segunda-feira, 19 de julho de 2010

A VERDADEIRA OBRA DO ESPÍRITO SANTO

(Capítulo 2 do livro de Jonathan Edwards)



Um Resumo

Araúna dos Santos



Tendo por base o capítulo 4 da primeira epístola de João, o famoso pregador norte-americano Jonathan Edwards elaborou uma exposição sobre os sinais bíblicos que indicam a presença ou a ausência do Espírito de Deus numa pessoa, movimento ou igreja. A seguir estão as cinco características básicas de uma obra realizada sob a direção e o dominio do Espírito Santo, e não por força e manipulação de lideranças puramente humanas. É bom que se reflita sobre o que Jonathan escreveu, com base bíblica, para que nos situemos corretamente neste tempo de muitos modismos pentecostais, sem autenticidade escriturística. Leiamos o apóstolo João, através de Jonathan Edwards:



1 – “Quando a operação é tal que engrandece a estima das pessoas por aquele Jesus que nasceu da Virgem Maria e foi crucificado fora dos portões de Jerusalém, parecendo confirmar e estabelecer ainda mais na mente humana a verdade declarada pelo Evangelho de que Ele é o Filho de Deus e o Salvador dos homens, isto, sem dúvida, comprova que tal obra é do Espírito de Deus. (I João 4.2-3). Portanto, se o Espírito que age em meio a um povo é claramente percebido como aquele que realiza uma obra que convence as pessoas acerca de Cristo e as conduz a Ele – para confirmar em suas mentes a crença na história do Cristo que veio em carne e que Ele é o Filho de Deus, enviado pelo Senhor para salvar os pecadores, o único Salvador, esse é o Espírito de Cristo. E mais ainda, se esse Espírito parece gerar nas pessoas pensamentos sobre Cristo superiores, mais honrosos, do que elas costumavam ter, fazendo com que se voltem para Ele – tudo isso, sem dúvida, é sinal de que este é o Espírito verdadeiro e certo, por mais incapazes que sejamos de determinar se, para serem salvífícas, a convicção e a emoção sentidas pelas pessoas devem ter determinadas forma ou grau. Contudo, as palavras do apóstolo são notáveis. A pessoa a respeito de quem o Espírito dá testemunho e por quem Ele engrandece a estima dos homens deve ser aquele Jesus que veio em carne e não algum outro Cristo místico ou fantástico, como Seu substituto.”



2 – “Se o espírito que opera agir contra os interesses do reino de satanás, que consiste em promover e estabelecer o pecado, acalentando as concupiscências mundanas dos homens, então teremos aí uma evidência segura de que tal Espírito é verdadeiro e não falso. Este sinal nos é dado em I João 4.4-5. Com base nas palavras de João podemos determinar com segurança qual é o espírito que está agindo, de acordo com tais procedimentos: se diminui o apego dos homens aos prazeres, benefícios e honras do mundo; se arranca de seus corações a procura ambiciosa dessas coisas; se os envolve em uma profunda solicitude pela condição futura e pela felicidade eterna revelada no Evangelho, levando-os a uma busca zelosa do reino de Deus e Sua justiça; se os convence a respeito da terrível natureza do pecado, da culpa que ele provoca e da desgraça a que expõe as pessoas – esse só pode ser o Espírito de Deus.”

“A influência do Espírito de Deus é manifesta com maior abundância, se o coração das pessoas é desviado do mundo, libertado dos objetos de suas ambiçõese arrancado de suas ocupações mundanas pela pecepção da excelência das coisas divinas e por se apegar às alegrias espirituais de outro mundo, as quais estão prometidas no Evangelho.”



3 – “O espírito que opera gerando nos homens uma profunda consideração pelas Sagradas Escrituras, firmando-os ainda mais na verdade e divindade da Palavra do Senhor, certamente é o Espírito de Deus. Esta regra nos é dada pelo apóstolo em I João .4. 6 O diabo jamais tentaria criar nas pessoas qualquer estima pela Palavra divina, concedida por Deus para ser a grande e permanente regra de orientação de Sua igreja em todos os assuntos religiosos e em tudo o que se refere às almas dos homens, ao longo de todas as eras. O diabo sempre demonstrou rancor e ódio mortais por aquele livro sagrado, a Bíblia. Ele tem feito tudo o que pode para extinguir essa luz e dela desviar os homens. Ele sabe que esta é a luz pela qual seu império de trevas será destruido.” Podemos estar certos de que ele jamais tentará aumentar a estima ou o amor das pessoas pelas Escrituras. Em consequência, é comum vermos alguns fanáticos depreciando esta regra escrita, estabelecendo acima dela a luz interior de “revelações” ou alguma outra norma.”



4 – “Outra regra para discernimos os espíritos pode ser inferida a partir das formas de tratamento dado aos inimigos nas ultimas palavras de I João 4.-6 “. . . o espírito da verdade e o espírito do erro”. Elas revelam os caráteres opostos do Espírito de Deus e dos outros espíritos que falsificam suas obras. Portanto, se ao observarmos a maneira de agir de um espírito vemos que ele opera como espírito de verdade, levando pessoas à verdade e convencendo-as de coisas verdadeiras, então, podemos concluir com segurança que esse é o Espírito certo e verdadeiro. Se notamos que o espírito em operação aumenta nas pessoas a consciência de que Deus é o Senhor, e que nos tira das trevas e nos traz para a luz e nos livra do engano, por convencer-nos da verdade (mediante Sua Palavra revelada). Esse é Espírito Santo de Deus”.



5 – “Se o espírito que está em ação por meio de um povo opera como espírito de amor a Deus e ao homem, temos aí um sinal de que este é o Espírito de Deus. O apóstolo João enfatiza este sinal do versículo 6 até o fim do capítulo: “Amados, amemo-nos uns aos outros porque ao amor procede de Deus ; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” , etc. Ele menciona o amor como sinal por meio do qual identificamos quem tem o espírito verdadeiro. Isto se torna especialmente claro nos versículos 12 e 13.

“A característica mais evidente do verdadeiro amor divino sobrenatural – distinguindo-o das imitações que surgem de uma auto-estima natural – é que nele brilha a virtude cristã da humildade, qualidade que, mais do que todas as outras, renuncia, degrada e aniquila a palavra auto. O amor cristão é um amor humilde: “O amor é paciente, é benigno, amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal...” (I Co 13: 4-5). Quando vemos em alguém um amor acompanhado do reconhecimento de sua própria insignificância, sordidez, fraqueza e total insuficiência; esses são sinais claros da operação do Espírito de Deus.”



Do livro: A Verdadeira Obra do Espírito – Sinais de Autenticidade (Edições Vida Nova)

Vale a pena ler e refletir neste tempo de confusão doutrinária.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS:





1 – Desde o seu início, nas terras da Palestina, o Evangelho de Cristo tem experimentado deturpações e desvios de sua mensagem original. O ensino de Jesus, o Cristo, tem convivido com interpretações humanas destituídas de validade lógica e acuracia espiritual, quando o texto bíblico não é trabalhado segundo principios fundamentais de correta exegese e hermenêutica, sob a iluminação do Espírito Santo, cujo ministério é nos “ensinar toda a verdade” -João 14 a 16.. No contexto da própria revelação bíblica, especialmente do Novo Testamento, são inúmeras as referencias a desvios doutrinários fortemente refutados pela autoridade apostólica. Legalismo, Gnosticismo, Agnosticismo, Escatologia, Cristologia e mesmo Pneumatologia (Doutrina do Espírito Santo) são temas de desvios da doutrina de Cristo e dos Apóstolos muito cedo verificados e prontamente refutados e corrigidos pelos escritores bíblicos.



3 – Através de vinte séculos de história, o cristianismo de homens, socialmente manifesto, tem enfrentado heresias discordantes da pureza do Evangelho de Cristo. Pedro, o apóstolo chegou a afirmar que as cartas de Paulo “contêm algumas coisas difíceis de se entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (II Pd 3.16). É preciso ter mente crítica para analisar, com sólido conhecimento bíblico, as novidades que vão aparecendo no cenário religioso e evangélico, a fim de não se envolver, igualmente, em erros de interpretação e desvios doutrinários.



4 – Em nossos dias, convivemos, especialmente, com a heresia pentecostal divisionista. O adjetivo em si, aplicado à igreja de Cristo, já representa um desconhecimento de seu significado, origem e aplicação. O substantivo Pentecoste e seu adjetivo cognato se ligam à história de Israel e às experiências religiosas desse povo especial de Deus, separado para um propósito especifico e realizado. Leia sobre a instituição do Dia de Pentecoste em Levítico 23, que discorre sobre as Festas Sagrados dos israelitas. ordenadas na Lei de Moisés. Uma Igreja Evangélica Pentecostal é um a contradição de termos. Um não pode se aplicar ao outro. Um exclui o outro. Se é igreja de Cristo não pode ser pentecostal. Se é pentecostal,não pode ser igreja de Cristo.



5 – O relato de ATOS 2 , que esclarece sobre o momento da realização da promessa de Deus (Joel 2..28) reafirmada por Jesus Cristo (Atos 1.8, Lc 24..49), deve ter seu foco no cumprimento da promessa de Deus e não no Dia de Pentecoste. Aquele dia de festa se repete até hoje na experiência religiosa de Israel. Mas a promessa do ministério pleno do Espírito Santo já se cumpriu, desde que Jesus Cristo foi glorificado (João 6.37-39). Essa a razão por que não se espera “novo Pentecoste” no sentido de derramamento do Espírito. O Espírito já está entre nós. O Espírito já está em nós que confessamos a Cristo como Salvador, Senhor e Mestre. A experiência do Espírito, com o falar em línguas estrangeiras, sem as ter aprendido, conforme aconteceu em Jerusalém nos dias apostólico, não se repete mais. A promessa já se cumpriu e foi confirmada. O Espírito já se tornou disponível para toda carne. O que era restrito a algumas pessoas, entre os israelitas, antes da glorificação de Cristo, agora está estendido a todos: SER CHEIO DO ESPÍRITO.

fonte:
http://vigiai.net/news.php?readmore=3627

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Um estudo sobre as ''Obras da Lei'' em Gálatas

A nova perspectiva sobre Paulo: um estudo sobre as ''Obras da Lei'' em Gálatas


Augustus Nicodemus

RESUMO

Este artigo* versa sobre a maneira como Paulo tem sido interpretado em sua relação com a lei de Moisés desde a época da Reforma até o presente. O autor se detém particularmente na interpretação mais recente adiantada por estudiosos de renome, de que a igreja tem entendido erroneamente essa relação e que o judaísmo do primeiro século não era legalista, mas uma religião da graça. Paulo nunca teria combatido as obras da lei porque eram legalismo, mas sim por serem identificadores culturais de Israel, o que estabelecia uma distinção entre judeus e gentios. O autor examina as pretensões da chamada “nova perspectiva sobre Paulo” a partir do livro de Gálatas, detendo-se no exame da expressão “obras da lei”. Ele conclui que exegeticamente a “nova perspectiva” não pode apoiar-se nessa carta de Paulo e que a visão tradicional de que o apóstolo combate a salvação pelas obras da lei é a que melhor explica os textos em exame.

