terça-feira, 13 de julho de 2010

O fim não é o fim... Recomece!

Por Ciro Sanches Zibordi
Colunista Convidado do Christian Post


Costumamos encarar o fim como a cessação de tudo. Essa palavrinha de três letras é capaz de nos levar ao desânimo, ao sentimento de que tudo terminou. Mas, em Cristo, todo fim enseja um recomeço.


No princípio, Deus criou o mundo e pôs nele o ser humano, e este o decepcionou. O que aconteceu? A vida no jardim do Éden perdeu o sentido. Fim? The End, como terminam os filmes de Hollywood? Não! Simplesmente, recomeço. O Criador vestiu Adão e Eva de peles e estabeleceu novas metas para a humanidade. Enfim, o que passou, passou.


O fim do primeiro período - chamado pelos teólogos dispensacionalistas de Dispensação da Inocência - deu início ao período da Consciência. E mais uma vez o homem decepcionou a Deus. Os descendentes de Sete, filho de Adão, se misturaram a mulheres pertencentes a uma linhagem ímpia, pecadora contumaz, e a Terra ficou cheia de violência e materialismo.


Veio, então, o Dilúvio. Fim? Não. Recomeço. Deus preservou Noé e sua família, para com eles estabelecer um novo pacto e um novo período, o do Governo Humano. Mais uma vez, os homens fracassaram, ao tentar construir uma cidade com uma grande torre, para glória própria, esquecendo-se de que toda a glória pertence ao Criador (Is 42.8).


O que fez Senhor, pôs fim a tudo? Não! Frustrou aquele mau intento, a fim de que houvesse um novo começo para os homens. Mas não pense que Deus estava tentando ajudar o ser humano sem saber o que aconteceria. Quando o pecado entrou no mundo, o Senhor já tinha um plano estabelecido (cf. Ap 13.8). Os fins e recomeços foram oportunidades para a humanidade se reencontrar e entender os propósitos do Criador.


Bem, o Governo Humano não deu certo, e a Torre de Babel caiu. Como diz a Palavra de Deus, “Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor é a resposta da boca” (Pv 16.1, ARC). Quando fazemos planos, e eles desmoronam, isso não significa o fim. Deus, naquela ocasião, espalhou as pessoas, para um novo começo. E veio o período Patriarcal.


O Senhor fez alianças com Abraão, Isaque e Jacó, e nasceram aqueles que formariam as doze tribos de Israel, mas o livro dos começos, o Gênesis, terminaria de modo aparentemente trágico: “E morreu José da idade de cento e dez anos; e o embalsamaram, e o puseram num caixão no Egito” (Gn 50.26).


Que ironia! O livro que começa com uma frase cheia de vida “No princípio, criou Deus os céus e a terra” termina com morte, embalsamamento e caixão, palavras que gostaríamos de riscar do vocabulário. Mas não podemos nos esquecer de que cremos no Doador da vida! E de que a morte, para os seus servos, é um recomeço, em outra dimensão, a celestial! Nem a morte pode nos separar do amor de Deus (Rm 8.38,39).


Começa, então, o período da Lei, com a saída dos filhos de Israel do Egito - liderados por Moisés -, que não eram mais uma família, mas um grande povo. Esse período duraria até a plenitude dos tempos, quando Deus enviaria seu Filho, “nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.4,5). No decurso desse período, entre os livros de Êxodo e Malaquias, houve vários fins e recomeços. E, como a humanidade não foi capaz de retomar o rumo segundo a vontade de Deus, mais um período chegou ao fim, como lemos em João 1.17: “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”


Cristo, o verdadeiro Deus encarnado (Jo 1.1,14; 1 Tm 3.16), dá início ao período da Graça. Mas somente a sua encarnação não seria suficiente. Teria Ele de passar pelas angústias humanas. O véu precisaria ser rasgado. E não estou falando do véu do Templo, partido em dois para “dizer” que o caminho para a salvação está aberto. Para isso acontecer, de fato, um outro véu teria de ser rasgado: o corpo de nosso Senhor (Hb 10.20).


