ele sofreu para que você não sofresse e se ele foi morto para que você vivesse.
Pense sobre a sua vida, sobre o que Cristo lhe oferece e sobre esta gloriosa possibilidade de viver com Deus e com Jesus Cristo. O muro já caiu, para aquele que o recebe. É a oportunidade que você tem e que você deve aceitar. Deus o abençoe.

Pr Nelmo Monteiro Pinto