PALAVRAS-CHAVE

Lei; Legalismo; Judaísmo; Judeus; Fariseus; Paulo; Obras da lei; Graça; Dunn; Sanders; Gálatas.

INTRODUÇÃO

Desde o seu início, o cristianismo debate-se com uma questão crucial: qual é exatamente a posição da lei de Moisés dentro da nova dispensação da graça? Não se trata de uma discussão teológica sem valor prático. Várias alternativas práticas dependem das respostas.1

O debate tem se concentrado historicamente nas cartas de Paulo aos Romanos e aos Gálatas, e mais recentemente na expressão “obras da lei” , que ocorre oito vezes nessas cartas: duas vezes em Romanos (3.20,28) e seis vezes em Gálatas (2.16, três vezes; 3.2,5; 3.10). Em todas essas ocorrências, a expressão ocupa posição central no contexto, e é usada com uma conotação negativa. Paulo emprega-a cinco vezes para negar que a justificação pode ser obtida por intermédio da lei (Rm 3.20,28; Gl 2.16). A expressão também é usada negativamente para se referir aos que estão debaixo da maldição da lei (Gl 3.10).



Não é de admirar, portanto, que dentro da interpretação tradicional do cristianismo histórico as “obras da lei” sempre tenham sido encaradas de forma negativa e entendidas como parte da polêmica de Paulo contra o sistema judaico de salvação por obras e méritos humanos. De acordo com essa interpretação, Paulo usa a expressão “obras da lei” para se referir aos atos de obediência à lei de Moisés realizados pelos judeus da sua época, com a intenção de obter méritos diante de Deus. Paulo rejeita as “obras da lei”, em primeiro lugar, porque nunca foi propósito de Deus que a lei servisse de caminho de salvação. Em segundo lugar, porque o homem é totalmente corrompido e fraco, devido ao pecado, e, portanto, incapaz de cumprir as exigências da lei. Assim, para Paulo, ninguém pode se justificar pelas “obras da lei” simplesmente porque ninguém é capaz de fazer tudo o que a lei exige.2

1. O SURGIMENTO DA “NOVA PERSPECTIVA SOBRE PAULO”

A interpretação tradicional que por muito tempo dominou a área de estudos paulinos começou a ser contestada recentemente, de forma séria, por vários estudiosos.

Veremos a seguir os estudiosos que mais se destacaram como responsáveis pelo surgimento e difusão da “nova perspectiva sobre Paulo”. É importante lembrar que essa não é uma recensão exaustiva da história do surgimento dessa ideia, mas um mapeamento dos seus principais atores.

1.1 E. P. Sanders

Depois dos artigos de Krister Stendhal e Werner Kümmel3, a obra que possivelmente mais tem contribuído para uma mudança de perspectiva sobre o judaísmo e Paulo é o livro de E. P. Sanders, Paul and Palestinian Judaism4. Partindo de suas pesquisas em material rabínico, Sanders argumenta que o judaísmo da Palestina na época de Jesus e Paulo não era uma religião legalista, preocupada em acumular méritos diante de Deus; antes, era uma religião baseada na graça de Deus revelada nas alianças com Israel, especialmente no Sinai.



Portanto, longe de ser legalista, o fariseu da época de Jesus e de Paulo já se considerava, por nascimento, dentro da graça e da aliança. Ele não praticava as “obras da lei” de forma legalista nem para justificar-se mas simplesmente para manter-se dentro do círculo da aliança. Sanders, então, conclui que o padrão religioso do judaísmo palestino não era “legalismo”, mas “nomismo pactual” (covenantal nomism). Partindo dessas premissas, Sanders afirma em outra obra sua que o assunto discutido em Gálatas “não é se as pessoas podem acumular méritos suficientes para ser absolvidas no juízo; antes, o que se discute é a base sobre a qual os gentios podem ser incluídos no povo de Deus”5.

A tese de Sanders, em que pese a sua influência e impacto, encontrou diversos oponentes e críticos que apontaram as suas diversas e óbvias fraquezas. Primeiro, a distinção que ele faz entre “ser justificado diante de Deus” (que para ele não era a preocupação nem de Paulo nem dos judeus nem de ninguém no século I) e “entrar no povo de Deus” permanece sem uma justificativa clara e sem uma explicação sobre em que essas duas coisas são diferentes.

Segundo, Sanders manipulou as informações recolhidas das fontes rabínicas, pois omitiu as evidências de que o judaísmo palestino era de fato legalista. Terceiro, ele pressupõe que o Judaísmo da Palestina era monolítico, isto é, uma religião cujos ramos e variantes tinham a mesma opinião sobre fé, obras e o pacto – algo que simplesmente não pode ser provado. Por fim, a tese de Sanders acaba pressupondo que esse autor sabe mais sobre o judaísmo do século I do que Jesus e Paulo6. Apesar de tudo, as ideias de Sanders continuam a influenciar até hoje a área de estudos paulinos.

1.2 James Dunn

Um outro autor que tem contribuído em muito para essa “nova perspectiva sobre Paulo” é James Dunn. A sua abordagem sociológica tem recebido vasta aceitação. Para ele, Paulo ataca as “obras da lei” não porque elas expressam algum desejo de alcançar mérito por parte dos judeus, mas porque entende que elas fazem uma distinção entre os judeus, o povo de Deus da antiga dispensação, e os gentios, a quem o evangelho está sendo oferecido. As “obras da lei”, que Paulo identifica como restritas à circuncisão, às leis sobre alimentos puros e impuros (kashrut) e aos dias especiais do calendário judaico, são emblemas que caracterizam o judaísmo e devem ser rejeitadas porque enfatizam a separação entre judeus e não-judeus, a qual Cristo veio abolir7.

Os trabalhos de Sanders e Dunn, entre outros, têm influenciado de forma decisiva o debate atual acerca da perspectiva de Paulo sobre a lei. Percebe-se uma mudança na abordagem de vários estudiosos na direção de uma percepção mais positiva e menos crítica do judaísmo, dos judeus e da lei8. Como consequência, Paulo tem sido visto de forma negativa, como detentor de uma perspectiva distorcida da religião dos seus pais,9 ou mesmo como mal-intencionado em sua maneira de caricaturar e de condenar o judaísmo.10 E o que é ainda mais sério, a polêmica de Paulo contra as “obras da lei” é lançada no vácuo, já que, segundo a “nova perspectiva”, ninguém no primeiro século estava dizendo que a salvação era por obras, muito menos os judeus. Como explicar, então, o ataque consistente de Paulo contra as “obras da lei”, especialmente em Gálatas? Segundo os exegetas da “nova perspectiva”, ou Paulo entendeu mal o judaísmo da sua época (Schoeps), ou então não estamos entendendo bem Paulo (Sanders, Dunn). Ele realmente nunca foi contra as “obras da lei” como um caminho falso de salvação, como Lutero e outros reformadores disseram, e suas críticas à lei, às “obras da lei” e ao judaísmo precisam ser interpretadas de maneira diferente da tradicional.

2. AS “OBRAS DA LEI” EM GÁLATAS

A carta chave de todo esse debate é Gálatas, e é nela que veremos se a tese da “nova perspectiva” pode ser substanciada exegeticamente. Na discussão que se segue, estaremos preocupados apenas com uma questão: Por que motivo Paulo rejeita as “obras da lei”? É porque elas fazem parte do sistema legalista do judaísmo da sua época, sendo incompatíveis com a salvação pela graça, mediante a fé em Cristo (interpretação tradicional)? Ou simplesmente porque fazem distinção entre judeus e gentios (nesse caso, a interpretação tradicional estaria precisando de revisão)? Em nossa pesquisa, estaremos interagindo especialmente com as ideias de James Dunn, considerando que elas têm alcançado proeminência entre as demais linhas da “nova perspectiva”.

2.1 A identidade dos oponentes de Paulo

O significado de “obras da lei” , em Gálatas está essencialmente ligado a algumas questões introdutórias sobre a carta, especialmente o propósito dos oponentes de Paulo na Galácia. Segundo Paulo, eles pregavam “outro evangelho” com a intenção de “perverter o evangelho de Cristo” (1.6,7). Aparentemente, esses pregadores estavam minando a autoridade de Paulo como apóstolo, com o objetivo de resgatar os gálatas de debaixo da sua influência e assim ganhar-lhes a atenção (4.17).

A identidade desses oponentes de Paulo tem sido bastante debatida.11 Aparentemente eles pertenciam à facção farisaica da igreja de Jerusalém, conhecida como “os da circuncisão” (οἱ ἐκ περιτομῆς, At 11.2) devido ao seu ensino enfático sobre a necessidade da circuncisão para a salvação dos gentios (At 11.3; 15.1-5; Gl 2.1-5,11-13; 6.12-13).12 A julgar pelo que Paulo menciona, eles haviam obtido algum sucesso (1.6), pois alguns dos gálatas já estavam guardando os dias santos do calendário judaico (4.9) e outros estavam prestes a se deixar circuncidar (5.2-3). Em resumo, eles estavam abandonando o evangelho pregado por Paulo e adotando um tipo de religião judaico-cristã com fortes tendências legalistas, que requeria as “obras da lei” em acréscimo à fé em Cristo (2.16; 3.10; 4.8-11; 5.2-3).

Alguns estudiosos têm sugerido que, exigindo essas coisas, os “judaizantes” estavam tratando apenas da questão de “como se tomar um herdeiro completo de Abraão” (3.29; 4.1-7,30) ou mesmo propondo um caminho mais excelente de perfeição cristã (3.1-5). Dunn tem mesmo avançado a hipótese de que, de acordo com 2.15-16a, o judaísmo do primeiro século sabia que a salvação era pela fé e não por obras da lei e, portanto, o que estava em jogo na Galácia não era a justificação.13 Entretanto, transparece da carta aos Gálatas que, para Paulo, o que estava prestes a ocorrer com os destinatários era uma questão de vida ou morte. Se eles se submetessem às exigências daqueles pregadores, estariam abandonando o verdadeiro evangelho, renegando a graça de Deus, anulando a obra de Cristo, colocando-se debaixo da maldição da lei e decaindo da graça. Pouca dúvida resta de que, para o apóstolo, o que estava sendo ameaçado era o próprio conceito de justificação. É esse o assunto que o preocupa, mesmo quando aborda a questão da herança de Abraão, incluindo a promessa do Espírito (3.6-9, 29; 3.26 com 4.5-7; 3.4; 3.1-2 com 4.6; Ef 1.13).