Jesus nasceu e morreu. Fim? Bem, se a sua morte fosse o fim, estaríamos perdidos. Mas... Ah, como eu gosto dessa palavrinha também de três letras! Às vezes, até usamo-la de modo inconveniente, para criticar alguém: “Gosto de Fulana, mas...” Contudo, veja como ela se encaixa como uma luva em 1 Coríntios 15.17-20:  "E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo, pereceram. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem."


Glória a Deus! Se Jesus não tivesse ressuscitado, a nossa fé seria vã e estaríamos perdidos. Mas Cristo ressuscitou! Que recomeço maravilhoso e triunfante, não acha? Lembra-se das mulheres que foram visitar o corpo de Jesus, e encontraram a pedra revolvida e o túmulo vazio (Mc 16.1-4)? Que recomeço para elas, que já não tinham esperanças!


Você pode escolher, ao passar por uma decepção ou tragédia, uma das duas palavrinhas de três letras: fim ou mas. É possível que você esteja enfrentando grandes angústias agora. Há, quem sabe, muitas decepções em seu coração: a perda de um ente querido em uma tragédia, a interrupção de uma gravidez, um sonho não realizado, uma enfermidade... Bem, você tem a oportunidade de deixar para trás as frustrações e começar uma nova fase da vida com alegria e satisfação.


O fim não é um fim em si mesmo. Lembre-se de que sempre haverá um mas. Fico pensando o que seria de nós se alguns versículos terminassem antes dessa palavrinha. Imagine se Romanos 6.23 terminasse assim: “o salário do pecado é a morte”. Entretanto, há um complemento animador: “o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor”. Já pensou se não houvesse um mas em Provérbios 28.13: “O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”. Mas as misericórdias do Senhor são a causa de sermos consumidos, e elas se renovam cada manhã (Lm 3.22,23)


Sabe, vou lhe confessar uma coisa. Um dos principais problemas que tenho ao escrever é a repetição da palavrinha mas - conjunção coordenativa adversativa que expressa oposição ao que foi dito numa oração anterior. Já fui até orientado por uma profissional da língua portuguesa e vivo me policiando sobre isso.


Entretanto, neste artigo, estou me sentindo completamente à vontade para dizer quantos mas forem necessários! Afinal, temos dificuldades e aflições, mas o Senhor é o nosso Pastor! O Inimigo se levanta contra nós, mas maior é aquEle que está conosco! Os nossos corações nos condenam, mas maior é Ele do que os nossos corações!

Você pode ter enfrentado uma grande dificuldade, frustrações e decepções; mas tudo isso acabará, se você tiver esperança, e uma nova fase de vitórias terá início, pois cremos que o fim traz um grande recomeço para aqueles que depositam a sua esperança em Jesus Cristo!

O profeta Miquéias vivia dias semelhantes aos nossos (7.1-6). Contudo, havia um “porém”. Qual? A sua certeza de um recomeço em Deus estava inabalável, e ele exclamou: “Eu, porém, esperarei no Senhor; esperei no Deus da minha salvação: o meu Deus me ouvirá” (v.7).

Pessoas especiais morreram, mas Cristo está vivo e consola o seu coração. Este ano pode não estar sendo bom para você, mas guarde a sua fé e a sua esperança, pois ainda surgirão grandes oportunidades, em Deus!



http://portuguese.christianpost.com/noticias/20100608/o-fim-nao-e-o-fim-recomece/

Ciro Sanches Zibordi é pastor, escritor, articulista, palestrante em escolas bíblicas. Autor dos best-sellers “Erros que os pregadores devem evitar” e “Erros que os adoradores devem evitar”das obras, além de “Mais erros que os pregadores devem evitar”, “Evangelhos que Paulo jamais pregaria”, “Adolescentes S/A”, “Perguntas intrigantes que os jovens costumam fazer” e “Teologia Sistemática Pentecostal”.