por Edvar Gimenes de Oliveira:
Desde que me senti vocacionado para o pastorado tenho tentado ser pastor.
Tenho tentado não permitir que a figura de executivo de empresa
religiosa ou de artista de show da fé encarnem minha personalidade ou
determine o perfil das atividades pastorais.
Tenho tentado não deixar que a paranóia pelo aumento de frequentadores
nos cultos ou das receitas financeiras, sacrifiquem a fidelidade a
valores universais do Reino de Deus, como amor, justiça, graça,
misericórdia, verdade, liberdade, honestidade...
Tenho tentado olhar as pessoas como gente e não como cifrões e
estimular a igreja a gerenciar seus recursos financeiros com
transparência, austeridade e democracia, visando alcançar objetivos
estabelecidos à luz de ensinos e exemplos de Jesus.
Tenho tentado ser fiél a princípios bíblicos que perduram no tempo e
espaço, distinguindo-os daqueles que retratam a cultura de uma época.
Tenho tentado ensinar a Bíblia reflexivamente e não reprodutoramente,
estudando demoradamente, com interessados, textos que possam ajudá-los
a construir um estilo de vida saudável para si e coletivamente.
Tenho tentado não valorizar ou discutir picuinhas doutrinárias,
responsáveis por partidarismo político religioso, geradas por líderes
egocêntricos e dominadores travestidos de falsa espiritualidade.
Tenho tentado ser eticamente liberal, naquilo que, acredito, devemos
ser liberais; conservador, naquilo que, acredito, devemos ser
conservadores, sem me preocupar em me enquadrar num rótulo que possa
agradar este ou aquele segmento da igreja, das estruturas religiosas
ou da sociedade em geral.
Tenho tentado ser honesto na exposição de meus pensamentos,
compartilhando a forma como entendo os acontecimentos da vida sem
buscar aplausos de platéias, sejam elas quais forem.
Tenho tentado tratar com respeito o direito que todos temos de
construir e preservar nossas próprias opiniões. No que depende do meu
espaço de influência, tenho defendido o direito de discordarmos e
expressarmos nossos pontos-de-vista, mesmo diferentes dos do grupo
transitoriamente dominante.
Tenho tentado priorizar o ser verdadeiro, muito mais do que o ser
político ou popularmente marqueteiro.
Tenho tentado divulgar, através da imprensa, idéias que possam sem ser
úteis ao povo e não instrumentos de propaganda de um segmento
religioso. Faço isso na crença de que Deus não está interessado no bem
estar somente de pessoas filiadas a partidos religiosos, conhecidos
por uma infinidade de nomes – marcas - eclesiásticos. "Deus amou o
mundo...", portanto, não somente os frequentadores de igreja.
Tenho tentado ser um pastor disponível.
Tenho tentado me relacionar bem com todos, não fugindo de
divergências, discussões, às vezes calorosas e necessárias, sem,
entretanto, guardar mágoas ou amarguras que bloqueiem os não menos
calorosos e necessários momentos de afeto.
Tenho tentado ser transparente, não blefar, nem usar de meias
verdades. Quando preciso dizer sim, tento dizer sim; quando não, não.
Tenho tentado não fugir de adotar medidas dolorosas, quando uma
omissão colocaria em risco o bem-estar de um grupo maior de pessoas.
Tenho tentado compatibilizar interesses individuais com os
institucionais, pois, embora o indivíduo valha mais do que a
instituição, sem instituições a vida individual murcharia.
Tenho consciência de ter pecado muitas vezes na caminhada ministerial.
Nem sempre acertei o alvo, nas minhas tentativas. Nem sempre pude
prever e muito menos evitar, efeitos colaterais dolorosos que não
gostaria que tivessem ocorridos em certas tentativas de acerto.
Meus pecados, entretanto, não têm sido por falta de tentativas
sinceras e bem intencionadas, nem, muito menos, por má-fé. Por isso,
continuarei tentando, não desistirei de ser pastor.
Espero que aqueles que me cercam, compreendam e ajudem-me no
cumprimento da minha vocação. E, como eu tenho tentado ser pastor,
continuem eles, também, tentando ser verdadeiras ovelhas de Jesus
Cristo.
Fonte: http://www.coisasdavidadoego.blogger.com.br/