2.2 O sentido de “lei” em Gálatas

Esse ponto torna-se ainda mais claro quando observamos em que sentido Paulo usa a palavra “lei” , em sua argumentação contra a mensagem dos seus opositores. Na maioria das 30 vezes em que a usa em Gálatas, ele se refere à lei de Moisés e, dentre essas, 16 vezes a referência é claramente à lei de Moisés como um todo (2.16,19,21; 3.2,5,10,13,17-19; 4.21a; 5.3-4,18; 6.13) e quatro vezes à administração sinaítica do Antigo Testamento (3.23-25; 4.4; 5.14).14 É seguro concluir que Paulo usa o termo “lei” em Gálatas principalmente para referir-se ao corpo de regulamentos dados por Deus a Israel mediante Moisés no Sinai, e como tal ela é abordada pelo apóstolo nessa carta, não em sua função social e nacional como emblema do judaísmo, mas como o conjunto de requisitos legais de Deus em relação aos judeus, os quais os oponentes de Paulo queriam impor aos gentios. Notemos que Paulo menciona a lei apenas no que se refere à relação do homem com Deus (teológica), não quanto à identidade nacional de um povo (sociológica). Assim, é evidente pela forma como Paulo usa , que a expressão “obras da lei” refere-se às obras realizadas em obediência à lei com propósito salvífico.15

É possível que Dunn esteja certo ao afirmar que Paulo, em Gálatas 2.16, tem em mente apenas os preceitos da lei enfatizados pelos seus oponentes, não a lei como um todo. O que estaria em discussão era principalmente a circuncisão (2.3) e as leis cerimoniais de alimentos puros e impuros (2.12). Dunn observa corretamente, em minha opinião, que estes dois preceitos da lei, juntamente com a observância dos dias especiais do calendário judaico (principalmente o sábado), eram as principais características do judaísmo do período do segundo templo, os “emblemas” da religião judaica. Em outras palavras, se perguntassem a qualquer pessoa do primeiro século o que era um judeu, a resposta provavelmente incluiria a menção de todos ou de alguns desses elementos. Não é de admirar, portanto, que os adversários de Paulo estivessem insistindo nesses pontos em sua catequese dos crentes gentílicos da Galácia.

2.3 O sentido de “obras da lei”

Embora essa sugestão de Dunn seja atraente, é mais provável que Paulo esteja usando a expressão “obras da lei” num sentido mais amplo em 2.16, como uma conclusão generalizada. Longenecker, que prefere essa possibilidade, acha que Paulo usa “obras da lei” para sinalizar “todo o complexo legalista de ideias relacionadas com o adquirir do favor divino pelo acúmulo de méritos mediante a observância da Torá”16.

Essa interpretação mais ampla de “obras da lei” em 2.16 é confirmada em 3.10: “Todos quantos são das obras da lei estão debaixo de maldição, porque está escrito: ‘Maldito todo o que não permanece em todas as coisas escritas no livro da lei para fazê-las’”. Ser das “obras da lei” implica em cumprir toda a lei – e isto representa mais que os mandamentos sobre circuncisão, alimentos e dias santos.

Algumas versões na língua inglesa introduziram em 3.10 a palavra “confiam” antes de “obras da lei” (“malditos os que confiam nas obras da lei”), refletindo o sentido óbvio do pensamento de Paulo (NIV, RSV; ver também Phillips). Mas nem todos estão satisfeitos com essa interpretação. Dunn, de forma característica, entende que os que são das “obras da lei” não são necessariamente os legalistas, mas “todos os que restringem a graça e a promessa de Deus sob aspectos nacionalistas”.17 Outros, como Braswell, tomam a expressão num sentido bem mais amplo, como uma referência aos judeus em geral, visto que, para Paulo, eles eram o único povo debaixo da lei de Moisés.18 Essa ideia, entretanto, minimiza a força da expressão “todos quantos” , que aponta para os que são das “obras da lei” como um grupo específico, em contraste com os que são “da fé&rdquo , no v. 9. Portanto, a referência em 3.10 não pode ser aos judeus como um todo, mas aos que dentre eles confiavam numa observância legalista da lei como caminho para a vida.19

Podemos ainda apelar para outro argumento, que fortalece a interpretação tradicional. A citação de Paulo nesse versículo (3.10) é de Deuteronômio 27.26. Paulo segue aqui a Septuaginta, que adiciona ao texto hebraico original “todo o homem” e “todas” antes de “as coisas escritas no livro da lei”.20 Por que Paulo preferiu seguir a Septuaginta nessa citação e não o Texto Massorético? Provavelmente porque a Septuaginta, ao expandir o texto hebraico durante a tradução, dando-lhe uma ênfase mais universal e qualificando a lei como um conjunto de requisitos, serve melhor ao argumento do apóstolo a esta altura. A citação deliberada da Septuaginta, nesse contexto, é mais uma indicação de que, para Paulo, “os que são das obras da lei” eram os que confiavam na obediência à lei de Moisés como o caminho para obter o favor divino.

2.4 “Obras da lei” em contraste

Abordemos o assunto de outra perspectiva. Devido ao caráter polêmico da epístola, Paulo sempre contrasta a expressão “obras da lei” com outras expressões, o que indiretamente nos fornece indicações do seu significado para o apóstolo. Em 2.16, por exemplo, Paulo duas vezes coloca “obras da lei” em paralelismo antitético com “fé em Cristo Jesus” O sentido exato dessa expressão tem sido amplamente debatido em vista da sua sintaxe ambígua. Trata-se de um genitivo subjetivo ou objetivo? A maioria dos exegetas tem optado por um genitivo objetivo, “fé em Jesus Cristo”.21 Entretanto, reconhecemos que mesmo a tradução “fé de Cristo Jesus” não alteraria de forma significativa o argumento de Paulo, quando contrasta a expressão com “obras da lei”. A questão permanece a mesma: não é por praticar as obras requeridas pela lei que alguém é salvo, mas pela dependência de Deus e de Jesus Cristo como Salvador.

Tal contraste entre obras e fé, que também aparece em outros escritos de Paulo (ver Rm 2.20,28; 3.8,24; 4.5; 5.1; Ef 2.8-12; 3.2; Fp 3.9), em Gálatas faz parte do contraste maior que Paulo está fazendo entre a mensagem dos seus adversários e o evangelho genuíno que ele prega. Esse contraste é apresentado de várias formas: carne e Espírito (3.2,5; 5.18-25), Agar e Sara (4.21-31), a aliança feita mediante Moisés e a promessa feita a Abraão (3.15-22). Em todos esses casos, temos a impressão de que Paulo está estabelecendo claramente a diferença fundamental entre as duas mensagens: a tentativa de merecer a absolvição divina pela acumulação de méritos em contraste com a recepção simples dessa absolvição mediante a fé em Cristo Jesus. Como parte desse contraste abrangente, as “obras da lei” são entendidas como uma execução legalista dos requisitos da lei de Moisés.

Outra expressão usada por Paulo em contraste com “obras da lei” é “ouvir com fé duas vezes em 3.1-5). Nessa passagem, Paulo argumenta com os gálatas, com base na experiência dos mesmos no passado e no presente, que a recepção do Espírito e a sua atuação poderosa entre eles decorriam não das “obras da lei”, mas do “ouvir com fé” (3.2,5). A expressão ἐξ ἀκοῆς πίστεως também não é fácil de traduzir, porque mais uma vez temos um genitivo que pode ser tanto subjetivo quanto objetivo e duas palavras que podem comportar várias traduções diferentes (embora relacionadas), ἀκοῆς e πίστεως. Entretanto, independentemente da tradução adotada, o argumento de Paulo permanece invariável. Em última análise, o contraste entre “obras da lei” e “ouvir com fé”, conforme Hays afirma, estabelece ambas como alternativas mutuamente excludentes, que destacam a diferença e a justaposição entre a atividade humana e a atividade divina.22

Em 3.9-10, Paulo coloca “os que são das obras da lei” em correspondência antitética com os que são “da fé” . Essa passagem pertence ao argumento final de Paulo de que Abraão foi justificado pela fé e de que Deus prometeu abençoar todas as nações em sua descendência (3.6-8). Os que são (v. 9) são abençoados com o crente Abraão, ao passo que os que são ἐξ ἔργων νόμου são malditos pela lei. Se pudermos ler aqui o argumento de Paulo em 3.16-18, o contraste entre esses dois grupos toma-se mais claro.23 Os que são “da fé” são justificados como Abraão, sem as “obras da lei”. No caso de Abraão, a lei não havia sido dada ainda. O outro grupo, os das “obras da lei”, justificam-se pela lei de Moisés, que veio 430 anos após Abraão. O contraste é soteriológico. As “obras da lei” aqui, bem como em toda a carta, referem-se a obras realizadas em obediência à lei de Moisés com propósito meritório.

Praticar as “obras da lei” em 2.16 tem ainda um paralelo em 2.21, a “justiça mediante a lei”, que Paulo coloca em irreconciliável oposição aos efeitos da morte de Cristo. O contexto e a semelhança das duas expressões autorizam-nos a estabelecer o paralelo. O resultado é que praticar as “obras da lei”, por inferência, é incompatível com os propósitos da morte de Cristo. Para que a justaposição no v. 21 entre a morte de Cristo e a justiça mediante a lei seja válida, é necessário que esta última seja entendida como atividade humana, padronizada pela lei, desde que a morte de Cristo, como Paulo geralmente indica, é resultado da iniciativa e da atividade de Deus com o objetivo de salvar pecadores (Gl 4.4-5; Ef 1.7-8; Cl 1.19-20; Rm 3.25-26).

CONCLUSÃO

Esperamos que nossa rápida pesquisa tenha demonstrado que o ataque de Paulo às “obras da lei” em Gálatas faz parte da sua polêmica mais geral contra o sistema legalista e inadequado do judaísmo palestino como uma religião de méritos e em direta oposição ao evangelho da graça revelado em Cristo, conforme tradicionalmente se vem afirmando. Embora a ênfase de Dunn na função sociológica da lei nos desafie a ampliar nossa interpretação e incluir também este aspecto na polêmica de Paulo contra as “obras da lei” em Gálatas, sua tese fundamental, bem como muitas teses da “nova perspectiva” sobre o judaísmo e Paulo, não pode ser aceita senão mediante severas restrições e qualificações. Portanto, desde que não conseguimos ser convencidos por elas, resta-nos permanecer com a interpretação tradicional, que, mesmo parecendo antiquada e indefensável para muitos, continua refletindo mais exatamente a intenção de Paulo ao afirmar que a salvação é pela fé, sem as “obras da lei”.

A “nova perspectiva” sobre Paulo continua a influenciar grandemente os estudos paulinos. Inclusive estudiosos evangélicos têm abraçado alguns de seus postulados, embora não cheguem ao ponto de considerar Paulo como equivocado ou inconsistente. Partindo da nossa investigação acima, podemos oferecer uma crítica abordando pelo menos dois pontos.

Primeiro, a “nova perspectiva” acaba atacando a autoridade das Escrituras. Na verdade, é uma “velha perspectiva” sobre as Escrituras. Ela acaba por presumir com relação ao Novo Testamento o mesmo ceticismo histórico que tem marcado os estudos críticos modernos. Ou seja, os escritos do Novo Testamento devem ser tratados como qualquer outro livro de religião, e seus escritores como os demais autores humanos. Admite-se a priori que poderiam ter cometido erros históricos, passado informações falsas e caído em frequentes contradições. Nem todos os que aceitam algumas das ideias da “nova perspectiva” são necessariamente liberais em sua maneira de tratar as Escrituras. Ao fim, porém, temos de escolher entre o quadro que elas nos dão do judaísmo e dos fariseus do século I e aquele reconstruído por Sanders e demais estudiosos que o seguem.

Segundo, a “nova perspectiva” deixa os opositores de Jesus e Paulo sem identificação. Embora o trabalho de demolição feito pelos críticos da “nova perspectiva” seja bem apresentado e desenvolvido, pouco ou nada tem sido erguido sobre as ruínas. A reconstrução que fazem de Jesus, de Paulo e do judaísmo daquela época acaba não convencendo ninguém a não ser os seus proponentes. Não há unanimidade entre eles, por sinal. James Dunn criticou duramente o Jesus reconstruído por Sanders.

ABSTRACT

This article deals with the Christian church’s understanding of Paul and his relation to the law of Moses, from the Reformation to the present. The author focuses at greater length on a recent understanding advanced by renowned scholars that the church has understood erroneously this relationship. First century Judaism was not a religion of works but of grace. Paul never attacked the works of the law because they were legalistic but because they were identifying markers of first century Judaism, thus establishing a distinction from the Gentile Christians. The author examines “works of the law” in the letter to the Galatians in order to verify the claims of the so called “new perspective on Paul”. He concludes from an exegetical point of view that the “new perspective” cannot be supported from Paul’s writing to the Galatians and also that the traditional view of historical Christianity, that Paul is struggling against salvation by works, is still the best explanation for his writings on the subject.

KEYWORDS

Law; Legalism; Judaism; Jews; Pharisees; Paul; Works of the law; Grace; Dunn; Sanders; Galatians.

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* O presente artigo é baseado no capítulo de sua autoria, LOPES, Augustus Nicodemus. Um Estudo sobre as Obras da Lei em Gálatas. In: PIERATT, Alan (org.). Chamados para servir: ensaios em homenagem a Russell P. Shedd. São Paulo: Vida Nova, 1994, p. 65-73.

1 Um exemplo bem próximo de um estudioso que partiu de detalhada análise exegética da Escritura para abordar a questão prática e urgente do legalismo dentro do evangelicalismo brasileiro é o Dr. Russell Shedd, em seu livro SHEDD, Russell P. Lei, graça e santificação. São Paulo: Vida Nova, 2000.

2 Essa interpretação tradicional, de certa forma, está representada no liberalismo luterano alemão. Rudolph Bultmann argumenta que Paulo fala de forma negativa sobre a lei e sobre as “obras da lei” porque ambas levam à autoconfiança e à justiça própria. Até os esforços para guardar a lei, segundo Bultmann, são pecaminosos em si mesmos. Ver BULTMANN, R. Theology of the New Testament. New York: Scribner’s, 1951, vol. 1, p. 262-267. Vários outros exegetas têm seguido Bultmann, como Käse- mann e Hubner. Veja a crítica de Thomas R. Schreiner a essa linha de pensamento em SCHREINER, Thomas R. Works of the Law in Paul. Novum Testamentum. 33:217-44, especialmente p. 238-421.

3 Krister Stendahl lançou a famosa tese de que a interpretação tradicional usa os óculos de Lutero para interpretar Paulo; ver STENDHAL, Krister. Paul among Jews and Gentiles. Augsburg: Fortress Press, 1976, p. 78-96. Para uma crítica penetrante das suas idéias, consulte SPY, John M. ‘Paul’s Robust Conscience’ Re-examined. New Testament Studies 31:161-188. Ver também KÜMMEL, Werner O. Römer 7 und das Bild des Menschen im Neuen Testament: Zwei Studien. In: Theologische Bucherei, vol. 53. Kaiser, 1974. Veja uma resenha dessa obra pelo próprio Stendhal em Sartryck 25:59-63. Kümmel questionou seriamente a interpretação tradicional de Romanos 7 como uma autobiografia de Paulo e também influenciou profundamente os estudos posteriores.

4 SANDERS, E. P. Paul and Palestinian Judaism: a comparison of patterns of religion. Augsburg/ London: Fortress Press/SCM, 1977. Veja porém um sumário das diferenças básicas entre a soteriologia judaica e o ensino de Paulo na avaliação do livro de Sanders por COOPER, Karl T. Paul and Rabbinic Soteriology. Westminster Theological Journal 44:123-39, especialmente p. 137.

5 SANDERS, E. P. Paul, the law and the Jewish people. Augsburg: Fortress, 1985, p. 18. Em português, ver SANDERS, E. P. Paulo, a lei e o povo judeu. São Paulo: Paulus, 1990. Para uma avaliação dessa obra, ver SCHREINER, Thomas R. Paul and Perfect Obedience of the Law: An Evaluation of the View of E. P. Sanders. Westminster Theological Journal, 47:245-78. Ver ainda as críticas de SILVA, Moisés. The Law and Christianity: Dunn’s New Synthesis. Westminster Theological Journal 53:339-53; SCHREINER, Works of the Law in Paul, p. 217-44; GUNDRY, R. H. Grace, Works and Staying Saved in Paul. Biblica 66:1-38.

6 Ver mais críticas do ponto de vista conservador em SILVA. The Law and Christianity: Dunn’s New Synthesis, p. 339-353; SCHREINER. Works of the Law in Paul, p. 217-44; GUNDRY. Grace, Works and Staying Saved in Paul, p.1-38.

7 DUNN, James D. G. The New Perspective on Paul. Bulletin of John Rylands Library 65:94- 122; Works of the Law and the Curse of the Law. New Testament Studies 31:523-42. Ver ainda DUNN, James D. G. (ed.). Paul and the Mosaic Law. Grand Rapids: Eerdmans, 2000; DUNN, James D. G. A teologia do apóstolo Paulo. São Paulo, Paulus, 2003.

8 Para um resumo dos avanços mais recentes ver MOO, Douglas. Paul and the Law in the Last Ten Years. Scottish Journal of Theology 40:287-307; SCHREINER, Works of the Law in Paul, p. 217- 44; BARCLAY, John M. O. Paul and the Law: Observations on some Recent Debates. Themelios 5:15; e Obeying the Truth: A Study of Paul’s Ethics in Galatians. In: RICHES, John (ed.). Studies of the New Testament and its world. London: T & T Clark, p. 1-6. Ver também o excelente trabalho de Martin McNamara sobre como a crítica evangélica tem abordado o judaísmo deste os tempos patrísticos: MAC- NAMARA, Martin. Palestinian Judaism and the New Testament. Delaware: Michael Glazier, 1983, p. 17-44.

9 Esse conceito é especialmente defendido pelo conhecido estudioso judeu do Novo Testamento H. J. Schoeps, o qual argumenta que Paulo basicamente se confundiu em sua avaliação do judaísmo de sua época. SCHOEPS, Hans-Joachim. Paul – the theology of the apostle in the light of Jewish religion history. London: Lutterworth, 1961, p. 65-77, 171-83, 213-17.

10 H. Räisänen representa essa posição. Ele acredita que a avaliação de Paulo sobre a lei é incon- sistente e contraditória. Ver RÄISÄNEN, H. Paul’s Theological Difficulties with the Law. In: Studia Bíblica III. LIVINGSTONE, E. A. (ed.). Journal of Studies for the Old Testament 1980, p. 301-320.

11 Ver a revisão da história da interpretação desse ponto até a década de 80 por BRINSMEAD, Bernard H. Galatians – Dialogical Response to Opponents. In: SBL Dissertation Series. BAND, W. (ed.), Scholars, 1982, p. 9-22.



12 Ver SCHOEPS, Paul – the theology of the apostle in the light of Jewish religion history, p. 65-77; 171-83; 213-17. Em minha opinião, esse proselitismo do partido farisaico da igreja de Jerusalém era exe- cutado sem apoio formal dos apóstolos Pedro e Tiago (ver At 15.7-20,24; 11.12-13). A declaração de Paulo de que alguns “da parte de Tiago” vieram a Antioquia (Gl 2.10-13) não é suficiente para estabelecer uma associação formal entre os judaizantes e Tiago e não tem recebido a mesma interpretação dos estudiosos.

13 DUNN, The New Perspective on Paul, p. 106.

14 Outras classificações têm sido sugeridas. Ver, por exemplo, MOO, Douglas. Law, “Works of the Law” and Legalism in Paul. Westminster Theological Journal 45:73-100. T. David Gordon afirma que o elemento unificador em todas essas ocorrências é o conceito da lei como “administração sinaítica”, que funciona como um amplo “guarda-chuva” para todos os subconceitos. Ver GORDON, T. David. A Note on paidagwgo.j in Gal. 3.24-25. New Testament Studies 35:150-54, e também GORDON, T. David. The Problem at Galatia. lnterpretation 41:32ss.

15 C. E. Cranfield sugere que Paulo usa “lei” no sentido de “legalismo”. Ver seu artigo CRANFIELD, C.E. St. Paul and the Law. Scottish Journal of Theology 17:43-68 e também FULLER, Daniel. Gospel and Law: Contrast or Continuum? The Hermeneutics of Dispensationalism and Covenant Theology. Grand Rapids: Eerdmans, 1980, p. 89-102.

16 LONGENECKER, Richard N. Galatians. In: Word Biblical Commentary. Dallas: Word Books, 1990, p. 86.

17 DUNN, Works of the law and the curse of the law, p. 536. Ver também DONALDSON, Terence. The Curse of the Law and the Inclusion of Gentiles: Gal 3:13-14. New Testament Studies 32:94-112.

18 BRASWELL, Joseph. The Blessing of Abraham Versus the Curse of the Law – Another Look at Gl 3.10-13. Westminster Theological Journal 53:73-91.

19 Este é também o pensamento de Longenecker. Ver Galatians, 116.

20 O texto hebraico reza taZhO -; hrA” Th; yrbE D. -I ta, ~yqyi -” al{ rva, ] rWra,’ “Maldito o que não confirmar as palavras desta lei”, enquanto que a LXX expandiu o sentido ao traduzir como Ἐπικατάρατος πα̂ς ἄνθρωπος, ὃς οὐκ ἐμμενει̂ ἐν πα̂σιν τοι̂ς λόγοις “Maldito todo homem que não permanecer em todas as palavras...”.

21 Para um resumo dos debates ocorridos à época do assunto, ver CAMPBELL, Douglas A. The Rhetoric of Righteousness in Romans 3.21-26. In: JSNT Supplement Series, JSOT,1992, 65:58-62. Ver também a interessante sugestão de HAYS, Richard B. The faith of Jesus Christ – an investigation of the narrative substructure of Galatians 3.1-14. In: SBl Dissertation Series Scholars, 1983, 56:142.

22 Veja The Faith of Jesus Christ, p. 147.

23 Para Hansen, o contraste em 3.1-4.11 pertence ao clímax do padrão quiástico da passagem. Ele pressupõe a sugestão de N. Dahl de que a carta aos Gálatas segue o padrão das cartas de repreensão e de solicitação, e também a tese de J. Bligh de que Gálatas é estruturada de acordo com um padrão quiástico (HANSEN, O. Walter. Abraham in Galatians – epistolary and rhetorical contexts. In: JSNT Supplement Series, JSOT, 1989, 29:17).



http://www.vidanova.com.br/teologiadet.asp?codigo=169

O presidente neopentecostal brasileiro! Quem for invalgélido dá grória!


Zé Luiz


Um texto de Vossa Majestade, Apóstolo Di Giorgio Canarinho (1)


Sim!


Eu o vi, eleito no primeiro turno, por brasileiros que agora são crentes, neopentecostais em sua maioria. Suas promessas de campanha foram irresistíveis:


- Não haverá mais impostos em solo tupiquiniquim: serão dízimos e ofertas cobrados semanalmente por diversas emissoras de TV e rádio, junto à palavra que lhes trarão, que deus mandou falar.


-O Palácio do Planalto será reconstruído, sendo uma réplica do Templo de Salomão, onde os fiéis (não eleitores) trarão ofertas, no dia do Perdão, novo feriado nacional instituído.


-O Ministério da Saúde terá o apóstolo Valdomiro Santiago, onde planeja espalhar homens de oração nos hospitais, dispensando médicos e enfermeiros. Talvez reintegrar estes como obreiros e diáconos (vai depender da denominação e linha teológica: rebeldes não serão aceitos).


- Silas Malafaia, após desentendimento com outros pastores, ficou apenas com o Ministério da Aeronáutica, enquanto seu atual desafeto, o naturalizado brasileiro Morris Cerullo, assumiu o Ministério das Finanças, com a promessa de resolver dividas com a unção financeira que tão bem ministrou sobre a fé dos brasileiros em bíblias ungidas.


- Na prevenção de terremotos e outras tragédias naturais, foram proibidas em solo nacional a celebração de qualquer outra religião que não se assemelhe a um culto evangélico, com a certeza que Deus não se irará. Tal ato, que inicialmente levantou protestos das outras crenças, foi logo sanado, quando católicos continuaram com suas novenas, agora chamadas de campanha; umbandistas e outras vertentes espíritas adaptaram-se com os rituais de descarrego e invocação de espíritos celebrados pelas madrugadas nas IURDs. Os místicos e esotéricos adaptaram suas numerologias à pregação de René Terra Nova – que permanece como chefe da Casa Civil – mantendo o misticismo em alta.


- Ainda dentro da questão, foi criado o Micanvinji, Ministério das Catástrofes Naturais Vindas de Jeová Irado, sugestão de alguns blogueiros ultra-consevadores, já que estes tem a resposta de quando e porque Jeová destrói esta ou aquela região do mundo. Normalmente estes estão ligadas ao procedimento religioso incorreto, e dentro da frase “davidiana”: “Não quero ser pego lutando contra a vontade de Deus”, foi proibido o auxílio às vítimas destes locais: “Deus assim o quis” é o lema deste Ministério. Que morram os supostos pagãos.


-Seguindo a linha do atual Governo, com excessão dos badulaques evangélicos, estão proibidos todas as expressões ou objetos de outras religiões. De forma velada – para não aborrecer os americanos, povo quase tão evangélico quanto nós – talibans deram treinamento de como explodir imagens de escultura. O Cristo Redentor foi implodido logo na posse de nosso querido presidenciável César Cervêro, rapaz jovem e sábio, detentor de todas as respostas bíblicas.


Realmente, o Brasil é agora, o paraíso. Rádios e cinemas têm músicas úngidas e de qualidade, que não perverterão nossa juventude, e com o auxílio do Ministério do Exército, debelaremos o demônio que habita no meio daqueles que discordam de nossas idéias santas.


A visão não acaba aqui, mas por hora, é muita alegria para que seus corações possam suportar. Rejubilem-se fiéis, por que o futuro nos promete grandes coisas ainda nesta terra.


Eu, Gigapóstolo "Patriarcal" Canarinho, Querubim da Catedral do Ferrazopolis, é quem assina e deixa a esperança.


Postou no Genizah, Zé Luiz




Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2010/01/o-presidente-neopentecostal-brasileiro.html#ixzz0rgWnOjWM

terça-feira, 13 de julho de 2010

O Avivamento Que Precisamos

Mais do que nunca tenho escutado sobre avivamento. Visito algumas igrejas e escuto sobre o tema. Entro em algumas livrarias e encontro materiais voltados para esse assunto. Ouço alguns cânticos espirituais e percebo o desejo por essa grande obra do Reino de Deus. Mas pergunto: será que estamos entendendo o que é avivamento?

Tenho a impressão de que muitos não entendem nada a respeito dessa obra espiritual. Por isso há muito discurso e pouca experiência. Há muita informação e pouca transformação. Há muitos livros, há muita pregação e muita música sobre avivamento, mas muitas pessoas continuam vazias, sem poder na oração, sem poder no testemunho cristão, sem poder para vencer o pecado. É triste, mas cada vez mais a igreja está parecida com o mundo.

Exagero da minha parte? Então, converse com os jovens e você perceberá que muitos deles se envergonham da virgindade, de carregar a Bíblia publicamente e de proclamar o nome de Jesus. Converse também com pessoas adultas e você descobrirá que muitos acham normal e natural a pornografia das novelas e filmes cinematográficos. Não há consciência profunda de pecado. Não há discernimento sobre a importância da santidade.

Precisamos de avivamento. Mas, que tipo de avivamento? Daquele que o Homem quer ou daquele que Deus deseja? Daquele que glorifica o "ego" ou daquele que crucifica o "eu"? Daquele que traz conforto material ou daquele que tem uma cruz? Sim, precisamos urgentemente de avivamento. Precisamos do avivamento de Deus. Precisamos do avivamento que crucifica. Precisamos do avivamento que aponta para a cruz de Cristo Jesus. Em João 1:4,5 diz: "Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens; e a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam".

O avivamento que precisamos é Cristo Jesus. Nele encontramos a vida abundante, vida com propósito, vida eterna com Deus. Em Jesus temos a vida que é luz para as nossas almas, luz para os nossos ministérios, luz para o mundo. Jesus é a resposta de Deus para os homens. Porém, quem está em trevas do pecado não consegue compreender a glória e a majestade de Jesus. E sem essa compreensão não há autêntico avivamento. Se você, portanto, deseja o avivamento que salva e transforma vidas, viva a vida de Jesus, tal como o apóstolo Paulo: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2:20). Assim, vem a luz do avivamento de Deus.

Pr. Adriano Xavier Machado
Seara, SC

O fim não é o fim... Recomece!

Por Ciro Sanches Zibordi
Colunista Convidado do Christian Post


Costumamos encarar o fim como a cessação de tudo. Essa palavrinha de três letras é capaz de nos levar ao desânimo, ao sentimento de que tudo terminou. Mas, em Cristo, todo fim enseja um recomeço.


No princípio, Deus criou o mundo e pôs nele o ser humano, e este o decepcionou. O que aconteceu? A vida no jardim do Éden perdeu o sentido. Fim? The End, como terminam os filmes de Hollywood? Não! Simplesmente, recomeço. O Criador vestiu Adão e Eva de peles e estabeleceu novas metas para a humanidade. Enfim, o que passou, passou.


O fim do primeiro período - chamado pelos teólogos dispensacionalistas de Dispensação da Inocência - deu início ao período da Consciência. E mais uma vez o homem decepcionou a Deus. Os descendentes de Sete, filho de Adão, se misturaram a mulheres pertencentes a uma linhagem ímpia, pecadora contumaz, e a Terra ficou cheia de violência e materialismo.


Veio, então, o Dilúvio. Fim? Não. Recomeço. Deus preservou Noé e sua família, para com eles estabelecer um novo pacto e um novo período, o do Governo Humano. Mais uma vez, os homens fracassaram, ao tentar construir uma cidade com uma grande torre, para glória própria, esquecendo-se de que toda a glória pertence ao Criador (Is 42.8).


O que fez Senhor, pôs fim a tudo? Não! Frustrou aquele mau intento, a fim de que houvesse um novo começo para os homens. Mas não pense que Deus estava tentando ajudar o ser humano sem saber o que aconteceria. Quando o pecado entrou no mundo, o Senhor já tinha um plano estabelecido (cf. Ap 13.8). Os fins e recomeços foram oportunidades para a humanidade se reencontrar e entender os propósitos do Criador.


Bem, o Governo Humano não deu certo, e a Torre de Babel caiu. Como diz a Palavra de Deus, “Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor é a resposta da boca” (Pv 16.1, ARC). Quando fazemos planos, e eles desmoronam, isso não significa o fim. Deus, naquela ocasião, espalhou as pessoas, para um novo começo. E veio o período Patriarcal.


O Senhor fez alianças com Abraão, Isaque e Jacó, e nasceram aqueles que formariam as doze tribos de Israel, mas o livro dos começos, o Gênesis, terminaria de modo aparentemente trágico: “E morreu José da idade de cento e dez anos; e o embalsamaram, e o puseram num caixão no Egito” (Gn 50.26).


Que ironia! O livro que começa com uma frase cheia de vida “No princípio, criou Deus os céus e a terra” termina com morte, embalsamamento e caixão, palavras que gostaríamos de riscar do vocabulário. Mas não podemos nos esquecer de que cremos no Doador da vida! E de que a morte, para os seus servos, é um recomeço, em outra dimensão, a celestial! Nem a morte pode nos separar do amor de Deus (Rm 8.38,39).


Começa, então, o período da Lei, com a saída dos filhos de Israel do Egito - liderados por Moisés -, que não eram mais uma família, mas um grande povo. Esse período duraria até a plenitude dos tempos, quando Deus enviaria seu Filho, “nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.4,5). No decurso desse período, entre os livros de Êxodo e Malaquias, houve vários fins e recomeços. E, como a humanidade não foi capaz de retomar o rumo segundo a vontade de Deus, mais um período chegou ao fim, como lemos em João 1.17: “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”


Cristo, o verdadeiro Deus encarnado (Jo 1.1,14; 1 Tm 3.16), dá início ao período da Graça. Mas somente a sua encarnação não seria suficiente. Teria Ele de passar pelas angústias humanas. O véu precisaria ser rasgado. E não estou falando do véu do Templo, partido em dois para “dizer” que o caminho para a salvação está aberto. Para isso acontecer, de fato, um outro véu teria de ser rasgado: o corpo de nosso Senhor (Hb 10.20).


Jesus nasceu e morreu. Fim? Bem, se a sua morte fosse o fim, estaríamos perdidos. Mas... Ah, como eu gosto dessa palavrinha também de três letras! Às vezes, até usamo-la de modo inconveniente, para criticar alguém: “Gosto de Fulana, mas...” Contudo, veja como ela se encaixa como uma luva em 1 Coríntios 15.17-20:  "E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo, pereceram. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem."


Glória a Deus! Se Jesus não tivesse ressuscitado, a nossa fé seria vã e estaríamos perdidos. Mas Cristo ressuscitou! Que recomeço maravilhoso e triunfante, não acha? Lembra-se das mulheres que foram visitar o corpo de Jesus, e encontraram a pedra revolvida e o túmulo vazio (Mc 16.1-4)? Que recomeço para elas, que já não tinham esperanças!


Você pode escolher, ao passar por uma decepção ou tragédia, uma das duas palavrinhas de três letras: fim ou mas. É possível que você esteja enfrentando grandes angústias agora. Há, quem sabe, muitas decepções em seu coração: a perda de um ente querido em uma tragédia, a interrupção de uma gravidez, um sonho não realizado, uma enfermidade... Bem, você tem a oportunidade de deixar para trás as frustrações e começar uma nova fase da vida com alegria e satisfação.


O fim não é um fim em si mesmo. Lembre-se de que sempre haverá um mas. Fico pensando o que seria de nós se alguns versículos terminassem antes dessa palavrinha. Imagine se Romanos 6.23 terminasse assim: “o salário do pecado é a morte”. Entretanto, há um complemento animador: “o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor”. Já pensou se não houvesse um mas em Provérbios 28.13: “O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”. Mas as misericórdias do Senhor são a causa de sermos consumidos, e elas se renovam cada manhã (Lm 3.22,23)


Sabe, vou lhe confessar uma coisa. Um dos principais problemas que tenho ao escrever é a repetição da palavrinha mas - conjunção coordenativa adversativa que expressa oposição ao que foi dito numa oração anterior. Já fui até orientado por uma profissional da língua portuguesa e vivo me policiando sobre isso.


Entretanto, neste artigo, estou me sentindo completamente à vontade para dizer quantos mas forem necessários! Afinal, temos dificuldades e aflições, mas o Senhor é o nosso Pastor! O Inimigo se levanta contra nós, mas maior é aquEle que está conosco! Os nossos corações nos condenam, mas maior é Ele do que os nossos corações!

Você pode ter enfrentado uma grande dificuldade, frustrações e decepções; mas tudo isso acabará, se você tiver esperança, e uma nova fase de vitórias terá início, pois cremos que o fim traz um grande recomeço para aqueles que depositam a sua esperança em Jesus Cristo!

O profeta Miquéias vivia dias semelhantes aos nossos (7.1-6). Contudo, havia um “porém”. Qual? A sua certeza de um recomeço em Deus estava inabalável, e ele exclamou: “Eu, porém, esperarei no Senhor; esperei no Deus da minha salvação: o meu Deus me ouvirá” (v.7).

Pessoas especiais morreram, mas Cristo está vivo e consola o seu coração. Este ano pode não estar sendo bom para você, mas guarde a sua fé e a sua esperança, pois ainda surgirão grandes oportunidades, em Deus!



http://portuguese.christianpost.com/noticias/20100608/o-fim-nao-e-o-fim-recomece/

Ciro Sanches Zibordi é pastor, escritor, articulista, palestrante em escolas bíblicas. Autor dos best-sellers “Erros que os pregadores devem evitar” e “Erros que os adoradores devem evitar”das obras, além de “Mais erros que os pregadores devem evitar”, “Evangelhos que Paulo jamais pregaria”, “Adolescentes S/A”, “Perguntas intrigantes que os jovens costumam fazer” e “Teologia Sistemática Pentecostal”.



sexta-feira, 9 de julho de 2010

PAGANISMO VERSUS CRISTIANISMO OU ACASO VERSUS PLANEJADO


Augustos Nicodemos Lopes

Será que tudo que nos acontece é por acaso?

Os acontecimentos, quer sejam bons ou maus, ocorrem acidentalmente, de maneira aleatória, sem que haja uma finalidade neles? Os que pensam assim, acham que Deus não determinou, decretou, ou planejou absolutamente nada com relação aos seres humanos, seu futuro histórico ou eterno, e muito menos os acontecimentos diários. Nada foi previsto ou determinado por Deus, inclusive os eventos naturais como terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, acidentes, quedas de aviões, enfim – nada foi previsto ou determinado por ele. Portanto, tudo é imprevisível como num jogo de futebol. Não se sabe o futuro, não se pode prever absolutamente nada quanto ao fim da história. Junto com seus seres morais, Deus constrói em parceria o futuro, que neste acaso é aberto, indeterminado e incognoscível. Inclusive para ele mesmo.



Ou, será que as coisas que nos acontecem, mesmo as menores e piores, têm um propósito, ainda que na maior parte das vezes desconhecido para nós? Os que pensam assim entendem que Deus criou o mundo conforme um plano, um propósito, um projeto, elaborado em conformidade com sua sabedoria, justiça, santidade, misericórdia e poder. Nada que acontece, mesmo as mínimas coisas, o fazem ao acaso e de forma aleatória, contingencial e casual, mas segundo este plano sábio. As decisões dos seres humanos são tomadas livremente por eles mesmos, mas, de uma forma que não compreendemos, elas acabam contribuindo para a concretização do propósito divino sem que Deus seja o autor do pecado. Tudo que ocorre, coisas boas ou ruins, estão dentro deste propósito concebido antes da fundação do mundo.



A melhor maneira de avaliarmos qual das duas é a visão correta é perguntarmos qual delas se aproxima mais da visão de Deus, do mundo e do homem que a Bíblia apresenta. Como os autores bíblicos concebiam o mundo, a história e os acontecimentos?



Ninguém que conheça a Bíblia poderá ter dúvidas quanto à resposta. Os judeus, ao contrário dos povos pagãos ao seu redor, não acreditavam em sorte, azar, acaso, acidente ou contingências. Eram os filisteus e não os israelitas que acreditavam que as coisas podiam acontecer ao acaso (veja 1Sm 6.9). Os israelitas, ao contrário dos pagãos, não acreditavam no acaso.



Para eles, Deus tinha traçado planos para os homens e as nações, e os mesmos iriam se cumprir inevitavelmente. Estes planos não poderiam ser frustrados por homem algum (Jó 42.2; Pv 19.21; Is 14.27; Is 43.13; Is 46.10b-11). Tais acontecimentos estavam tão inexoravelmente determinados que Deus dava conhecimento deles de antemão, através dos profetas. O fato de que os profetas de Israel eram capazes de predizer o futuro com exatidão era a prova de que o Deus de Israel era superior aos deuses pagãos (Is 46.9-10).



Os autores do Antigo Testamento sempre descrevem eventos que aconteceram aparentemente ao acaso como sendo o meio pelo qual Deus realizava seu propósito final. Assim, o arqueiro que atirou sua flecha “ao acaso” durante uma batalha acabou atingindo o rei de Israel e dessa forma cumpriu a profecia sobre sua morte (2Cr 18.33). A tempestade que atingiu o navio em que Jonas fugia para Társis não foi mera contingência, mas resultado da ação de Deus em levar o profeta a Nínive (Jn 1.4). O amalequita que vagueava “por acaso” nos montes de Gilboa foi o que encontrou Saul agonizante e o matou, cumprindo assim a determinação do Senhor de castigá-lo por ter consultado a pitonisa (2Sm 1.6-10; 1Cr 10.13). O encontro “casual” do profeta com um leão causou-lhe a morte e assim cumpriu a profecia contra ele (1Re 13.21-24). A visita casual que Acazias foi fazer a Jorão e o encontro fortuito com Jeú era tudo “a vontade de Deus” conforme o autor do livro das Crônicas, para que Acazias fosse morto (2Cr 22.7-9). Dezenas de outras passagens poderiam ser citadas para mostrar que na cosmovisão dos autores do Antigo Testamento nada acontecia por acaso, nem mesmo as pequenas coisas.



Até mesmo ações pecaminosas dos homens são atribuídas a Deus pelos autores do Antigo Testamento. O endurecimento do coração de Faraó para não deixar o povo de Israel sair é atribuído à Deus, que queria mostrar sua glória e seu poder sobre os deuses do Egito (Ex 7.3; 9.12). O endurecimento dos filhos de Eli para não se arrependerem do mal praticado é atribuído à Deus que os queria matar (1Sm 2.25). O endurecimento do rei Seom para não deixar Israel passar por sua terra é atribuído a Deus, que queria entregá-lo nas mãos de Israel (Dt 2.30), bem como o endurecimento de todas as nações cananitas (Js 11.20). Ao mesmo tempo, é preciso acrescentar, os israelitas não consideravam Deus como culpado do pecado humano. Ele era santo, justo, verdadeiro e não podia contemplar o mal (Hab 1.13). Todos estes mencionados acima foram responsabilizados por seus próprios pecados.



A visão de um mundo onde as coisas acontecem ao acaso, acidentalmente, sem propósito, é completamente estranha ao mundo dos israelitas conforme temos registrado na Bíblia.



Quando chegamos na pessoa de Jesus, encontramos exatamente a mesma visão de mundo, de Deus e da história, que é refletida no Antigo Testamento. Para Jesus, até mesmo coisas tão insignificantes como o número de cabelos da nossa cabeça (Mt 10.30) e a morte de pardais (Mt 10.29) estavam sob o controle da vontade de Deus. Ele era capaz de profetizar acontecimentos futuros tão triviais quanto o local onde se encontrava uma jumenta e seu jumentinho (Mt 21.2), que Pedro iria achar moedas na boca de um peixe (Mt 17.27) e que um homem estaria em determinado momento entrando na cidade com um cântaro na cabeça (Lc 22.10-12). Obviamente estas coisas não aconteceram por acaso.



Jesus se referiu à vontade de Deus e ao plano dele inúmeras vezes, como por exemplo, ao ensinar aos seus discípulos que tinha vindo ao mundo para morrer na cruz para salvar pecadores (Mt 17.22-23). As parábolas que Jesus contou sobre o futuro de Israel e sobre o dia do juízo deixavam pouca dúvida de que, para Ele, a história caminhava para um fim já traçado e determinado por Deus. No sermão escatológico Jesus predisse com exatidão a queda de Jerusalém, a fuga dos discípulos, o surgimento dos falsos profetas, as catástrofes, terremotos, secas, pestes e guerras que haveriam de suceder à raça humana e as perseguições que sobreviriam a seus discípulos antes de sua vinda (Mt 24).



Os discípulos de Jesus, os autores do Novo Testamento, tinham exatamente a mesma visão de um mundo onde nada ocorre por acaso. Tudo o que havia acontecido com Jesus, como o local do seu nascimento (Mt 2.5-6), sua ida ao Egito (Mt 2.15), sua vinda a Nazaré (Mt 2.23), seus milagres (Mt 8.16-17), sua traição (Jo 17.12), seu sofrimento e sua morte na cruz (At 3.18) – inclusive detalhes como beber vinagre (Jo 19.28-29), ter sua túnica rasgada (Jo 19.24) e seu corpo furado por uma lança (Jo 19.34-36) – tudo isto havia sido determinado por Deus em detalhes, a ponto de Deus ter revelado estes fatos cerca de seiscentos anos antes dos mesmos terem acontecido por meio dos profetas de Israel. Pensemos na probabilidade de atos, decisões e eventos acidentais, aleatórios, ao acaso, contingenciais, acontecerem de tal forma que estas coisas aconteceram exatamente como os profetas tinham dito!



Não só os fatos ocorridos com Jesus haviam sido planejados, inclusive aqueles que cercaram o nascimento da igreja cristã. A substituição de Judas (At 1.16-26), o dia de Pentecoste (At 2.14-17), a rejeição de Israel (At 13.40), a inclusão dos gentios na Igreja (At 15.15-20) – tudo aquilo havia sido determinado por Deus e previsto nas Escrituras pelos profetas. Veja a quantidade de vezes que no livro de Atos se menciona que a história de Cristo e da igreja haviam sido determinadas por Deus e anunciada pelos profetas: Atos 3.18,21-25; 10.43; 13.27,40; 18.28; 26.22.



Nas cartas que escreveram às igrejas, os autores do Novo Testamento jamais, em qualquer lugar, ensinaram os crentes que as coisas acontecem por acaso. Ao contrário, eles ensinaram os crentes que a conversão deles era resultado da vontade de Deus. Eles foram predestinados (Rm 8.29-30; Ef 1.5,11), escolhidos antes da fundação do mundo (Ef 1.4). Os crentes são ensinados a buscar a vontade de Deus, a se submeter a ela e a entender que a vontade de Deus controla a história (Rm 8.27; 12.2; Ef 6.6; Cl 4.12; 1Ts 4.3; 5.18; Hb 10.36; 1Pd 2.15). Até o sofrimento por causa do Evangelho era visto como sendo pela vontade de Deus (1Pd 3.17; 4.19). Eles foram ensinados a ver uma santa conspiração divina em tudo que acontece em favor do bem deles (Rm 8.28), a ponto de serem exortados a dar graças em tudo (1Ts 5.18). Eles são exortados a dizer sempre “se Deus quiser” farei isto ou aquilo (Tg 4.15). Paulo sempre dizia que “se for a vontade de Deus” ele iria a este ou aquele local (Rm 1.10; 15.32). Ele sempre começa suas cartas dizendo que foi chamado “pela vontade de Deus” para ser apóstolo (1Co 1.1; Ef 1.1; Cl 1.1; 2Tm 1.1).



Os cristãos são encorajados a enfrentar firmes as provações e tentações, pois Deus não permitirá que eles sejam provados além de suas forças (1Co 10.31). Eles devem sofrer com paciência em plena confiança que o Deus que está no controle de todas as coisas lhes dá a vida eterna e que ninguém poderá arrancar seus filhos de suas mãos. Eles são consolados com a certeza de que Deus haverá de cumprir todas as suas promessas, e que há um final feliz para todos os que confiam nele e crêem em Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador. Eles são exortados a permanecer firmes pois o bem haverá de triunfar sobre o mal, a justiça prevalecerá e a verdade haverá de vencer. E isto só é possível porque Deus está no controle, porque Ele conduz a história para o fim que Ele mesmo determinou, de uma maneira sábia e misteriosa, na qual os seres humanos e os anjos são responsáveis por seus atos, decidem fazer o que querem e tomam as escolhas que desejam.



À semelhança dos autores do Antigo Testamento, os escritores do Novo também atribuem a Deus o fato de que os ímpios e pecadores impenitentes se afundam cada vez mais no pecado. Paulo por três vezes em Romanos 1 declara que Deus entregou os incrédulos de sua geração à corrupção de seus próprios corações, para que eles se afundassem ainda mais no pecado e na iniqüidade (Rm 1.24,26,28). Aos tessalonicenses, ele declara que Deus manda a operação do erro para que os que rejeitam a verdade e creiam na mentira (2Ts 2.11). Igualmente, à semelhança do Antigo Testamento. O Novo responsabiliza os seres humanos por seus próprios pecados e condenação.



É evidente que não será na Bíblia que encontraremos esta visão de um mundo onde as coisas acontecem por mero acaso, onde tudo é casual e contingencial. Mas, vamos encontrá-la na mentalidade pagã, nas religiões idólatras, de deuses pequenos, impotentes, egoístas. Vamos encontrar esta visão de um mundo onde as coisas ocorrem de maneira aleatória nas idéias dos maniqueístas e gnósticos, ateus e agnósticos, especialmente os evolucionistas, que defendem que tudo surgiu e acontece como resultado de uma combinação fortuita de tempo e de acaso.



Os verdadeiros cristãos, todavia, cantam “acasos para mim não haverá”.



Se tudo acontece por acaso, que combinação inimaginável de ações livres, aleatórias e catástrofes naturais fortuitas poderão unir-se numa conspiração impessoal e totalmente ao acaso para produzir o final que Deus prometeu na Bíblia? Se Deus não é Deus, então o acaso se torna Deus e não temos qualquer garantia de que o final feliz prometido na Bíblia haverá de acontecer.



Não nos enganemos. A discussão entre acaso versus planejamento não é uma disputa teológica entre cristãos arminianos e calvinistas, pois os arminianos e os calvinistas concordam que Deus tem um plano, que ele controla a história, que não existe acaso e que Ele conhece o futuro. Ambos aceitam a Bíblia como Palavra de Deus e querem se guiar por ela. O confronto, na verdade, é entre duas visões de mundo completamente antagônicas, a visão pagã e a visão bíblica, entre as religiões pagãs e a religião bíblica. Posso não entender tudo sobre este assunto, mas prefiro mil vezes ficar ao lado dos autores da Bíblia do que ao lado de filósofos, teólogos e poetas ateus, agnósticos e racionalistas.

Fonte: Creio.com.br

http://www.creio.com.br/2008/esboco01.asp?noticia=201

terça-feira, 15 de junho de 2010

AO PASTOR ESQUECIDO


Talvez more "de favor" no quintal da casa de um filho, de um amigo, de uma ex-ovelha;

Talvez esteja sozinho, viúvo, abandonado num asilo ou numa "casa de repouso";

Talvez esteja no porão escuro e úmido do templo de uma igreja;

Talvez num barraco esquecido até da comunidade onde vive;

Talvez só receba a aposentadoria por idade que o governo paga aos que envelhecem;

Talvez nunca tenha pago uma previdência privada ou feito um plano melhor;

Talvez viva com uma cesta básica que lhe dão de quando em vez ou ofertas incertas de algum bom coração;

Talvez já tenha ido dormir com fome, com frio ou absolutamente solitário;

Talvez tenha feito um longo ministério, numa única igreja, um investimento de toda uma vida;

Talvez tenha cuidado de uma dezena de igrejas e congregações, grandes ou pequenas;

Talvez tenha sido missionário itinerante, andando à pé, de bicicleta, cavalo, barco ou carro;

Talvez tenha exercido um ministério secundário, um co-pastorado em alguma grande igreja:

Talvez não tenha uma família que lhe visite;

Talvez não tenha mais cartões de aniversário ou do Dia do Pastor;

Talvez não consiga comprar nem meio quilo de carne para o Natal;

Talvez nem uma esposa tenha mais ao seu lado;

Talvez esteja pensando que poderia ter feito outra coisa na vida, ter seguido outras profissões;

Talvez tivesse mais dinheiro, dignidade, amigos, patrimônio;

Talvez seus filhos ainda fossem presentes ou sua esposa não tivesse sofrido tanto;

Talvez fosse alguém na vida se não amasse tanto a Igreja, o púlpito, as pessoas e o pastorado;

Talvez tudo teria sido diferente se tivesse aceito aquele convite que lhe fizeram;

Talvez encontrasse a felicidade não investindo tempo integral em seu ministério;

Talvez pudesse até ter desfrutado de um plano de saúde melhor ou de uma aposentadoria mais digna;

Talvez não estivesse esquecido numa cama velha e numa casa pequenina.

Talvez haja muitos porquês a assaltar-lhe as noites, a espantar-lhe o sono;

Talvez se o tempo voltasse teria feito tudo diferente;

Talvez nem igreja pastoreasse e se sentisse mais feliz;

Talvez envelheceria com mais dignidade.

Pastores esquecidos! Pastores superados!

Pastores envelhecidos! Pastores cansados!

Pastores empobrecidos! Pastores ultrapassados!

Pastores entristecidos! Pastores injustiçados!

Tais pastores não aparecem na televisão, não são vencedores e prósperos;

São obsoletos, são cenários velhos de velhos cultos em velhos evangelhos;

São restos de um passado que as igrejas querem apagar, são seres que envergonham a classe;

São tudo o que a mídia cristã procura ignorar e fazer acreditar que não existem.

Mas existem e não são poucos!

São aqueles que queimaram como velas de duas pontas, que se excederam nos cuidados com a igreja;

Que dormiram pouco, que andaram muito, que visitaram todos, que oraram sempre!

São aqueles que ano após ano estavam em seus púlpitos, proclamando o "assim diz o Senhor!"

São os que aguentaram as crises, que venceram as divisões, que não fugiram quando os lobos uivaram;

São heróis sem nome,

são vencedores sem medalha,

são pioneiros que abriram as picadas na mata

Onde hoje fulguram orgulhosas catedrais!

Hoje são páginas amareladas, muitas vezes ignorados pelos seus próprios filhos,

Que aguardam apenas o dia de partir deste mundo injusto.

Colegas esquecidos,

Pastores sem nome,

ministros sem púlpito,

anciãos não respeitados;

Não se esqueçam, por favor,

que há colegas nobres nas fileiras, que jamais receberam recompensas neste mundo mau e ingrato.

Recebam o abraço de Paulo, o apóstolo abandonado por todos no final de sua vida;

O abraço de Pedro, talvez crucificado sozinho, de cabeça para baixo;

Ou de Heróis da Fé na História da Igreja,

que muitas vezes morreram como holocausto pelo nome do Senhor!

Ah, colegas esquecidos!

Não há galardão perdido!

Não há uma visita pastoral que ficará sem menção!

Não há uma noite em claro, gasta em prol do rebanho, que deixará de ser lembrada!

Não há uma lágrima,

uma companhia, uma esmola, uma oferta,

uma dedicação, que deixará de ser contada!

Há um Deus nos Céus!

E se a dor lhe cobre o leito, se a solidão lhe traspassa a alma,

Saiba que muito mais que isso sofreu o nosso Salvador, o Supremo Pastor;

mas Ele venceu,

E com Ele está a Coroa da Justiça,

a ser oferecida aos pastores, mesmo aos esquecidos.

Ânimo! Deus não lhes esquece!

E se Deus não esquece, por que nos entristeceremos?

É hora de lavar o rosto, como José do Egito,

ou de comer algo e reanimar, como Davi,

Ou de levantar e ir, como Abraão,

ou de confiar no Senhor para a partida.

"Lá está o meu tesouro, lá onde não há choro,

Onde todos cantaremos juntos hinos de louvor ao Senhor!*"



Feliz DIA DO PASTOR, colega esquecido!

Wagner Antonio de Araújo,
pastor.
junho, 2010

Os psíquicos e a nova onda carismática

por Mary Schultze

Muitas manifestações diferentes e esdrúxulas, antes conhecidas exclusivamente no ocultismo, estão agora inundando o mundo pentecostal carismático e infiltrando-se, sub-repticiamente, nas igrejas tradicionais, que agora se autodenominam “avivadas”. Isto pode ser atribuído a manifestações do Espírito Santo ou a outros tipos de manifestações?



Precisamos discernir entre a verdade bíblica e o erro, antes de responder esta pergunta, o que deve acontecer até o final deste artigo. Uma inteligente divisão entre a realidade e a falsidade religiosa está se tornando cada vez mais necessária e urgente na vida cristã e na frequência à igreja. De uns anos para cá, a igreja tem estado à deriva, como um navio sem rumo, no alto mar. Em muitas congregações (quando não, na maioria), a verdade bíblica tem sido tratada superficialmente, enquanto os assuntos sociais e psicológicos têm ocupado a maior atenção. Nestes tempos do fim, não podemos nos dar ao luxo de um descuido doutrinário, nem ficar ociosos no que diz respeito ao “discernimento dos espíritos”, pois existem muitos crentes que estão sendo vitimados pelo engodo carismático, hoje predominando em quase todas as igrejas evangélicas.



Alguns textos da Escritura são necessários para nos manterem firmes, nestes tempos trabalhosos. Em Mateus 24:5, lemos Jesus dizendo: "Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos".



Mesmo que alguém esteja falando tudo corretamente a respeito de Cristo, isto não deve ser uma prova de que essa pessoa esteja falando a verdade. Até mesmo os mestres, pastores, evangelistas e, principalmente, os chamados “apóstolos” e “profetas” de hoje, mesmo conseguindo provar que suas profecias de fato aconteceram, não devem nos convencer de que eles sejam aprovados por Deus, pois devemos confiar exclusivamente no que está escrito na Palavra de Deus... de preferência no Novo Testamento, pois o Velho Testamento foi escrito para os judeus, anunciando a vinda do Messias. O VT nos ajuda a identificar a maneira como Deus tratava o Seu povo. O Novo Testamento foi escrito para a igreja e nós somos a igreja. Hoje em dia, quando um “profeta” fala a verdade que está na Bíblia, sua profecia é desnecessária e quando ele transmite a mentira, trata-se de heresia. Portanto, esta classe de visionários é absolutamente desnecessária, pois a Palavra nos ensina: "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra". (2 Timóteo 2:16-17).

"À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles". (Isaías 8:20).

Psíquicos como Jeane Dixon e Edgar Cayce (muito conhecidos nos Estados Unidos) profetizaram alguns fatos que de fato aconteceram, porém suas vidas e suas crenças anularam totalmente a confiança que neles poderia ser depositada pelos cristãos bíblicos. Nenhum deles possuía Cristo ou o Espírito Santo em suas vidas.



A Escritura contém muitas admoestações a respeito do engodo que vai prevalecer nos últimos dias. O apóstolo Paulo fala claramente sobre a vinda do Anticristo, na 2 Tessalonicenses 2:9-11:



"A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira."



Anos atrás, quando eu lia a declaração de Jesus feita em Mateus 24:24, não conseguia entendê-la. Como seria possível que até mesmo os eleitos fossem enganados? Eu via como os grandes cristãos, ao lado de quem eu servia ao Senhor, eram sólidos como uma rocha. O mundo real da igreja não tolerava as falsas doutrinas nem as atividades questionáveis, que ultrapassassem a ordem e a decência nos cultos, como palmas, gritos histéricos, gingados do corpo, quedas, urros animalescos, risos descontrolados e outras manifestações que hoje aparecem em tantas igrejas.



Infelizmente, a ordem e a decência já não se encontram na maioria das igrejas e tudo que nelas acontece deve entristecer tremendamente o Espírito Santo, o qual é tão invocado e, ao mesmo tempo, tão desrespeitado nesses ambientes “avivados”. O passo inicial para a decadência espiritual de uma igreja é a adaptação aos corinhos modernos de péssima redação gramatical e teológica, os quais agradam aos fracos na doutrina e aos visitantes incrédulos. Esses corinhos são especialistas em convocar a presença do Espírito Santo e são, na maioria, antropocêntricos. Os pastores que os toleram estão dando margem à decadência espiritual dos seus ouvintes.



O Espírito Santo veio ao mundo para glorificar o Nome de Cristo e nos convencer do pecado, da justiça e do juízo. Mas os carismáticos o transformaram num “office-boy”, que eles imaginam ser obrigado a satisfazer os seus desejos carnais, enquanto o Nome do Senhor Jesus Cristo quase não é mencionado, pois agora, na teologia do vexame carismático, o Espírito (será mesmo o Santo?) é quem dá as cartas, promovendo-se (segundo eles imaginam) em vez de promover a adoração a Cristo.



As atividades psíquicas são por eles atribuídas ao Espírito Santo e tudo piorou depois do movimento conhecido como “Bênção de Toronto”, o qual desencadeou todo tipo de desordem dentro dos círculos pentecostais e/ou “avivados”.



Num livro intitulado “Some Said It Thundered”, de David Pytches, publicado em 1991 (prefaciado por John White, com posfácio de Jamie Buckingham), aprendemos que esse tipo de movimento ficou sendo crido e totalmente expressado dentro das igrejas. Vejamos algumas perguntas e respostas sobre o assunto.



“Como os profetas costumam receber suas revelações? Será através do psiquismo ou do Espírito?”



O centro psíquico de cada um de nós parece desempenhar um papel vital na área da relação com Deus. Portanto, se os ocultistas conseguem uma certa conexão com os maus espíritos, através do psiquismo, mesmo que tais revelações nem sempre sejam verdadeiras (pois eles são asseclas do pai da mentira), presume-se que as manifestações carismáticas também sejam combinadas com a falsidade, pois os crentes enganados pelos falsos mestres dificilmente são nascido de novo e, portanto, não têm uma genuína experiência com Deus.



Será que os videntes modernos não têm problema algum em classificar o processo das revelações divinas a seres humanos, mesmo depois dos cristãos terem a Bíblia como única regra de fé e pratica de vida?



Depois do Cânon da Escritura ter sido completado, não precisamos mais de profecias, sinais e maravilhas, mas de uma fé integral no que Deus nos deixou por escrito. Nosso culto deve ser racional (Romanos 12:1-2) e não na base de experiências.



O espírito humano é um canal que capta as transmissões espirituais de Deus (ou dos poderes das trevas), as quais são refletidas na tela do psiquismo, ou seja, da alma.



Nesse caso, quem pode discernir entre o que é entregue por Deus ou pelos maus espíritos, sendo que estes últimos mentem descaradamente? Não é muito mais seguro confiar na Palavra de Deus, a qual é a verdade infalível e eterna? Como os carismáticos são tolos! E como os seus líderes são espertos em matéria de extorquir dinheiro dos crédulos!



Um canal de TV pode transmitir a verdade mais bestial, pornografia, notícias de crimes hediondos... Mas também pode transmitir coisas belas, como concertos sinfônicos, peças de bons autores teatrais. A responsabilidade não é apenas dos que transmitem esses programas, mas de quem os assiste. Um cristão embasado na Bíblia não pode gostar de pornografia, de programas humorísticos e de outras coisas que lhe prejudicam a comunicação espiritual com Deus. Cristão que se deleita em programas humorísticos de baixo nível moral e cultural somente comprova sua falta de discernimento bíblico e sua falta de amor a Jesus Cristo, o Deus encarnado, crucificado e ressuscitado por amor de nós.



Walt Disney, segundo alguns autores cristãos, é uma organização dos Illuminati, encarregada de corromper as mentes infantis, apresentando desenhos com mensagens totalmente anticristãs, promovendo o homossexualismo, o adultério e outros pecados modernos.



Em cada cem filmes de Hollywood, noventa e nove pregam a falsidade religiosa, a imoralidade, o adultério, a impunidade e outras mazelas morais. Se o nosso espírito é o meio de nos comunicarmos com o Pai Celeste, conforme Jesus nos ensinou, quando poluimos nossas mentes com os pecados do mundo isto nos afasta do Pai das luzes, em quem não há variação nem sombra de mudança.



Crente, leia a Bíblia. Também leia bons autores cristãos, em vez de se plantar diante da TV para ver indecência, confraternizando-se com os ímpios. Leia o Salmo No. 1 e veja a diferença entre um cristão legítimo e um ímpio travestido de cristão!



Mary Schultze, 01/06/2010 www.maryschultze.com



(Informações colhidas no livro – “Some Said It Thundered”, de David Pytches).